Elvira Pagã, um dos mitos do erotismo brasileiro nos anos 40 e 50

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Mito do erotismo e do teatro de revista, Elvira Pagã foi pioneira no uso do biquíni

 

Elvira Pagã

Musa. A bordo de um corpo escultural, Elvira Pagã foi pioneira no uso do biquíni na América do Sul e virou símbolo sexual nas décadas de 40 e 50 (Foto: Reprodução)

 

 

Musa nos anos 40 e 50 ao lado de Luz del Fuego, com ousadia, também brilhou no cinema e no carnaval, desafiando a moral conservadora da época

 

Elvira Pagã (1921-2003), foi um dos mitos do erotismo brasileiro nos anos 40 e 50, ao lado de Luz del Fuego.

Elvira era conhecida como a primeira mulher na América do Sul a usar biquíni em uma praia, no início da década de 50. A ousadia ocorreu em Copacabana, no Rio. Ela teria cortado um maiô em duas peças e se exibido na areia, escandalizando a sociedade da época. No Exterior, ela ficou conhecida como The Original Bikini Girl e The Brazilian Buzz Bomb.

O nome artístico Elvira Pagã foi adotado no final da década de 30, quando a vedete estrelava peças nos cassinos e teatros de revista do Rio. No cinema, participou de filmes como Alô Alô Carnaval (1936), Carnaval no Fogo (1949), Dominó Negro (1949) e Aviso aos Navegantes (1950), entre outros. Na década de 60, Elvira Pagã abandonou a carreira artística. Mística, passou a se dedicar ao estudo de discos voadores.

Elvira Olivieri Cozzolino nasceu em Itararé (SP), de pai americano e mãe paranaense. A família era pobre e de vida confusa. Segundo a própria Elvira, ela foi raptada pela mãe aos 4 anos de idade. Aos 13, casou-se com um homem rico, Theodoro Eduardo Duvivier Filho, de 39 anos, no que afirmava ter sido o segundo rapto de sua vida e o primeiro estupro. Depois foi para o teatro de revista adotando o nome “Pagã”, indicativo de pecado para a época. Seu nome, declarou certa vez, era sinônimo de escândalo, atentado ao pudor e imoralidade, no âmbito de uma sociedade conservadora.

Mas era uma deusa da beleza, e no Rio, capital federal e centro da vida cultural do país, virou ídolo. Temperamental, cabelos longos e sedosos, tinha um corpo perfeito para os padrões dos anos 40, com 90 cm de busto, 55 de cintura e 90 de quadris. Perfeito para ousar…

Como conta o pesquisador Fernando Moura em “História do biquíni”, a primazia de usar a peça na América do Sul coube à brasileira Elvira Pagã. No início de 1950, na Praia de Copacabana, ela rasgou e adaptou o modelo ‘duas peças’ usado no teatro rebolado. Elvira atraía atenção vestindo dois pequenos pedaços de tecido no corpo, dourado por uma penugem loura. No exterior ficou conhecida como “The original bikini girl” e “The brazilian buzz bomb”. E não desistia de afrontar a moral. Depois de operar os seios, posou nua e distribuiu a fotografia como cartão de Natal.

Foi a primeira rainha do carnaval carioca. Dizia que o carnaval “foi uma orgia só” entre 49 e 64, época de seu reinado no Teatro Recreio, na Boate Arpége e no Cassino Icaraí, no Rio, ou no Nick Bar paulista. Em 11 de fevereiro de 1956, O GLOBO noticiava em sua primeira página a presença de Elvira no Baile dos Artistas em São Paulo, dançando no salão com foliões como “Rainha das Atrizes”.

Elvira esteve em oito filmes: “O bobo do rei” (1936); “Cidade-Mulher” (1936); “Alô alô carnaval” (1936); “Laranja-da-China” (1940); “Carnaval no fogo” (1949); “Dominó negro” (1949); “Aviso aos navegantes” (1950); e “Écharpe de seda” (1950).

No fim dos anos 60 ela se recolheu. Saiu da vida artística e da vida social. Dizia não precisar de amantes e se intitulava sacerdotisa, ligada a discos voadores e à Atlântida.

 

— Quem? A velha que foi artista? Ela morreu há meses numa clínica em Santa Teresa.

Assim o porteiro de um prédio da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em frente ao anexo do Copacabana Palace, respondeu à pergunta do jornalista e historiador Haroldo Coronel. A “velha” era Elvira Pagã, mito do erotismo brasileiro nos anos 40 e 50, ao lado de Luz del Fuego.

De vez em quando o jornalista e historiador Haroldo Coronel encontrava Elvira nas ruas próximas e a acompanhava ao prédio, apesar da notória rabugice da ex-vedete. Haroldo e Geraldo Fonseca, irmão da cantora Ademilde Fonseca e procurador de Elvira, lembram que na velhice ela ficou arredia. Vivia só, sem empregada para lhe fazer companhia, no apartamento mantido pela irmã Rosina, com quem iniciou a carreira artística. Rosina, ainda nos anos 40 foi para o México e depois para os Estados Unidos. Cantou em boates, casou-se com um milionário e ficou viúva. Rica, sustentava Elvira no Rio, pagando o aluguel do apartamento de Copacabana. Uma terceira irmã, Leonor, morava em Belo Horizonte.
A morte não foi divulgada pela família. O corpo teria sido enterrado no sul de Minas Gerais, em uma estância hidromineral. Nos últimos anos, Elvira, sustentada por uma de suas irmãs, permanecia reclusa no apartamento em que morava em Copacabana.

Morreu em 8 de maio de 2003, aos 82 anos, de falência geral dos órgãos, na Clínica Santa Cristina, em Santa Teresa, no Rio. Não teve filhos. Sua família levou o corpo para uma estância hidromineral do Sul de Minas e manteve escondida a morte por mais de três meses.

(Fonte: Zero Hora – Nº 13879 – 21 de agosto de 2003 – MEMÓRIA)

(Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com – EM DESTAQUE – CULTURA / Publicado: 03/05/18)

 

 

 

 

 

8 de maio de 2003 – A vedete e atriz Elvira Olivieri Cozzolino, a Elvira Pagã, morreu aos 82 anos no Rio de Janeiro (RJ). Ela teve falência múltipla dos órgãos. Elvira foi a primeira mulher da América Latina a usar um biquíni em público.

(Fonte: http://www.guiadoscuriosos.com.br/fatos_dia – 8 de maio)

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