Foi a primeira mulher a obter doutorado em história natural no Brasil

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Pioneira de estudos em genética

 

Chana Malogolowkin-Cohen (Minas Gerais, 13 de setembro de 1924 – Tel Aviv, Israel, 20 de março de 2022), geneticista e pesquisadora, deixou importante legado para a genética brasileira e mundial.

 

Nasceu na cidade de Maria da Fé, Estado de Minas Gerais, em 13 de setembro de 1924. Filha de imigrantes russos judeus, foragidos do anti-semitismo e da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

 

Suas pesquisas abriram caminho para experiências que contaminam o mosquito Aedes aegypti com uma bactéria que o impede de transmitir os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

 

A cientista foi uma das pioneiras em genética de drosófilas (moscas da fruta) no Brasil. As moscas são utilizadas como animais modelo nas pesquisas em genética.

 

Nas décadas de 1940 e 1950, ela atuou nas universidades de São Paulo (USP) e na federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Continuou sua carreira nos Estados Unidos e em Israel.

 

Foi a primeira brasileira a publicar artigo na prestigiada revista científica Science, em 1957. No estudo, de repercussão mundial, ela descreveu um fator que reduzia a proporção de nascimento de machos, em relação às fêmeas, nas proles das drosófilas. Descobriu que essa alteração poderia ser transmitida para outras moscas.

 

Anos depois, desvendou-se que esse fator era, na realidade, uma bactéria que infectava as moscas, explicou o biólogo e historiador Miguel Oliveira, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

 

A descoberta abriu um novo campo de pesquisas, afirmou o biólogo. Bactérias semelhantes, do gênero wolbachia, estão sendo atualmente injetadas em fêmeas do mosquito Aedes aegypti. Elas se espalham entre os mosquitos e bloqueiam a multiplicação dos vírus da dengue, zika, e outros, nos corpos dos insetos, contribuindo para a redução da transmissão dessas doenças.

 

As experiências são realizadas em 11 países por meio do consórcio World Mosquito Program. No Brasil, a Fiocruz conduz o projeto em quatro estados.

 

Malogolowkin-Cohen foi também a primeira mulher a obter doutorado em história natural no país, em 1951. Em 1958, foi trabalhar na Universidade de Columbia (EUA), a convite do renomado biólogo Theodosius Dobzhansky, a quem depois substituiu após ele se aposentar.

 

Casou-se em 1964 e mudou-se para Israel, onde continuou suas pesquisas e ajudou a criar o departamento de genética e o instituto de evolução na Universidade de Haifa.

 

Embora tenha contribuições muito relevantes para a ciência nacional e internacional, seu legado é pouco conhecido no Brasil.

Malogolowkin-Cohen faleceu em 20 de março de 2022, em Tel Aviv, Israel, aos 97, em decorrência de um acidente vascular cerebral.

 

Selma Ciornai, sobrinha da geneticista, contou que quando era criança sua tia a levava para ver as drosófilas nos microscópios do laboratório no centro do Rio (atual UFRJ). “Ela tinha umas botas compridas, de couro, que usava para acampar e buscar moscas e nos pedia para coletar moscas em casa, atraindo-as com bananas”, lembra Selma.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/estilo-de-vida/lifestylegeneral – ESTILO DE VIDA / por MARCELO LIMA LORETO / (FOLHAPRESS) – NOVA YORK, EUA – 20 de março de 2022)

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