Escurinho, ídolo e grande jogador, ex-craque, eterno cabeceador colorado

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Escurinho (Porto Alegre, 18 de janeiro de 1950 – Porto Alegre, 27 de setembro de 2011), o Luiz Carlos Machado.

Síntese do brasileiro, orgulho colorado: Escurinho deixa uma história de luta, títulos e muitos gols

Talvez um dos mais típicos exemplos de garoto pobre de Porto Alegre que tenha se tornado ídolo na cidade e no Rio Grande seja a figura negra e elegante em 1m84cm de altura de Escurinho, o Luiz Carlos Machado.

Escurinho entrou para a história como um dos maiores cabeceadores do futebol brasileiro e atravessou os anos 70 conquistando títulos com o Inter de Falcão, Carpegiani, Figueroa, Manga, Batista, Jair, Dino Sani e Rubens Minelli. Fez parte de uma das primeiras gerações do Estádio Beira-Rio e jogou em um histórico período de 1970 a 1977.

Nesses anos, Escurinho sagrou-se octacampeão gaúcho, um título inédito até hoje, e bicampeão brasileiro. Tudo isso com um detalhe: em 1974, pelas mãos de Rubens Minelli, foi goleador do campeonato gaúcho e conquistou o título invicto. É autor de 107 gols em 325 jogos pelo Inter, mais da metade deles feitos de cabeça, sua especialidade.

Embora tenha sido titular por períodos seguidos, Escurinho se notabilizou pela fama de ser o mais valioso e eficiente 12º titular de um time de craques. A cena cotidiana era essa: a torcida enlouquecida gritava “Escurinho, Escurinho”, ele entrava em campo e não decepcionava marcando gols salvadores, de cabeça ou não, no finalzinho das partidas.

Particularmente em Gre-Nais, Escurinho tinha especial predileção por atormentar a vida dos zagueiros adversários.

Marcou gols memoráveis como o do clássico de setembro de 1974, de cabeça, aos 43 minutos do segundo tempo, dando o primeiro passo para o título gaúcho. Ou no Gre-Nal de 1º de maio de 1975. Naquele Dia do Trabalhador, Escurinho prometera fazer um gol a um amigo. Entrou no segundo tempo, com Claudiomiro e, em vez de um, marcou dois gols.

A figura simpática de Escurinho não o fazia um jogador submisso e desinformado. Com personalidade inquieta, Escurinho viveu os anos 70 como uma espécie de jogador que reivindicava seus direitos e acalentava outros projetos de vida. Não se considerava apenas um homem de futebol. Desde adolescente aprendera a tocar violão e a compor sambas com os quais chegou a gravar um antigo compacto duplo. Com a imagem ligada ao samba chegou a ser carimbado no meio do futebol como boêmio. Mas Escurinho era apenas ele próprio: uma pessoa ligada aos três filhos e à família e que gostava de conviver.

Luiz Carlos Machado nasceu em 18 de janeiro de 1950 na Santa Casa de Porto Alegre, primeiro filho de Luiz Raimundo Machado e Irondina Guedes Machado. Mas só ganhou o apelido de Escurinho aos sete anos de idade, então morando perto da Ilhota, onde se criou e ganhou personalidade. A vila, zona boêmia na Cidade Baixa, era conhecida pelo convívio entre futebol, samba e carnaval.

Pois assim cresceu Escurinho, entre futebol, samba e carnaval, a síntese do brasileiro.

> Cronologia da história de Escurinho:

— 8 de janeiro de 1950 – nasce em Porto Alegre: aos sete anos, vai morar próximo à Ilhota e recebe o apelido.

— 1962 – descoberto pelo técnico Jofre Funchal e entra nos mirins do Inter aos 12 anos

— 1959 – aos nove anos, participa da criação da escola Imperadores do Samba

— 1966 – já nos infantis do Inter, Escurinho se apresenta como calouro no programa de auditório do Vovô Guerra, aos 16 anos: canta uma canção de sua autoria

— 1968 – Aos 18 anos, Escurinho chega ao juvenil (hoje juniores) do Inter sob o comando do técnico Abílio dos Reis. Com ele estão Paulo César Carpegiani e Cláudio Duarte, dois nomes básicos do time dos anos 70.

—1969 – Aos 19 anos, Escurinho é goleador do juvenil campeão invicto do Inter, considerado um dos maiores times de categorias de base de todos os tempos do futebol gaúcho.

— 1970 – passa aos profissionais do Inter com Paulo César Carpegiani e Cláudio Duarte: é bicampeão gaúcho

— 1971 – é emprestado ao Gaúcho, de Passo Fundo, e ao Farroupilha, de Pelotas. Antes disso, casa-se com Sônia

— 1972 – volta ao Inter e briga por vaga no time que chega até as semifinais do Campeonato Brasileiro com Dino Sani

— 1972 – marca um gol histórico em jogo contra Cruzeiro de Dirceu Lopes e Piazza e dois torcedores morrem do coração no Beira-Rio

— 1973 – começa a se tornar titular do time de Dino Sani

— 1974 – é goleador do Gauchão e conquista o hexacampeonato invicto, no primeiro ano de Rubens Minelli. Ganha fama ao entrar no time durante o segundo tempo e decidir o jogo em lance de cabeça

— 1974 – grava um compacto duplo com suas composições: é o primeiro jogador em atividade a gravar um disco no futebol brasileiro

— 1975 – é titular do time de Minelli até setembro e conquista em dezembro o primeiro título nacional. Consagra-se como um dos maiores cabeceadores do futebol brasileiro. Em maio, marca dois gols em Gre-Nal no Beira-Rio

— 1976 – participa do gol memorável contra o Atlético Mineiro no Beira-Rio: Escurinho troca uma tabelinha de cabeça com Falcão antes do gol que leva o Inter às finais do bicampeonato brasileiro. Conquista o octacampeonato gaúcho

— 1977 – traz a Porto Alegre o então Jorge Ben para show no Gigantinho e tenta se lançar como um produtor musical

— 1978 – se transfere para o Palmeiras: é vice-campeão brasileiro

— Depois do Palmeiras, esteve na Inter de Limeira, Coritiba, Barcelona de Guayaquil, Vitória da Bahia, Francana de São Paulo, Bragantino, Caxias, São Bento e La Serena, do Chile.

— Após o futebol, Escurinho treinou escolas de base do Inter e passou por diversas escolinhas de menores de Porto Alegre e da cidade de Guaíba.

Escurinho, o Luiz Carlos Machado, morreu dia 27 de setembro de 2011, aos 61 anos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre devido a uma parada cardíaca. Desde abril estava internado para tratar sérios problemas de diabete.
(Fonte:www.clicrbs.com.br/esportes/rs/noticias/futebol-inter – 27/09/2011 – Jones Lopes da Silva
[email protected])

Morte de Escurinho emociona ex-companheiros de Inter da década de 70
Dadá chorou ao saber da morte do “irmão”

Acima de ídolo e grande jogador, um companheiro. Isso era o que marcava Escurinho entre os amigos e ex-colegas.

A tristeza com a notícia da morte do ex-craque colorado abalou Dario, conhecido pela alegria. Dadá Maravilha, colega de 1976 no ano do bicampeonato brasileiro, ao receber o telefonema com a notícia, por volta das 19h30min, mudou o tom de voz. O folclórico ex-centroavante, que mora em Belo Horizonte, não havia atendido a ligação, mas retornou assim que viu o celular:

– Meu Deus do céu! Eu amava o Escurinho (começou a chorar)… A gente brincava demais. Éramos como irmãos. Que Deus o proteja. Ele cantava e me abraçava. Era lindo ver aquele sorriso dele. Era uma criatura maravilhosa. O meu coração quase parou com essa notícia.

Não foi só Dadá quem manifestou o seu pesar pela morte de Escurinho. Rubens Minelli também rasgou elogios ao ídolo. Ex-técnico do clube, responsável por montar a equipe bicampeã brasileira – 1975 e 76 -, lembrou do sorriso marcante do eterno cabeceador colorado:

– Sempre foi um companheiro, um amigo, sorridente. Eu lamento profundamente. Jamais vou esquecer dele.

Outro parceiro da vitoriosa década de 70 que prestou homenagens a Escurinho foi Valdomiro. O eterno camisa 7, jogador que mais defendeu o Inter na história, com mais de 800 partidas pelo clube, lembrou da amizade formada e revelou que havia programado uma viagem a Porto Alegre para visitá-lo.

Valdomiro falou sobre o talento de Escurinho. Conhecido pela qualidade no cabeceio, para o ex-ponta direita, o craque foi o maior nesse quesito:

– Puxa vida! Acho que foi a notícia mais triste que eu recebi. O Escurinho era um irmão, um grande amigo. Eu nunca vi um cabeceador como ele. Nós, torcedores do Inter, sentiremos muito a sua falta.

Se a turma que se acostumou a levantar títulos com Escurinho estava muito triste, Fernando Carvalho foi outro a demonstrar seu pesar pela perda do ídolo. Na época, aquele que se tornou o principal dirigente da história colorada ainda era um torcedor de arquibancada.

O presidente campeão da Libertadores e do Mundial em 2006 comentou que aguardava o momento de ver o eterno camisa 14 ser chamado pelo técnico para resolver a partida para o Inter:

– Foi um grande ídolo. Um jogador que marcou a década de 70. Ele era pé quente. Sempre esperava ele entrar em campo para decidir.

Escurinho marcou 107 gols em 325 partidas pelo Inter, mais da metade deles feitos de cabeça, sua especialidade.

(Fonte: zerohora.clicrbs.com.br – Tomás Hammes – [email protected] – Internacional -28/09/11)

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