Fritz Pinkuss, uma das figuras mais importantes do judaísmo brasileiro.

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Fritz Pinkuss (Egeln, Alemanha, 13 de maio de 1905 – São Paulo, 22 de fevereiro de 1994), rabino e fundador da Congregação Israelita Paulista, uma das figuras mais importantes do judaísmo brasileiro.

Fritz Pinkuss nasceu em maio de 1905, em Egeln na Alemanha, mais tarde naturalizou-se brasileiro, Pinkuss também foi co-fundador da Fraternidade Cristã-Judaica, que colaborou para a aproximação entre Israel e o Vaticano.

Em 1934 o rabino Fritz Pinkuss casou-se com Lotte. Pinkuss faleceu dia 22 de fevereiro de 1994, aos 89 anos, de insuficiência respiratória, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 2 de março de 1994 – Edição n° 1 329 – DATAS – Pág; 77)

Pinkuss, Fritz

Rabino

Egeln, Alemanha, 13/5/1905 – 1994

Filho de Frida Pinkuss e Simon Pinkuss, Fritz Pinkuss formou-se no colégio de Magdeburg. Aos 18 anos, trabalhou no setor de câmbio do Deutsche Bank. Frequentou simultaneamente o Seminário Rabínico de Breslau e a Universidade de Breslau. Na Universidade de Breslau, inscreveu-se na Faculdade de Filosofia onde cursou Psicologia, Pedagogia e Línguas Orientais, doutorando-se em Filosofia. Ainda frequentou a Universidade de Würzburg. Foi então para Berlim onde se formou rabino pelo Seminário Rabínico de Breslau de orientação conservadora e também pela Academia para as Ciências do Judaísmo de Berlim, de orientação liberal.

Entre 1930 e 1936 trabalhou na Sinagoga da Cidade Velha de Heidelberg (Alemanha). Naquele período, principalmente nos três últimos anos, que envolveu o boicote a todos os estabelecimentos judaicos em 1º de abril, Pinkuss recebeu em seu apartamento e ajudou judeus e inimigos do regime a emigrarem falsificando documentos e utilizando os fundos das fundações judaicas. Em 1934 o rabino Fritz Pinkuss casou-se com Lote Sternfels. A partir de 1933 passou a fazer viagens objetivando estabelecer contatos e manter correspondência internacional tendo em vista a situação que ia se agravando em relação aos judeus e outros inimigos do regime, ao mesmo tempo em que continuava as tarefas do cotidiano em Heidelberg, organizando cursos, preparando jovens para a emigração, ensinando-lhes línguas, história e matemática, entre outras atividades. Em 1936 emigrou para o Brasil, radicando-se em São Paulo Ao chegar, foi procurado por pequenas comunidades e passou a ofereceu orientação judaico-religiosa a judeus alemães refugiados que começavam a se organizar na América do Sul, tornando-se rabino-correspondente de Asunción, no Paraguai. Com o objetivo de construir no Brasil uma filosofia religiosa própria segundo os princípios do que havia sido o judaísmo liberal alemão, Fritz Pinkuss propôs atuar junto à comunidade local, iniciando suas atividade na SIP (Sociedade Israelita Paulista), uma precursora da CIP (Congregação Israleita Paulista) criada em 1936, que reuniu aqueles objetivos através da iniciativa do Dr. Luiz Lorch de criar um lugar que congregasse judeus no contexto brasileiro, reunindo pessoas vindas de diferentes comunidades no mundo inteiro, de diferentes ritos. Pinkuss atuou como rabino do setor liberal ,tornando-se o rabino da congregação, na prática, com o enfraquecimento do setor ortodoxo. Fritz Pinkuss participou ativamente da fundação da Congregação Israelita Paulista (CIP) em 1936 onde atuou como rabino daquele ano até 1955. A CIP teve apoio financeiro do American Jewish Joint Distribution Committee (Joint) conseguido graças aos esforços do casal Luiz e Luisa Lorch. Pinkuss tornou-se membro da Central Conference of American Rabbis e fez parte do World Union for Progressive Judaism. Com o final da guerra em 1945 e as mudanças daí decorrentes em relação ao significado de judaísmo e povo judeu, uma nova concepção congregacional se desenvolveu, de modo a unir as diferenças através de entidades. Dentro desta idéia foi criado o World Jewish Congress, uma espécie de porta voz do povo judeu. No Brasil surgiram Federações como a Federação Israelita do Estado de São Paulo onde Pinkuss participou da criação de um rabinato liberal e de um ortodoxo. A CIP foi se consolidando através da assistência social de papel fundamental para a radicação dos recém-chegados. O Lar das Crianças, onde estas permaneciam e eram educadas enquanto seus pais iam trabalhar foi criado nesse contexto. Os esforços concentrados em torno das vítimas sobrevieventes de guerra também foi um dos trabalhos desenvolvidos através da Congregação. Também a Sinagoga e os serviços religiosos. Foi titular da cadeira de Hebraico do Departamento de Linguística e Estudos Orientais , tendo proferido a aula inaugural do Departamento de Letras Orientais e da cadeira de estudos hebraicos em 28 de março de 1946. Lecionou na Universidade de São Paulo de 1945 a 1975 como titular da cadeira de hebraico do Departamento de linguistica e Estudos Orientais. Foi nomeado Professor Emérito da Faculdade Renascença. Recebeu os títulos de Doutor em Divindade, Honoris Causa, pelo Hebrew Union College, de Cincinnati, Estados Unidos e Honorary Fellow, na Universidade Hebraica de Jerusalém e co-fundador e diretor do Centro de Estudos Judaicos (CEJ) da Universidade de São Paulo (USP). Fritz Pinkuss atuou na CIP até 1955, tornando-se rabino-mor desta instituição até sua aposentadoria em 10 de março de 1987, quando passou a rabino-mor emérito.
(Fonte: http://casastefanzweig.org.br – CANTO DOS EXILADOS)

Pluralismo
O pluralismo religioso da Congregação Israelita Paulista parece ser uma vocação, marcada desde o início da sua história.
Nos anos 1930, dos cerca de 40 mil judeus alemães que chegaram ao Brasil, refugiados da Alemanha nazista, cerca de 20 mil escolheu viver em São Paulo, em boa parte um grupo de pessoas instruídas, de rica bagagem intelectual e judaica, em boa parte profissionais liberais e homens de negócios das classes média e alta alemãs. Entre eles estava o rabino Fritz Pinkuss, de abençoada memória. Pinkuss, que antes era rabino de Heidelberg, esta disposto a reorganizar a sua vida religiosa e a de tantos imigrantes em terras brasileiras.

Segundo o artigo “Mulheres judias que marcaram época (Rachel Mizrahi, Revista Morashá, setembro de 2004), naquela época a comunidade judaica contava com serviços beneficentes de famílias que por aqui aportaram nas décadas anteriores. Entre elas destaca-se a figura de Céline (Ort) Levy, de origem ashkenazi, porém pertencente à comunidade sefaradi por parte de seu marido, Sylvain Levy.

Céline, que além do francês, entendia o alemão, encarregou-se de recepcionar imigrantes asquenazis que chegavam da Alemanha nazista,a partir dos anos 30. Foi ela quem providenciou o salão da antiga Sinagoga da Abolição para os primeiros serviços religiosos. Sem se preocupar com as origens culturais ou diferenças filosóficas dos imigrantes, Céline trabalhou para aproximar os rabinos Fritz Pinkuss, de tradição liberal, e Jacob Mazaltov, então responsável pela condução religiosa da Sinagoga Israelita Brasileira do Rito Português. Mais adiante, em 1936, o rabino Fritz Pinkuss constituiu a Congregação Israelita Paulista, apoiado por algumas famílias ashkenazis — como os Teperman, os Mindlin, os Lafer, os Grinberg e os Klabin, entre outras.

Ao longo destes mais de 70 anos de existência, com uma visão ampla de mundo e pluralista de judaísmo, a CIP cresceu e se tornou a maior congregação judaica da América Latina. Ao lado e depois do rabino Pinkuss zl, a CIP, que já teve em sua época um importante núcleo ortodoxo, contou também com rabinos de formação ortodoxa, conservadora e reformista, que muito contribuíram e contribuem para a formação da identidade da congregação.

Nas palavras do rabino Henry Sobel, rabino da CIP de 1970 a 2007 e que marcou época na história da congregação, “não há palavras que expressem adequadamente nossa gratidão aos fundadores da Congregação Israelita Paulista. Seu exemplo de coragem, esperança e fé nos inspira até hoje, e certamente continuará inspirando as futuras gerações da CIP… nós, os sucessores, estamos decididos a preservar, consolidar e levar adiante a obra que nos foi legada. Temos como diretriz a célebre frase do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard: A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para frente. Assim o é com a vida da nossa Congregação.” (Revista CIP – 65 Anos, março de 2002).
(Fonte: http://www.cip.org.br/quem-somos/judaismo-liberal/pluralismo)

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