Euclides da Cunha, foi autor de uma das maiores obras da literatura brasileira: Os Sertões

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Euclides: temperamento difícil

Euclides da Cunha (Foto: wp.clicrbs.com.br/ Reprodução)

Euclides da Cunha (Foto: wp.clicrbs.com.br/ Reprodução)

 

 

Euclides da Cunha (Cantagalo, 20 de janeiro de 1866 – Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1909), militar, engenheiro e jornalista, também foi geógrafo, geólogo e etnólogo –o primeiro ecólogo do país digno do nome. Em 1902, com Os Sertões, desvendou para um Brasil sonolento o interior bruto da Bahia e a sociedade de Canudos.

 

Euclides da Cunha entrou para a história ao escrever o livro Os Sertões, um dos clássicos da escrita nacional, sobre a Guerra de Canudos, que acompanhou como enviado especial do Estado.

 

A tragédia, no entanto, também ficaria associada a sua biografia: em 1909, foi até a casa em que vivia o militar Dilermando de Assis, com quem sua mulher Anna mantinha um caso. Tentou matá-lo, mas acabou morto.

 

Mostrou como o homem “fazedor de desertos” ajudou a degradar a terra no Nordeste. Também explorou a Amazônia e analisou as nascentes do Rio Purus, em Contrastes e Confrontos (1907) e À Margem da História(1909). Sua obra pioneira revelou a vastidão da realidade física do Brasil.

 

Euclides da Cunha entrou para a história como o autor de uma das maiores obras da literatura brasileira: Os Sertões. O volumoso romance aborda a Guerra de Canudos, uma saga de sangue e fé ambientada no interior da Bahia do fim do século 19. Cunha acompanhou boa parte do conflito como jornalista, pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Capa da primeira edição de Os Sertões. (Foto: reprodução)

Capa da primeira edição de Os Sertões. (Foto: reprodução)

 

Mas, em outros tempos, ele poderia ter tomado parte nas batalhas propriamente ditas, na condição de militar. Em 1888, inflamado pela defesa dos ideais republicanos, chegou a ser afastado do Exército, para onde voltaria depois da proclamação, no ano seguinte.

A trajetória de Euclides da Cunha inclui também incursões pela história e pela sociologia, e ainda pela poesia “O poeta, o sonhador em geral, é soberano no pequeno reino onde o entroniza a sua fantasia”, disse o escritor em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, em 1906.

A tragédia passional que serviu de cenário à morte do escritor fluminense, sempre foi contada com uma versão típica do vezo brasileiro de esconder as mazelas dos homens ilustres e protege-los da investigação da História. Numa manhã de agosto de 1909, no Rio de Janeiro, Euclides armou-se de um revólver e foi até uma casa no bairro da Piedade onde sabia estar sua mulher, Ana, com o amante, o tenente do Exército Dilermando de Assis, com quem ela se relacionava há quatro anos. Entrou na casa, desferiu contra o militar sete tiros que apenas o feriram e tombou fulminado pelos seis que recebeu em resposta.

Seis anos depois, o filho de Euclides e Ana, Quidinho, dispôs-se a vingar a morte do pai. Esgueirou-se pelas salas do cartório onde Dilermando dava depoimento, justamente pelo assassinato do escritor, chegou perto dele e disparou cinco tiros à queima-roupa. A história se repetiu. Numa ação rápida de Dilermando, que sempre andava armado, Quidinho foi abatido pelo mesmo homem que matara seu pai. Ana, depois, casou-se com Dilermando, o homem que havia matado o seu marido e o seu filho.

Desde então, as circunstâncias em que as duas mortes ocorreram, somadas à celebridade de Euclides da Cunha, colocaram os protagonistas do fatal triângulo amoroso em dois lados de uma gangorra. De um lado, Dilermando passou à História como o cruel assassino do gênio e de seu filho e Ana como a mulher libertina e sem caráter que não pestanejou em se casar com o amante assim que o marido desceu ao túmulo.

Três anos antes da tragédia, em 1906, Euclides teria matado, por inanição, um filho de Ana que ele sabia ser de Dilermando e não dele. Euclides, trancou Ana num quarto, impedindo-a de amamentar a criança. Na mesma época, Euclides teria pedido a ela, como prova de amor, que tomasse o sangue que ele expectorara numa de suas crises de hemoptise.

O episódio que culminou na morte de Euclides da Cunha, começou quatro anos antes, numa pensão do Rio de Janeiro. O escritor empreendia uma longa viagem pela Amazônia e Ana, em dificuldades financeiras, mudou-se para a pensão. Lá conheceu o então aspirante do Exército Dilermando de Assis.

Apesar da diferença de idade – ela com 30 anos e ele com 17 -, tomaram-se de arrebatada paixão. Euclides costumava passar longos períodos ausente e deixava a mulher sozinha e muitas vezes sem dinheiro. Na época em que ela se apaixonou por Dilermando, o escritor ficou viajando durante um ano. Quando voltou, ficou sabendo da infidelidade de Ana, mas decidiu manter o casamento.

Mesmo com Euclides presente, porém, a vida não era fácil para ela. Euclides não era de muita conversa com a mulher e, ainda por cima, tratava mal os filhos, principalmente a criança que ele sabia ser de Dilermando, a ponto de – ter provocado sua morte.

Passados três anos da descoberta do adultério da mulher foi que Euclides resolveu agir. Pediu um revólver emprestado a um primo e foi à casa onde Dilermando morava com o irmão, Dinorah. Chegou gritando: “Vim para matar ou morrer.”

CAMPEÃO DE TIRO – Euclides foi morto pela pontaria certeira de Dilermando, um exímio campeão de tiro. Uma das balas de Euclides alojou-se na coluna vertebral de Dinorah, que ficou paralítico e, mais tarde, se suicidou. Dilermando foi absolvido em duas instâncias na Justiça, que lhe reconheceu a legítima defesa, e prosseguiu carreira, chegando a general.

 

Até sua morte, em 1951, meses depois da morte de Ana, no entanto, era lembrado apenas como o assassino de Euclides da Cunha, gênio literário que de fato foi. Não há demérito algum em se constatar que Euclides queria matar Dilermando, atirou primeiro e só não consumou o crime porque sua perícia com armas estava na proporção inversa de seu talento com as letras.

 

Do tiro ao limão à autodefesa

Alvo de doze tiros disparados por  Euclides da Cunha e por seu filho Quidinho, Dilermando de Assis, pela lógica das probabilidades, deveria ser um homem morto muito antes das quatro décadas em que permaneceu vivo após a tragédia da Piedade. Salvaram-no, além da má pontaria de pai e filho, uma dose de sorte – até morrer, ele carregou, incrustadas em seu corpo, quatro balas – e, sobretudo, a extraordinária perícia como atirador, que lhe permitiu revidar a tempo às agressões.

No duelo com Euclides, ele primeiro tentou desarmar o escritor, mirando-lhe o pulso. Acertou o tiro, mas Euclides não largou a arma. Só então disparou a bala que o mataria, perfurando-lhe o pulmão. Na agressão que sofreu de Quidinho, Dilermando conseguiu alvejá-lo mesmo estando quase desmaiado e vendo-o apenas como um vulto à sua frente, conforme consta dos autos do processo que respondeu na Justiça.

Como militar, era natural que Dilermando se interessasse por armas. Mais do que um simples aficionado, porém, desde muito jovem ele se mostrou uma fanático pelo gatilho. O jornalista Mário Horta, vizinho de Dilermando e de seu irmão Dinorah na fatídica casa da Piedade, conta em depoimento à revista Dom Casmurro, em 1946, as proezas de Dilermando de Assis com o revólver: “Desde que mudaram para aquela casa, todas as manhãs o alferes-aluno fazia exercícios de tiro ao alvo, armado no fundo do quintal, ao lado de um limoeiro.

A vizinhança a princípio estranhou o tiroteio. Acabou, porém, se habituando. (…) Aos domingos, eu passava algumas horas com eles e distraía-me em jogar para o alto, em todas as direções, limões verdes para que Dilermando os acertasse com seu Nagan. Ele não perdia um só tiro”. Euclides da Cunha e o seu filho Quidinho não estavam preparados para isso.

Ana de Assis, apresentada como uma esposa e mãe exemplar cujo único pecado foi casar-se aos 15 anos com quem não amava – Euclides – e que, posteriormente, se transformou em mártir da descoberta do verdadeiro amor. Quanto a Dilermando de Assis, apesar dos erros que acumulou ao longo da vida, era um homem de bem sobre o qual se abateu a fatalidade.

Ana Ribeiro e Dilermando de Assis tiveram oito filhos.

O fim dessa vida foi dramático: em 15 de agosto de 1909, Cunha foi até o subúrbio carioca da Piedade, armado, disposto a matar o militar Dilermando de Assis – com quem a mulher do escritor, Ana Ribeiro, manteve um caso extraconjugal. Chegou a atirar em Dilermando, que revidou e atirou fatalmente em Euclides da Cunha, que tinha 43 anos.

Ilustração de 1909 mostra a cena do duelo entre Dilermando de Assis (E) e Euclides da Cunha. (Foto: reprodução)

(Fonte: Super Interessante – Ano 10 – N.° 1 – Janeiro 1996 – Ambiente/ Por Ricardo Arnt e Heitor Amílcar – Pág; 85)

(Fonte: Zero Hora – Almanaque Gaúcho/ Por Ricardo Chaves – Postado por Luís Bissigo – 15 de agosto de 2012)

(Fonte: Veja, 26 de agosto de 1987 – Edição 990 -– Livros/ Por Okky de Souza -– Pág: 122/123)

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/musica – DIVERSÃO – MÚSICA / Por João Luiz Sampaio – 20 JUL 2018)

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