Carbono líquido é criado em laboratório pela primeira vez na Alemanha e pode impulsionar fusão nuclear
Material, alcançado sob pressão extrema e temperatura altíssima, pode atuar como agente de resfriamento e moderador de nêutrons em reatores de fusão nuclear do futuro
Cientistas conseguiram criar e observar carbono em estado líquido em laboratório pela primeira vez na história — um processo que antes era considerado impossível. A conquista foi liderada pela Universidade de Rostock, na Alemanha, e pelo centro alemão Helmholtz-Zentrum Dresden-Rossendorf (HZDR).
“Essa é a primeira vez que conseguimos observar experimentalmente a estrutura do carbono líquido”, disse o professor Dominik Kraus, líder do grupo de estudo, ao Interesting Engineering. O estudo foi publicado na quarta-feira (21) no site da revista Nature.
Segundo o pesquisador, o carbono líquido apresenta uma estrutura complexa e única, semelhante à da água em termos de propriedades estruturais especiais.
Esse estado só é alcançado sob pressões extremas e temperaturas de cerca de 4.500 °C, o ponto de fusão mais alto conhecido — condições que normalmente fazem o carbono passar diretamente do estado sólido para o gasoso.
O carbono líquido pode desempenhar dois papéis nos reatores de fusão nuclear do futuro:
- Agentes de resfriamento: suportando temperaturas altíssimas.
- Moderadores de nêutrons: desacelerando partículas essenciais para manter a reação de fusão.
Essas propriedades tornam o material ideal para ambientes extremos, como os esperados em futuras usinas de fusão.
Para o processo, foi utilizado o laser DiPOLE 100-X, desenvolvido pelo centro de pesquisa e inovação do Reino Unido.
Potencial do estudo
A pesquisa, segundo Kraus, pode impulsionar novos conceitos relacionados à fusão nuclear.
“No futuro, resultados que atualmente exigem várias horas de experimentação poderão estar disponíveis em apenas segundos, assim que os sistemas automáticos de controle e processamento de dados forem otimizados”, concluiu o comunicado à imprensa.
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