Haroldo Conti, escritor argentino que teve sua produção literária interrompida pela ditadura militar

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Haroldo Conti (Chacabuco, Buenos Aires, 25 de maio de 1925 – 1976), escritor argentino que teve sua produção literária interrompida quando foi sequestrado no começo da ditadura militar argentina, redator da revista Crisis e detentor de vários prêmios internacionais, entre eles o “Barral”, da Espanha, e o “Casa de las Américas”, de Cuba. Conti foi sequestrado dia 5 de maio de 1976, levado por seis indivíduos não identificados, que invadiram sua casa e o espancaram, em Buenos Aires.
(Fonte: Veja, 12 de maio de 1976 – Edição n° 401 – DATAS – Pág; 77)

Haroldo Pedro Conti (1925-1976?) nasceu na cidade de Chacabuco, na província de Buenos Aires. Colaborador da revista Crisis, professor de latim, roteirista e premiado em 1975 pela revista Casa de las Américas, Conti teve sua produção literária interrompida quando foi sequestrado no começo da ditadura militar argentina. Ainda hoje figura na lista de desaparecidos políticos. Devido a este histórico, é comum a fortuna crítica realizar uma leitura da obra de Conti enfatizando mais o viés político e menos o estético. A este desequilíbrio soma-se outro:

Conti ainda é um escritor pouco estudado. À guisa de exemplo, o volume de contos completos de Haroldo Conti foi lançado pela primeira vez apenas em 1994, ou seja, depois de quase vinte anos do término da ditadura militar argentina. No Brasil, Conti é ainda mais desconhecido: somente um romance – Mascaró, El cazador americano – foi traduzido ao português. Na tentativa de expandir as leituras da obra de Haroldo Conti, o objetivo é analisar comparativamente os contos do escritor argentino com contos brasileiros.

Para tanto, privilegiou-se, além da cronologia – contos brasileiros pertencentes ao mesmo período em que Conti escreveu sua obra contística, entre os anos de 1960 e 1970 –, o aspecto geral da trama, comum a todas as narrativas analisadas: o amor dos protagonistas ou narradores por outrem – um pai, um tio ou um irmão – e o desejo de, na recordação, criar um vínculo com este outro e realizar a constituição de si enquanto sujeito.

As narrativas brasileiras que compuseram a análise – “A terceira margem do rio” (Guimarães Rosa), “As voltas do filho pródigo” (Autran Dourado) e “Frio” (João Antônio) – permitiram uma maior compreensão daquilo que move as personagens contianas e como estas constroem o “esforço por existir”. Para realizar esta “descoberta de si”, elas precisam aprender a enxergar, a partir do outro, a presença de um mundo antes não sensível aos olhos.

Através das “pequenas percepções” que se instalam gradualmente nestas personagens, elas tentam recuperar não apenas o espaço-tempo que ficou para trás, senão o encontro com o outro: um encontro que não se deu em vida e que tem, através da memória, a última chance de ocorrência.
(Fonte: www.bibliotecadigital.unicamp.br – Campinas, SP – Miriam Viviana Gárate – 15-10-2010)

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