Foi um dos pioneiros do jazz moderno

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Foi um dos pioneiros do jazz moderno

Foi um dos primeiros bateristas a tocar o Be Bop

Max Roach (1924-2007), músico que deu uma voz à bateria

Tornou a bateria muito mais do que uma bateria. Foi um dos pais do bebop e do hard-bop. Foi um dos grandes músicos de jazz de sempre.
Era ele quem dizia: “Nunca se pode escrever o mesmo livro duas vezes.” Foi por acreditar nisso que Max Roach, baterista, compositor e um dos pioneiros do jazz moderno, nunca se repetiu e continuou, até ao fim, a explorar novos caminhos.
Max Roach foi muito mais do que um baterista. Aos 30 anos, recordava ontem o Washington Post (WP), os seus companheiros do mundo da música já o consideravam o maior baterista de sempre. Criou uma nova linguagem para a bateria, tirou-a do papel secundário de acompanhamento e deu-lhe uma voz própria. “Nunca gostei que o papel de baterista fosse o de uma figura subserviente. As pessoas que realmente me entusiasmavam eram as que lidavam com o potencial musical do instrumento”, dizia Roach, citado pelo crítico Mike Zwerin num texto de 1999 no site CultureKiosque.

O impacto foi tal que, conta o historiador Burt Korall no Oxford Companion to Jazz, citado pelo WP, quando as primeiras gravações de Max Roach com Charlie Parker foram editadas “os bateristas reagiram com espanto, estupefacção e até medo”. Não tinham ouvido nada semelhante antes. “Percebi que, por causa dele, a bateria já não era apenas batida, era música.”

Numa entrevista ao New York Times em 1990 aquele que foi um dos criadores do bebop, e depois do hard-bop, explicou por que é que não se pode escrever o mesmo livro duas vezes: “Embora tenha estado em situações musicais históricas, não posso voltar atrás e fazer isso outra vez. E, embora atravesse crises artísticas, elas tornam a minha vida interessante.”

A escolas de Nova Iorque

A música esteve sempre na vida de Maxwell Lemuel Roach, nascido a 10 de Janeiro de 1924, na Carolina do Norte. A mãe era cantora de gospel, e ele tinha apenas quatro anos quando a família se mudou para Brooklyn, Nova Iorque, cidade ideal para um futuro músico de jazz. Começou por tocar cornetim, mas aos 10 anos já tocava bateria em bandas de gospel, aos 12 recebeu a sua primeira bateria, e aos 16 estava a tocar com a orquestra de Duke Ellington, como substituto de Sonny Greer.

Cresceu nos clubes do Harlem. “Quando era pequeno em Nova Iorque, trabalhávamos sete dias por semana, sem parar”, contou numa entrevista de 1977, citada também pelo WP. “Tocávamos das nove da noite às três da manhã. Depois arrumávamos as coisas e íamos para os clubes after-hours das quatro até às nove.”

Na década de 40, Roach era já uma figura famosa no mundo do jazz em Nova Iorque, tocando com músicos como Charlie Parker e Dizzy Gillespie. Desistiu de estudar composição na Escola de Música de Manhattan, recordou Peter Keepnews no obituário publicado ontem no New York Times, depois de um professor lhe ter dito que tinha uma técnica incorrecta (“a maneira como queriam que tocasse era óptima, se eu quisesse uma carreira numa orquestra sinfónica, mas não funcionava na Rua 52”, explicou).

Entre 1949 e 1950 participou nas históricas gravações do Birth of Cool de Miles Davis e em 1953 tocou, com Gillespie, Parker e Monk, naquele que ficou conhecido como “o maior concerto de jazz de sempre” (registado no álbum Live at Massey Hall).

Em 1956, quando o trompetista Clifford Brown – com quem formara um famoso quinteto que esteve na origem do hard-bop – morreu num acidente de carro, Roach mergulhou numa depressão e num período de alcoolismo. Quando saiu dele, na década de 60, gravou We Insist! Freedom Now Suite, com a cantora Abbey Lincoln, com quem casou (foi casado três vezes e teve cinco filhos, um deles da cantora Barbara Jai, com quem não chegou a casar). Freedom Now, que foi proibido na África do Sul, marcou o momento mais forte do seu activismo político em defesa dos direitos dos negros.

A partir dos anos 70 dedicou-se sobretudo ao ensino, mas foi também nessa fase que criou o colectivo de percussão M”Boom Re: Percussion. Compôs música para grupos de dança como os de Alvin Ailey e Bill T. Jones, para peças de Sam Shepard, e voltou a surpreender os fãs ao participar, em 1983, num concerto de hip hop, com um rapper e bailarinos de break dance. Criou ainda o seu duplo quarteto – um agrupamento de jazz e outro de cordas, que trouxe a Portugal ao Jazz em Agosto da Fundação Gulbenkian, em 1995. Mas foi na Festa do Avante! que ele se estreou em Portugal, em 1979, como recorda Ruben de Carvalho, que o convidou: “O que me interessava em Max Roach, para além da música, obviamente, era a sua intervenção social, tanto pedagógica, como política.”

Nos últimos anos a saúde de Max Roach foi-se debilitando. Gravou pela última vez em 2002. Mike Zwerin diz dele que foi o homem que “tornou obsoleta a velha piada de que um quarteto de jazz são “três músicos e um baterista””. E cita no seu texto um outro crítico, Rafi Zabor, que resume em poucas palavras a importância de Max Roach no jazz: “Nenhum outro homem teve uma influência tão decisiva sobre um instrumento como Roach teve sobre a bateria.”
(Fonte: www.anomalias.weblog.com.pt – Por Alexandra Prado Coelho/ agosto 18, 2007)
(Fonte: Veja, 22 de agosto de 2007 – Edição n° 2022 – ANO 40 – Nº 33 – DATAS – Pág; 94)
(Fonte: www.batera.com.br – 06 de maio de 2011, por Site Batera)

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