Frederic Remington, o mais popular dos escultores americanos

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Remington: “Pinto o que vale a pena”

Amon Carter Museum

Amon Carter Museum

Frederic Remington (Nova York, 4 de outubro de 1861 – Ridgefield, Connecticut, 26 de dezembro de 1909), o mais popular dos escultores americanos

Remington, cujas obras (ou reproduções grotescas) podem ser encontradas quer no Salão Oval da Casa Branca, quer nas lojas de bigigangas da Quinta Avenida, cuidou tanto de sua imagem pública quanto de suas obras, fez questão de se confundir com a mitologia americana, foi gloriosamente popular em vida, produziu muito e deixou pouco.

“O índio está civilizado, o cowboy está acabando”, dise o presidente Theodore Roosevelt no início do século  20, “mas o trabalho de um homem vai preservá-los para sempre em quadros e em bronze: Remington.”

FALSO VAQUEIRO – Para quem gosta de quadros ou esculturas do tipo cowboy, Remington é uma experiência emocionante. Ele vivia acompanhado pela fama de cavalgar junto com os cowboys e testemunhar as batalhas contra os índios. Tudo mentira. Remington nunca passou mais de dois meses no Oeste, morava a 1 hora de trem da Quinta Avenida e nunca ouviu um grito de índio ou tiro de soldado. 

Seus cavalos parecem verdadeiros, e chegou-se a pensar que ele dispunha de um poder mágico para retratá-los. Hoje sabemos que ao lado de um indiscutível talento ele foi um dos primeiros artistas americanos a trabalhar no fim do século XIX sobre álbuns de fotografias de cavalos em movimento.

Remington ia mais longe: levava na mochila uma máquina fotográfica. Essa circunstância faz com que sua suposta genialidade seja revista. No entanto, levando-se em conta que nos últimos 125 anos os quadros de cavaleiros não fizeram progresso semelhante ao das máquinas fotográficas, a capacidade de expressão desse artista está longe de ser banal.

Seu problema é outro: teve muito a desenhar ou a moldar, mas pouco a dizer. Bronco Buster é um dos melhores momentos da escultura americana. O cavaleiro índio de The Scout inspirou filmes de faroeste, é uma bela composição que, se parece gasta, isso se deve apenas ao fato de várias gerações de diretores de Hollywood terem retratados índios, soldados e cowboys de acordo com o figurino remingtoniano. São momentos felizes de inspiração e artesanato, mas foram poucos.

O cavaleiro índio de The Scout de Frederic Remington inspirou filmes de faroeste (www.nga.gov)

O cavaleiro índio de The Scout de Frederic Remington inspirou filmes de faroeste (www.nga.gov)

Na guerra contra os índios, em 1891, Remington estava arranchado quando o Exército americano massacrou a rajadas de metralhadora 84 guerreiros, 44 mulheres e dezoito crianças sioux em Wounded Knee, Remington mandou para a revista Harper’s um desenho no qual os soldados heroicamente reagem a um ataque.

Frederic Remington que faleceu em Ridgefield, Connecticut, em dezembro de 1909, aos 48 anos, nunca conseguiu expor num museu enquanto esteve vivo e teve que esperar oitenta anos para entrar no Metropolitan Museum.

Fora-da-lei

Frederic Remington colecionou uma respeitável retórica sobre seu país e sua arte. A seguir, algumas das frases e pensamentos célebres do artista

“A Europa é boa para a maioria das pessoas, mas não para mim. A América é nova, a meu gosto.”

“Eu defendo a apresentação de “assuntos” – deve-se pintar algo que valha a pena em vez de pintar muito bem o nada.”

“Tenho uma ideia a cada sete anos, e nunca mais do que uma.”

“A fotografia está para o ilustrador assim como a máquina de escrever para o advogado.”

“Sentei perto da fogueira e olhei o brutamontes. Até onde eu podia vê-lo, era um perfeito animal. Nunca houve rosto tão repleto de depravação humana, feroz, arrogante, armado, com bata de fantasma e pintura de guerra. Como quadro, perfeito; como realidade, horrível (descrição de um guerreiro sioux derrotado e faminto).”

(Fonte: Veja, 15 de fevereiro de 1989 – ARTE/ Por Elio Gaspari, de Nova York – Pág: 110/112)

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