Guilherme Alpoim Calvão, comandante operacional que comandou a operação Mar Verde

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Foi o militar que comandou “operação Mar Verde” durante a guerra colonial na Guiné. 

Guilherme Alpoim Calvão (Chaves, 6 de janeiro de 1937 – 30 de setembro de 2014), capitão de mar e guerra, foi comandante militar operacional que comandou a operação Mar Verde, a invasão da Guiné-Conacri no final de 1970. Ingressou na Escola do Exército em 1953 e fez o curso de Marinha da Escola Naval entre 1954 a 1957. 

Natural de Chaves, viveu em Moçambique até aos 16 anos, estudou na Escola Naval e combateu na guerra colonial em África. Em 1963, foi nomeado comandante do 8ª destacamento de fuzileiros navais na Guiné. Depois do 25 de abril, colaborou na contra-revolução, acabou por sair de Lisboa rumo ao Brasil, como tantos outros opositores da revolução.

Alpoim Calvão foi o comandante da “operação Mar Verde” na Guiné, em 1970, durante a guerra colonial, e um dos militares com mais condecorações das Forças Armadas, incluindo a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a do Comportamento Exemplar (a última, atribuída em 2010) e duas cruzes de guerra, entre outras.

A “operação Mar Verde” foi uma polémica operação da Guiné Conacri. Teve lugar em novembro de 1971 e destinava-se a resgatar prisioneiros de guerra portugueses, destruir armamento do PAIGC e eliminar o Presidente Sékou Touré. Foram salvos 26 prisioneiros, libertados presos políticos do regime, mas provocou 400 baixas do lado da Guiné. Os militares portugueses não conseguiram destruir todo o armamento, como os aviões MIG nem encontrar Touré.

 

Voltou pela primeira vez a Portugal, em 1978, clandestinamente. Depois, foi administrador da Fábrica de Explosivos da Trafaria. Vivia atualmente entre Cascais e a Guiné, onde tinha uma fábrica de transformação de caju. Fundou na Guiné a Liga de Combatentes das Forças Armadas Especiais Portuguesas na Guiné-Bissau.

Com um extenso currículo de louvores e condecorações – a última das quais a medalha de Comportamento Exemplar do Corpo de Fuzileiros, recebida há quatro anos nas cerimónias do Dia do Fuzileiro – Alpoim Calvão é também conhecido por ter sido expulso das Forças Armadas em 1975, na sequência da sua participação no golpe de Estado de 11 de Março.

Alpoim Calvão chegou à Guiné no final de 1963 com os fuzileiros onde participa em diversas operações. De regresso a Lisboa, em 1965, entra na Escola de Fuzileiros onde chega a director de instrução. Ali se mantém até 1969, quando entra em conflito com o ministro da Marinha e deixa o cargo para regressar em comissão à Guiné.

A operação Mar Verde, que teve em Alpoim o principal arquitecto, previa um ataque a Conacri para libertar cerca de três dezenas de prisioneiros de guerra portugueses nas mãos do PAIGC – como o sargento piloto António Lobato que esteve preso vários anos – destruir equipamento do movimento independentista e liquidar o Presidente Sékou Touré. Só os dois primeiros foram conseguidos – ainda que o segundo não totalmente.

Alpoim Calvão passou depois pelos comandos da Divisão de Operações Navais do Continente e da Polícia Marítima.

Em 1974, convidado por Pinheiro de Azevedo, recusou participar no golpe de Estado de Abril. Era contra a solução defendida para a questão além-mar, a descolonização.

Com a mudança de regime, Alpoim Calvão foi exonerado da Polícia Marítima, passa para o sector privado, e a sua vida sofreu também uma reviravolta. No ano seguinte é associado ao golpe de 11 de Março e é expulso, por decreto, das Forças Armadas poucos dias depois, passando à condição de fugitivo.

É dessa altura a sua associação ao movimento de acção anti-comunista MDLP – Movimento Democrático de Libertação de Portugal, fundado por António de Spínola, e que estaria na génese de diversos atentados bombistas durante os anos de 1975 e 1976.

Nos anos seguintes anda pela Europa e Brasil. Ao seu nome são associados negócios de gado, soja e café no Brasil, de pólvora, munições e armamento em Portugal, de frutos secos e arte na Guiné.

Apesar de uma preenchida vida militar, Alpoim Calvão encontrou tempo para cultivar gostos pessoais como a aviação – tirou o curso de piloto -, o mergulho, a ópera – teve aulas de canto e participou em recitais até no São Carlos -, e o desporto – foi presidente da Federação Portuguesa de Remo e da Comissão Central de Árbitros.

 

Alpoim Calvão faleceu em 30 de setembro de 2014, aos 77 anos, no Hospital de Cascais e sofria de doença prolongada.

 

(Fonte: http://www.publico.pt/politica/noticia -1671345 –  – 30/09/2014)

(Fonte: http://observador.pt/2014/09/30 – POLÍTICA – FORÇAS ARMADAS – 30/09/14)

 

 

 

 

 

 

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