Gastão Cruls, contista, romancista e historiador, autor de A Amazônia Misteriosa.

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Cruls: mais cientista que escritor

Gastão Cruls (Rio de Janeiro, 4 de maio de 1888 – Rio de Janeiro, 7 de junho de 1959), médico, contista, romancista e historiador, autor de “A Amazônia Misteriosa”, publicado pela primeira vez em 1925, é um ingênuo romance de aventuras sobre as peripécias de dois exploradores que, perdidos na floresta, acabam por descobrir o “reino das pedras verdes”, onde um médico alemão desenvolve experiências diabólicas.

Muitas vezes mais cientista que escritor (Cruls formou-se em medicina e é o autor de uma obra – “Hiléia Amazônica” – de caráter puramente técnico), ele é bastante didático quando fala da selva equatoriana ou da origem misteriosa dos muiraquitãs – os amuletos de jade que os índios usavam ao pescoço.

Toques de alvorada – Apesar da riqueza de informações contidas em “A Amazônia Misteriosa”, porém, o autor só iria conhecer o extenso norte do país anos mais tarde. Em 1928, ao participar de uma expedição comandada pelo marechal Cândido Rondon, Cruls subiu o rio Trombetas até a serra do Tumucumaque.

Dessa experiência resultou “A Amazônia que Eu Vi”, diário que revela seu desencanto ao constatar que os índios brasileiros não eram tão esbeltos e altaneiros como descrevera. Mesmo assim, o contato que veio a manter com a realidade não chegou a impedir que uma aura de idealismo acompanhasse todo o seu relato.

Cruls mostra que uma viagem pela Amazônia, na época, era uma grande aventura. Os contratempos surgiram logo no início da jornada, quando os homens que serviam aos expedicionários desapareceram como por encanto.

“Soubemos depois”, relata, “que à nossa chegada espalhara-se o pânico entre eles, que acreditaram que o general (Rondon) vinha fazer guerra a certo povo “de cima” e os iria recrutar a todos. É de presumir que para essa súbita debandada não pouco tenham concorrido nossos pacíficos toques de alvorada, rancho e silêncio.”

(Fonte: Veja, 17 de outubro de 1973 – Edição 267 – LITERATURA/ Por Benício Medeiros – Pág: 102)

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