Geórgiy Malenkov, principal colaborador do líder soviético Josef Stálin.

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Geórgiy Maximilianovich Malenkov (Oremburgo, 8 de janeiro de 1902 — Moscou, 14 de janeiro de 1988), principal colaborador do líder soviético Josef Stálin, que, após sua morte, em 1953, ocupou por dois anos o cargo de primeiro-ministro do país. “Um homem maligno e miserável, que levou uma vida maligna e miserável.” Foi assim que o historiador dissidente Roy Medvedev classificou, em um de seus livros, George Malenkov, o ex-braço direito do ditador Josef Stálin e um de seus principais colaboradores no expurgo de milhões de pessoas a partir da década de 30.

O historiador bem que poderia acrescentar um adjetivo a Malenkov: esquecido. Pois foi nesta condição, após três décadas de absoluto ostracismo, que Malenkov morreu, solitário e longe do poder. O governo soviético, que anunciou sua morte, nem sequer deu mais detalhes. Depois de acumular poder suficiente para tentar se impor como o sucessor de Stálin e ocupar o posto de primeiro-ministro entre 1953 e 1955, a estrela de Malenkov foi-se apagando rapidamente até acabar expulso do Partido Comunista por Nikita Kruchev.

A ascensão política de Malenkov se deu no período mais negro da História soviética. Com apenas 23 anos, ele já fazia parte do Comitê Central do Partido Comunista, de onde foi convocado para ocupar o posto de secretário particular de Stálin. A partir daí, cresceu à sombra do ditador. No início dos anos 30, Malenkov passou a comandar os “grupos de operação”, encarregados de varrer dos ministérios e do partido os suspeitos de oposição a Stálin. Foi a época do grande terror de perseguições e torturas na União Soviética, quando milhões de pessoas foram sumariamente executadas ou transferidas para regiões remotas do país. Ao final da II Grande Guerra Mundial, Malenkov já era considerado o terceiro homem do partido – atrás apenas de Stálin e do ministro das Relações Exteriores, Viatcheslav Molotov.

DEZ DIAS DE PODER – Nascido na região dos Urais, Malenkov era um homem frio e calculista. Com sua silhueta pesada, certa vez mereceu de um diplomata americano o seguinte rótulo: “A melhor propaganda anticomunista que conheço”. Sua habilidade política, no entanto, foi decisiva para afastar adversários como Molotov e Lavrenti Beria, o tenebroso chefe da polícia secreta, ambos candidatos à sucessão de Stálin. Com a morte do ditador, em março de 1953, Malenkov viu chegar a grande chance. Ele apareceu como detentor de todos os títulos até então ostentados pelo ditador: chefe do governo e do partido. Mas a ilusão de poder absoluto durou apenas dez dias. Malenkov logo foi obrigado a entregar a seu cunhado, Nikita Kruchev, o comando do partido, embora continuasse como primeiro-ministro.

À frente do governo, ele tentou desviar-se da ortodoxia stalinista com medidas populares, como a expansão da indústria de bens de consumo. A luta de bastidores com Kruchev, no entanto, prosseguia. Finalmente, após uma longa campanha, Malenkov passou pela humilhação de apresentar a sua renúncia em fevereiro de 1955, confessando publicamente sua incompetência. Dois anos depois, ainda ensaiou uma volta por cima contra Kruchev. Mas o líder do partido era mais forte. Expulso do PCUS, ele acabou na direção de uma usina hidroelétrica no distante Casaquistão. Segundo uma notícia nunca confirmada, no fim da vida o ex-delfim de Stálin converteu-se ao cristianismo, incorporando-se à Igreja Ortodoxa.

Georgi Malenkov faleceu dia 14 de janeiro, 1988, aos 85 anos, solitário e longe do poder, em Moscou.

(Fonte: Veja, 10 de fevereiro, 1988 – Edição 1014 – DATAS – Pág; 67- MEMÓRIA/Pág; 36)

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