Eduardo Gomes (1896-1981), brigadeiro, patrono da Força Aérea Brasileira e ministro da Aeronáutica

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Eduardo Gomes (1896-1981), brigadeiro, aviador, militar e político brasileiro. Patrono da Força Aérea Brasileira e ministro da Aeronáutica por duas vezes, no governo Café Filho (24 de agosto de 1954 a 11 de novembro de 1955) e no governo Castelo Branco (11 de janeiro de 1965 a 15 de março de 1967). Cultuado como herói da Aeronáutica, o brigadeiro “patrono da Força Aérea Brasileira”, projeto do senador Luís Viana no Congresso. Viana descobriu que o lugar de patrono da FAB já está ocupado, desde 1971, por Santos Dumont. “Se Santos Dumont não é o patrono de toda a aviação, terá que ser promovido”, defendeu o senador. Nasceu em Petrópolis em 1896. Em 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, foi promovido a brigadeiro. Participou da organização e construção das Bases Aéreas que iriam desempenhar importante papel no esforço dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.

TENTATIVA DE SEQUESTRO – Promovido Santos Dumont, Eduardo Gomes passa a ser o patrono da Arma à qual dedicou sua vida. Derrotado duas vezes em eleições presidenciais – em 1945, pelo marechal Eurico Gaspar Dutra, e em 1950, por Getúlio Vargas – Gomes cumpria a biografia de um liberal. Na Aeronáutica, era visto como um ídolo dos quadros mais jovens: o ministro Délio Jardim de Mattos tratava-o com reverência filial. Recentemente, Délio reformou um dos quartos da casa, em Brasília, para abrigar Eduardo Gomes por uma temporada – mas o brigadeiro, que o visitou há um mês, morreu antes que a obra terminasse.

Dentro da FAB, o brigadeiro deixou marcas de seu percurso como irredutível liberal. Em 1971, Eduardo Gomes foi a peça central de uma desavença que tirou da Aeronáutica algumas funções no combate ao terror e transformou-a em força essencialmente técnica. Uma obscura tentativa de seqüestro do brigadeiro provocou reações dentro da Arma contra vários expoentes de sua linha dura. A polêmica custou o cargo do à época ministro da Aeronáutica Márcio de Souza e Mello e abriu espaço para homens como Délio Jardim de Mattos, que então comandava a Base Aérea de São Paulo e se recusava a abrigar presos políticos. Em 1975, Eduardo Gomes enviou uma carta ao presidente Ernesto Geisel pedindo a recondução, à ativa da Aeronáutica, do capitão Sérgio Carvalho, punido pelo AI-5 por se recusar a comandar subordinados em atos de terrorismo político.

Em sua longa vida, Eduardo Gomes simbolizou muitas coisas. Era sinônimo de coragem e bravura pessoal na década de 20, representando o lado idealista e não politiqueiro do Tenentismo0 ao participar do episódio dos 18 do Forte. Na década de 40, quando disputou e perdeu duas eleições presidenciais, sem jamais discutir os resultados, foi homenageado com versos de Manuel Bandeira, em louvor a sua pureza política. Nos anos mais escuros da década de 70 lembrou aos militares seus compromissos com o ideal democrático. Agora, com seu coração, o ministro Délio Jardim de Mattos quer fazer de Eduardo Gomes um modelo para a Aeronáutica. O coração do brigadeiro Eduardo Gomes, parou de bater aos 84 anos, dia 13 de junho de 1981, vítima de parada cardíaca, conservado em substância química, ficará em exposição permanente na Academia da Força Aérea no Rio de Janeiro. O brigadeiro foi formalmente sepultado com honras de chefe de Estado. As homenagens oficiais foram discretas. Quando o caixão foi depositado no Mausoléu da Aeronáutica, o governo se fazia representar apenas pelo chefe do Gabinete Militar, general Danilo Venturini.

(Fonte: Veja, 24 de junho, 1981 – Edição n.° 668 – Datas – Pág; 128 – Memória/ Pág; 24)

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