Foi o precursor do breque e do uso, em estúdio, de instrumentos até então restritos ao terreiro

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Herivelto Martins, compositor. Um dos últimos representantes da geração de ouro do samba, foi o precursor do breque e do uso, em estúdio, de instrumentos até então restritos ao terreiro, como o apito. Com isso, suas gravações levaram para o disco a vibração das escolas. Introduziu no samba-canção um tom lacrimejante que faria dele uma espécie de papa da dor-de-cotovelo. Suas melhores músicas nessa especialidade são as do início dos anos 50, depois da rumorosa separação de sua primeira mulher, a cantora Dalva de Oliveira, com quem teve dois filhos, Ubiratã e o cantor Pery Ribeiro, e formou, juntamente com Nilo Chagas, o Trio de Ouro. Os dois ex-cônjugues lavaram a roupa suja num punhado de sucessos como Cabelos Brancos, Tudo Acabado, Que Será, Errei Sim, Mentira de Amor e Calúnia.
Herivelto, que se vangloriava de ter sido amigo do cineasta Orson Welles, de quem se dizia “assessor para assuntos sambísticos”, foi autor de Ave-Maria no Morro, que teve mais de oitenta regravações, uma delas um esperanto, e de cerca de 600 composições, que documentam com humor e lirismo a boemia carioca.
Mangueirense, seu maior sonho era virar enredo de sua escola favorita. Não chegou a concretizá-lo, embora tenha sido homenageado pela bateria da verde-e-rosa em janeiro de 1992, quando completou 80 anos. A batucada da Mangueira acabou sendo um réquiem para o sambista, que morreu no dia 17 de setembro, 1992, no Rio de Janeiro, de embolia pulmonar.

(Fonte: Veja, 23 de setembro, 1992 – Edição 1253 – Datas – Pág; 89)

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