Foi o primeiro estilista a usar a força da mídia para promover e divulgar seu nome e suas coleções

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“Há uma diferença grande entre mulher bem vestida, mulher chique e mulher elegante. Agora criei uma nova categoria: a mulher luxo.”

Dener Pamplona de Abreu (Soure, Arquipélago do Marajó, 3 de agosto de 1937 — São Paulo, 9 de novembro de 1978), foi o primeiro estilista a usar a força da mídia para promover e divulgar seu nome e suas coleções.

Ao abrir seu primeiro ateliê em São Paulo, quebrou um tabu, criando para socialites quando era moda mulher de bem vestir-se em Paris e quando no Brasil só existiam modistas que copiavam as criações francesas. Este foi o marco inicial da roupa brasileira com estilo próprio.

Dener foi o grande percursor da alta-costura brasileira: fugia da comodidade do copismo, desenhando para clientes de acordo com seu físico, idade, gosto e em consonância com o nosso clima tropical.

Como seu ídolo, Balenciaga, defendia o estilo clássico, de bases simples, embora nos modelos de festa e noiva recorresse a bordados suntuosos e a certa dramaticidade. Requinte a parte, realizava-se mesmo fazendo taieres bem cortados. Mesmo vivendo cercado de glamour, Dener demostrou ter visão também para o marketing e os negócios. Tanto que foi o primeiro estilista a usar a força da mídia para promover e divulgar seu nome e suas coleções. Com a mesma sensibilidade e inteligência, percebeu, nos anos 60, que era hora de lançar sua grife em produtos industrializados. Pálido, frágil, de gestos delicados e atitudes excêntricas, o costureiro despertou raiva e paixão. Dener, naquela displicente e bem dosada arrogância de retocador de Deus, embeleza as mulheres e enfurece os homens. Os homens, principalmente os recalcados, odeiam Dener e tudo o que o genial figurinista representava na frescura de sua masculinidade, escreveu o jornalista David Nasser. Quando o mundo começou a mudar, o dinheiro trocou de mãos e surgiu o noveau riche, sentiu os pilares da educação e elegância corretas que sempre defendeu, ruirem como castelos de areia.

Foi um golpe duro. Considerado o último dos românticos, começou uma triste derrocada voluntária. Morreu jovem, empobrecido e triste.

Identificando-se com a personagem de A Dama das Camélias, que tanto admirava, recusou-se a aceitar as regras de um mundo que fugia dos parâmetros que tinha estabelecido como ideais.

Breve trajetória de um Mito

1937- Nasce no dia 3 de agosto em Belém do Pará.

1948 – Inicia sua vida profissional na Casa Canadá, com apenas 13 anos.

1950 – Faz o vestido de debutante de Danuza Leão, que o apresenta a Ruth Silveira com quem vai trabalhar.

1957 – Com 21 anos, abre seu primeiro ateliê, na Praça da República.

1958 – Muda o ateliê para a aristocrática Avenida Paulista. Veste clientes famosas, inclusive a primeira dama, Sara Kubitscheck.

1959 – Ganha os prêmios de Agulha de Ouro e de Platina, no Festival da Moda, patrocinado pela Tecidos Matarasso Boussac.

Entre os concorrentes figurava até o costureiro Christian Dior. Após a morte desse criador, Dener foi convidado para dirigir a criação da maison francesa. Por motivos incertos recusou a oferta.

1962 – Dener é responsável pelo guarda-roupa da primeira -dama Maria Teresa Goulart.

1963 – Com o apoio da revista Manchete e Cia Brasileira de Tecidos Rhodiaceta e do Instituto Brasileiro do Café, Dener e outros estilistas lançam em conjunto a coleção Brazilian Look, com mais de cem modelos que foram apresentados na Europa.

1964 – Recebe a Palma de Ouro, no Festival Internacional da Moda, em Las Vegas, com um vestido de cauda rebordade de águas marinhas naturais.

1965 – Casa-se com uma de suas manequins, Maria Stela Splendore na época com 16 anos.

1966 – Nasce seu filho Frederico Augusto

1967 – Nasce sua filha Maria Leopoldina

1968 – É criada a empresa Dener Difusão Industrial de Moda. Fica oficializada a criação da primeira grife de moda nacional.

1969 – Termina seu casamento com Maria Stela.

1970 – É o fim dos anos áureos da alta-costura. Transfere seu ateliê para a Al. Jaú. Estréia como jurado do programa Flávio Cavalcanti.

1971 – Transfere seu ateliê para a Al. Franca.

1972 – Lança o livro autobiográfico Dener, o Luxo, e o manual Curso Básico de Corte e Costura.

1973 – Uni-se a outros costureiros para formar as bases da Associação da Moda Brasileira, cujo objetivo seria lutar contra a evasão de divisas.

1975 – Casa-se com Vera Helena Pires de Oliveira Carvalho. Tranfere seu ateliê para R. Groelândia.

1976 – Separa-se de Vera, desativa seu ateliê e atende em sua casa algumas clientes fiéis da alta-costura.

1977- Vive tempos difíceis. Já doente, lança a coleção A Grande Valsa, inspirada no filme A Viúva Alegre.

1978 – Desgostoso com os rumos da moda, optou pelo exílio voluntário. Morre no dia 09 de novembro em São Paulo aos 41 anos.

(Fonte: http://www2.uol.com.br/modabrasil/biblioteca/grandesnomes/dener/ por Deise Sabbag)

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