Gregori Warchavchik, um dos principais nomes da primeira geração de arquitetos modernistas do Brasil

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Projetou a primeira casa moderna no Brasil

Gregori I. Warchavchik (Odessa, 2 de abril de 1896 – São Paulo, 27 de julho de 1972), arquiteto russo que projetou a primeira casa moderna no Brasil. Foi um dos principais nomes da primeira geração de arquitetos modernistas do Brasil.

Quando Le Corbusier chegou ao Rio de Janeiro em 1936, para uma série de conferências (viagem da qual nasceria o prédio do Ministério da Educação na Esplanada do Castelo), a arquitetura moderna já existia havia oito anos no Brasil.

Seu introdutor foi Warchavchik, formado em sua cidade natal de Odessa (2 de abril de 1896), pós-graduado em Roma e emigrado em 1923 para o Brasil e naturalizado brasileiro. Ao chegar, Warchavchik encontrou uma arquitetura antiquada, que ignorava até as lições do estilo “art-nouveau”, em moda na Europa nos últimos dez anos.

A Semana de Arte Moderna de 1922, por sua vez, pouco fizera pela arquitetura. Seu único saldo foi um discitível estilo “neocolonial”, que apenas “abastardou a sóbria dignidade dos casarões de antanho”, nas palavras de Manuel Bandeira.

Warchavchik tinha uma formação utilitária e racional, e foi essa visão de arquitetura que ele transplantou para cá. Seu primeiro projeto – e o primeiro projeto moderno de que se tem notícia no Brasil – foi sua própria casa, na rua Santa Cruz, em São Paulo. Realizada entre 1927 e 1928, a construção causou escândalo e infringiu as normas municípais da época. A desculpa encontrada para a ausência de ornamentos que constavam da planta original – propositadamente enfeitada – era a de que “o dinheiro do proprietário acabou”. Dois anos depois, Warchavchik aumentou o escânadlo, com uma “casa modernista” na rua Itápolis (também em São Paulo), aberta à visitação pública. O mais importante do projeto é que ele não se limitava a uma planta e uma fachada: mais que isso, propunha todo um novo modo de morar.

A mobília foi também desenhada por Warchavchik, e a decoração utilizava obras de arte contemporânea, adequadas ao conjunto. Nessa tentativa de “projeto global”, Warchavchik dava prova de sua atualidade, sugerindo a mesma integração entre arquitetura, artes maiores e artes menores que a escola alemã da Bauhaus procurava.

Até a morte, Warchavchik foi um arquiteto criador e atuante. Em 1971, pesquisava a possível casa do futuro – inteiramente desmontável, para ser jogada fora depois de três ou quatro anos de uso. “Nada melhor do que conseguirmos construir casas desmontáveis e econômicas, feitas nos mesmos moldes industriais do automóvel. A gente mudaria de casa, dependendo das necessidades ou do gosto, como se troca de carro hoje em dia. A casa do futuro nada mais será que uma máquina de morar”. Warchavchik morreu no dia 27 de julho de 1972, aos 76 anos, de trombose cerebral, enquanto dormia, em São Paulo.

(Fonte: Veja, 2 de agosto, 1972 – Edição n.° 204 – DATAS – Pág; 38 e 40)

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