Dick Farney (1922-1987), cujo nome verdadeiro era Farnésio Dutra e Silva. Cantor e pianista carioca

Dick Farney: um cantor da noite para o Brasil

Dick Farney (1922-1987), cujo nome verdadeiro era Farnésio Dutra e Silva. Cantor e pianista carioca, era sobretudo apaixonado por jazz. Os admiradores do cantor Dick Farney costumam lhe atribuir uma façanha – com seu estilo de cantar intimista, quase sussurrado ele teria aberto as portas para os cantores da bossa nova. Em contrapartida, não falta quem o acuse de adocicar o samba e apresentar a aposentadoria dos vozeirões característicos da música popular brasileira dos anos 40 e 50.

Sua matéria-prima era a música que, na adolescência, ouvia sair do seu rádio de ondas curtas, que lhe permitia sintonizar os principais programas musicais americanos. Pelo rádio ele aprendeu não só a gostar da música de Frank Sinatra, Nat King Cole e Bing Crosby como aperfeiçoou o seu inglês já fluente, até não ter mais sotaque. Depois de ensaiar uma carreira de sucesso nos Estados Unidos, nos anos 40, tornou-se um dos mais festejados cantores da noite no Brasil, interpretando a música americana ou combinado-a ao suingue brasileiro.

Farney dizia que criou seu estilo por não encontrar na música brasileira “nada que se pudesse cantar no ouvido da namorada”. Gravando, cantando nas rádios ou à frente das orquestras cariocas do início dos anos 40, ele acabou sendo visto pelo pianista americano Eddie Duchin, que se apresentava no Cassino da Urca e o convidou a conhecer Hollywood. Ele vendeu seu Buick 1941 e comprou passagens para Los Angeles. Entre 1946 e 1947 transformou-se em crooner das orquestras de Buddy Rich, Gene Krupa e Paul Baron, ficou amigo de Nat King Cole, Frank Sinatra e Doris Day e gravou com Tony Benett. Farney voltou ao Brasil como astro e, a partir de então, suas gravações de Copacabana, Marina, Nick Bar e Teresa da Praia tornaram-se clássicos da MPB. Foram estas canções que ele repetiu infinitas vezes por quase quatro décadas como cantor da noite, especialmente em São Paulo, onde vivia com sua mulher a ex-aeromoça Zean. Farney morreu dia 5 de agosto de 1987, aos 65 anos, vítima de edema pulmonar, em São Paulo.

(Fonte: Veja, 12 de agosto, 1987 – Edição N° 988 – DATAS – Pág; 100)