Eduardo Galvão, o maior e um dos primeiros antropólogos brasileiros.

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Foi um dos primeiros antropólogos brasileiros

Eduardo Galvão (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1921 – 26 de agosto de 1976), o maior e um dos primeiros antropólogos brasileiros. Trabalhou na Divisão de Antropologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), até 1976. Eduardo Galvão, antropólogo do Museu Goeldi, organizou o “Simpósio da Biota Amazônica”, em Belém.

Eduardo Enéas Gustavo Galvão, ou, simplesmente, Eduardo Galvão, como era e é conhecido, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, ao tempo, Estado da Guanabara, a 25 de janeiro de 1921. Faleceu no dia 26 de agosto de 1976.

Galvão era filho do militar Edmundo Enéas Galvão e de d. Laetitia L. do Rego Barros Galvão e foi casado com d. Clara Galvão, esposa e colega de trabalho. D. Clara acompanhou as atividades científicas de seu esposo ao longo de toda a vida como bibliotecária, tendo ocupado esta função no Museu Paraense “Emílio Goeldi”, em Belém. Não tiveram filhos.

Eduardo Galvão foi um dos maiores antropólogos culturais brasileiros. Ao lado de Herbert Baldus, Darcy Ribeiro, Egon Schaden e Roberto Cardoso de Oliveira, foi um dos pais fundadores da antropologia científica no Brasil. Galvão formou-se, em 1946, em Bacharel em Geografia e História, no Instituto Lafayete, que veio a transformar-se na Faculdade de Filosofia da Universidade do Estado da Guanabara, hoje, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Galvão teve o privilégio de ter sido o primeiro antropólogo brasileiro a ter doutorado e o primeiro a conquistar este título, ou seja, o PhD, no exterior, na Universidade de Columbia, NY, USA.

Em 1939, aos 18 anos, antes de ingressar na Universidade, Galvão foi admitido como estagiário na Divisão de Antropologia do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Em 1941, foi contratado por esta instituição como naturalista, função que exerceu até 1947, quando, já bacharelado, dirigiu-se aos Estados Unidos, para fazer sua pós-graduação. Em 1950, foi admitido como pesquisador do Museu Nacional, que, então, já fazia parte da Universidade do Brasil, depois, UFRJ. Em 1952, defendeu seu PhD na Universidade de Columbia, USA, e, neste mesmo ano, foi contratado para trabalhar como Chefe de Seção de Orientação e Assistência do Serviço de Proteção aos Índios-SPI, função na qual permaneceu, ao lado de Darcy Ribeiro e Roberto Cardoso de Oliveira, até 1955, quando foi admitido como pesquisador e Chefe da Divisâo de Antropologia do Museu Paraense “Emílio Goeldi”, em Belém, Pará. De 1961 a 1962 foi Diretor do M. P. “E. Goeldi”. Em 1963, no governo João Goulart, foi para a nova Universidade de Brasília, onde ocupou as funções de Coordenador do Instituto de Ciências Humanas e de professor titular da mesma instituição. Em 1964, foi o Chefe do Dept. de Antropologia da mesma Universidade. Em 1965, em decorrência da crise na Universidade em plena ditadura militarista, com persaguição a professores, retornou ao Mus. P. “E. Goeldi”, passando, novamente, a chefiar a Div. de Antropologia da instituição, função em que permaneceu até a sua aposentadoria. Era pesquisador do CNPq..

Galvão pesquisou sociedades indígenas, principalmente, no Parque Indígena do Xingu, no Rio Negro e no Maranhão. Esteve, em companhia de Charles Wagley, estudando os índios Tapirapé, de MT. Com este mesmo antropólogo, estudou os índios Tenetehára, no Maranhão. Esteve com os índios Caiuá, em Mato Grosso. Pesquisou, em companhia de Wagley, seu orientador de pesquisa na pós-graduação, uma comunidade cabocla no Baixo Amazonas, na vila de Gurupá (Itá), PA, estudo que serviu de base à elaboração de sua tese de doutorado. Também, fez pesquisa arqueológica na região de Santarém, PA. Foi à aldeia dos índios Tiriyó, no Tumucumaque, PA. Visitou os índios Anambé, no vale do Rio Moju, PA.

No Pq. Indígena do Xingu, pesquisou os grupos tribais Kamaiurá, Kayabí, Juruna e Suiá. Na Região do Rio Negro, pesquisou as relações entre índios e a sociedade nacional e os processos de mudanças culturais que ocorrem entre essas sociedades; as sociedades tribais analisadas foram as dos índios dos rios Içana e Uaupés (Alto Rio Negro) e do Médio Rio Negro.

A contribuição nuclear dos estudos antropológicos de Galvão se reportam à questão da aculturação, pois sua formação científica em antropologia cultural valorizava a temática da mudança cultural no encontro de sociedades, tanto de culturas indígenas com a cultura nacional brasileira (interétnica), quanto entre culturas indígenas entre si (intertribal).

Foi receptor de influências teóricas, no campo da aculturação, de seu orientador no doutorado Charles Wagley, de Kroeber, Linton, Murdock e Steward. Desenvolvendo estudos sobre a aculturação dos índios existentes no território brasileiro, elaborou uma proposta seminal, a hipótese sobre a existência de Áreas Culturais Indígenas do Brasil. Em cada área situar-se-iam grupos indígenas que se encontram em situação de contato interinfluenciando-se culturalmente, assim como, contactando com a sociedade inclusiva, do que decorrem mudanças culturais e a constituição de novas formas culturais envolvendo as sociedades comprometidas com o processo.

Estudou a sociedade cabocla já constituída em uma comunidade tipicamente cabocla no Baixo Amazonas, em Gurupá (Itá), Pará – tendo servido este último estudo à sua tese de doutorado defendida na Universidade de Columbia, nos USA -, assim como, sociedades indígenas se caboclisando e provocando mudanças nas sociedades mestiças envolventes, em processo de mudança cultural, especialmente no região do Alto Rio Negro e no Maranhão, sendo que neste estado, decorrente das mudanças que se efetivam na sociedade dos índios Tenetehára em contato com o “mundo dos brancos”.

Entre seus quase cinquenta trabalhos publicados no Brasil e no exterior, destaco os que se seguem: o livro Santos e Viagens: Um estudo da vida religiosa de Itá, Amazonas, Ed. Nacional, Rio de Janeiro, 1955; o livro em co-autoria com Charles Wagley – Os índios Tenetehára, uma cultura em transição, MEC, 1961; Aculturação indígena no Rio Negro, Bol. do Mus. P. “E. Goeldi”, Belém, 1959; Áreas culturais indígenas do Brasil, Bol. do Mus. P. “E. Goeldi”, Belém, 1960; Mudança e sobrevivência no Alto Xingu, Brasil Central, Rev. de Antropologia, São Paulo, 1967.

(Fonte: www.carlosbranco.jor.br – Tempo-Espaço e Memória/ Por Orlando Sampaio Silva – Professor Titular da UFPA. Doutor em Ciências Sociais(Antropologia – 21/11/2006)
(Fonte: Rollingstone.com.br – N.° 55 – Abril 2011 – Xingu – Pág; 97)

HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA NO BRASIL – OS PIONEIROS
A Primeira Fase da História da Antropo¬logia no Brasil pode ser convenientemen¬te delimitada entre 1835, com a descober¬ta por Peter W. Lund (1801-1880) do material ósseo de Lagoa Santa e 1933 (imediatamente antes da fundação da Universidade de São Paulo, em 1934).

História da Antropologia no Brasil.
Os pioneiros (1835-1933)

Personagens Datas Natureza do estudo

P.W. Lund 1835-1844 Estudos paleoantropológicos em Lagoa Santa

J. Barbosa Rodrigues 1872-1899 Etnologia e arqueologia

P. Ehrenreich 1887-1897 Expedições de estudo de indígenas brasileiros

R. Nina Rodrigues 1890-1904 Estudos africanistas

K.E. Ranke 1898-1907 Expedições de estudo de indígenas brasileiros

H. von Ihering 1898-1914 Investigações de caráter geral

T. Koch-Grünberg 1903-1904 Etnologia indígena

Curt Nimenendaju 1914-1933 Etnologia e arqueologia

E. Roquete Pinto 1917-1942 Investigações de caráter geral

(Fonte: www.periodicos.ufpa.br – F rancisco M. S alzano – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil)

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