Foi o autor da primeira foto de moda genuinamente brasileira

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Foi o autor da primeira foto de moda genuinamente brasileira

Otto Stupakoff (1935-2009), famoso fotógrafo, pioneiro da fotografia de moda e expoente do fotojornalismo. Nasceu em São Paulo, a 28 de Junho de 1935. É dele uma antológica capa da revista Claudia de 1963, com o retrato da belíssima atriz Karen Rodrigues. Stupakoff conta que foi o autor da primeira foto de moda genuinamente brasileira: A modelo era Duda Cavalcanti, uma top internacional da época, vestindo um modelo do estilista paraense Dener Pamplona de Abreu, o famoso “Dener ” (1937-1978) . Lembra até mesmo a locação: No terraço da casa do pintor carioca Heitor dos Prazeres (1988-1966), no distante ano de 1955.

Seu primeiro trabalho editorial no exterior foi para Bazaar, fazendo o retrato do ator Oskar Werner, o Jules, protagonista de “Jules et Jim”, filme de 1962 do francês François Truffaut (1932-1984). “Usava uma câmera de grande formato 9X10 polegadas . Não por exigência dos editores, mas, por escolha!”

Nesta época conheceu a brasileira Beatriz Feitler (1938-1982), diretora de arte da Bazaar, onde ele produziu ensaios mensais por cinco anos. ” No início, “Bea” não queria me dar trabalho achando que pensariam que estava me favorecendo por ser brasileiro. “Ela foi a melhor diretora de arte com quem trabalhei!”, conta, com saudade da amiga. Feitler foi diretora de arte da Rolling Stone onde redesenhou a revista por três vezes. O antológico volume do décimo aniversário da revista , de 1977, foi preparado por ela, que trouxe um ensaio fenomenal da fotógrafa americana Annie Leibovitz. Seu último trabalho foi reformular a revista Vanity Fair, cujo primeiro volume saiu um ano após sua morte.

O primeiro fotógrafo de moda do Brasil, que registrou imagens de presidentes (Nixon), astros (Jack Nicholson), compositores (Tom Jobim), escritores (Truman Capote) e estrelas de cinema (Grace Kelly). O Instituto Moreira Salles (IMS) do Rio, comprou 16 mil fotografias do acervo deste que foi pioneiro não só no registro de moda – trabalhando depois para a Vogue, Harper’s Bazaar e Elle -, como um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro dos anos 1950 e 1960. Por essa época, antenado com o movimento de mudança do Brasil, que trocava a pele de país arcaico pela modernidade, Stupakoff acompanhou o nascimento de Brasília, a convite de JK, e flagrou na praia um dos criadores da bossa nova – é dele uma das melhores fotos de Tom Jobim (na mostra), tirada em 1957. Stupakoff era, então, como lembrou Loyola Brandão por ocasião de sua morte, “o máximo em fotografia de moda”. Todo mundo queria um portrait feito por ele, escreveu o cronista, descrevendo o movimento incessante de famosos por seu estúdio da Rua Frei Caneca, em São Paulo, onde nasceu.

Exemplo de fotojornalista dedicado, ele chegou a ser preso, interrogado e quase morto por soldados do Khmer Rouge, em 1994, ao fotografar as ruínas de Angkor Wat e os campos da morte nas selvas de Battabang. Foi para o Ártico quatro vezes, aprendendo com os inuítes a caçar focas com arpão e a construir o próprio iglu. E ainda enfrentou Jack Nicholson num dia de péssimo humor, ao pedir para o astro posar num beco sujo, isso bem no começo da carreira do americano.

Todo esse esforço valeu a Stupakoff elogios de colegas como Richard Avedon – seu mestre declarado – e Helmut Newton. O primeiro admirava o autorretrato que o fotógrafo fez ainda novo, dando uma das mãos a um dos filhos. Newton felicitou-o por um trabalho que ele mesmo deveria ter feito para Vogue. Solidário, Stupakoff sempre ajudou os amigos e também foi ajudado. Loyola Brandão, que foi editor da Vogue, lembra ter encomendado a ele um editorial de moda que Stupakoff teria executado de “maneira magistral”. Mas, na hora de produzir as fotos, a cabeça do fotógrafo falhou. “Era o princípio do Alzheimer se manifestando”, escreveu o colunista ao saber de sua morte, contando como o fotógrafo Bob Wolfenson entrou em cena para executar o projeto, entregando as fotos para que Otto as assinasse. Foi casado por três vezes, uma delas durante nove anos com a miss Universo 1966, a sueca Margareta Arvidsson, mãe de dois dos seus seis filhos. Stupakoff morreu em São Paulo, no dia 22 de abril de 2009, aos 73 anos.

(Fonte: colunistasig.com.br – 27/04/2009) – (www.estadao.com.br – Otto Stupakoff, Arte & lazer, Variedades – Antonio Gonçalves Filho, de O Estado de S. Paulo)

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