Chiquinho de Moraes, era maestro, arranjador e compositor, começou a carreira tocando piano para a cantora Celly Campello em gravações que viraram clássicos, como Estúpido Cupido e Banho de Lua

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Maestro Chiquinho de Moraes, maestro genial da MPB, arranjador de Roberto Carlos e Elis Regina

O maestro Chiquinho de Moraes. (Foto: Evelson de Freitas/Estadão)

© Fornecido por Estadão

 

O pianista paulista está eternizado pelos arranjos orquestrais de discos e shows de Elis Regina, Edu Lobo, Erasmo Carlos, Nana Caymmi, Roberto Carlos e Simone, entre outros nomes.

 

Chiquinho de Moraes (1937 – 2023) – ao centro – em 1973 entre Billy Blanco (1924 – 2011), à esquerda, e Aloysio de Oliveira (1914 – 1995) — Foto: Reprodução / Internet

Chiquinho de Moraes (1937 – 2023) – ao centro – em 1973 entre Billy Blanco (1924 – 2011), à esquerda, e Aloysio de Oliveira (1914 – 1995) — (Foto: Reprodução / Internet)

 

Manoel Francisco de Moraes Mello (Campinas (SP), 16 de abril de 1937 – Cesário Lange (SP), 30 de abril de 2023), era maestro, arranjador e compositor conhecido como Chiquinho de Moraes

Chiquinho, começou a carreira no final dos anos 1950 tocando piano para a cantora Celly Campello em gravações que viraram clássicos, como Estúpido Cupido e Banho de Lua.

Contratado pela TV Record, passou a fazer arranjos para os programas da emissora, entre eles, O Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues. Chiquinho ainda trabalharia com Elis em seus discos do início dos anos 1970. É dele, por exemplo, os arranjos da canção Black is Beautiful, de Marcos e Paulo Sérgio Valle.

Foi na TV Record também que se deu seu encontro com o cantor e compositor Roberto Carlos, de quem passou a ser arranjador em discos e shows. Trabalharam juntos entre os anos de 1970 e 1977. Chiquinho está na ficha técnica de discos que tem gravações como RotinaO Show Já Terminou e A Deusa da Minha Rua.

O talento de Chiquinho também está em outras importantes gravações da música popular brasileira. Ele atuou ao lado de nomes como Edu Lobo e Chico Buarque. Para eles, fez a orquestração do álbum O Grande Circo Místico, de 1983. Neste álbum, estão gravações como a que Milton Nascimento para a música Beatriz.

Nascido em Campinas (SP), Chiquinho se diplomou no estudo do piano, instrumento que começou a tocar ainda na infância. Na sequência, estudou harmonia, contraponto e fuga com César Guerra-Peixe (1914 – 1993), outro maestro reconhecido pela maestria.

Músico profissional desde os 14 anos, idade em que começou a tocar o teclado solovox no conjunto de Mário Gennari Filho (1929 – 1989), Chiquinho tocou piano na noite da cidade de São Paulo (SP) até começar a trabalhar como arranjador para as gravadoras.

Os primeiros arranjos foram feitos em 1959, na Odeon, para a cantora Celly Campello (1942 – 2003). Coube ao então debutante artista arranjar as célebres gravações de Estúpido cupido (Stupid cupid – Neil Sedaka e Howard Greenfield, 1958, em versão em português de Fred Jorge, 1959) e Banho de lua (Tintarella di luna – Bruno Defilippi e Francesco Migliacci, 1959, em versão em português de Fred Jorge, 1960).

Os arranjos feitos para Celly simbolizaram o início da escalada vertiginosa de Chiquinho de Moraes na área da orquestração. Tanto que, já na segunda metade dos anos 1960, Chiquinho passou a trabalhar com Elis Regina (1945 – 1982) em discos e shows após ter gravado e assinado, como Francisco Morais, discos como O baile da menina moça (1960) e Quando os brotos se encontram (1961).

Nessa época, Chiquinho era também o maestro dos programas musicais da TV Record em função que, anos depois, assumiria na TV Globo e em outras emissoras. De 1970 a 1977, o maestro trabalhou com Roberto Carlos em discos e shows do cantor.

Nos anos 1980, Chiquinho solidificou a parceria com Edu Lobo, trabalhando nos arranjos das músicas compostas por Edu com Chico Buarque para a antológica trilha sonora do balé O grande circo místico (1983).

O arranjo estupendo criado por Chiquinho de Moraes para a gravação da música A máquina voadora (Ronnie Von e San Martin, 1970) para o álbum homônimo de Ronnie Von é somente um entre centenas de possíveis exemplos da maestria do maestro.

A marca orquestral dos arranjos de Chiquinho de Moraes está impressa em discos de Caetano Veloso, Chico Buarque, Erasmo Carlos (1941 – 2022) – Erasmo Carlos e Os Tremendões (1970) e Carlos, Erasmo… (1971), álbuns que promoveram virada na carreira do Tremendão – e Gal Costa (1945 – 2022) em lista extensa que vai do A de Antonio Marcos (1945 – 1992) ao Z de Zizi Possi, passando por Milton Nascimento, Nana Caymmi e Simone.

Na lista de Chiquinho ainda há outros medalhões da música brasileira, entre eles Gal Costa, Simone, Nana Caymmi, Ivan Lins, Erasmo Carlos, Marília Medalha, Moraes Moreira, e Emílio Santiago. Por esse motivo, e por sua habilidade em escrever arranjos para cordas, e, muitas vezes, salvar uma gravação, ganhou o apelido de “o herói da MPB”.

Chiquinho também foi contratado da TV Globo, onde fez arranjos e compôs trilhas de abertura de programas.

É fácil encontrar o nome de Manoel Francisco de Moraes Mello nos créditos dos discos das maiores estrelas da MPB dos anos 1960 e 1970. Basta procurar por Chiquinho de Moraes, como ficou celebrizado no meio artístico este pianista e (genial) arranjador e maestro paulista.

Enfim, a maestria do maestro está imortalizada na MPB.

A certa altura da vida, decidiu viver recluso no interior de São Paulo e se afastou do meio musical. Em 2013, o repórter do Estadão, Julio Maria, conseguiu localizá-lo e bater um papo com Chiquinho. Na época, ele falou sobre seu começo e de como virou músico. Também contou histórias como a do dia em que chamou a cantora Simone para briga e revelou as manias do rei Roberto Carlos.

“Eu queria ser advogado, mas minha mãe, quanto ignorância, falou que Direito era profissão de vagabundo. E então, depois de me ver segurando um galho de árvore para imitar um maestro que regia um grupo no coreto da minha cidade, Tietê, ela decidiu que eu seria músico”, disse Chiquinho.

Chiquinho de Moraes faleceu no domingo, 30 de abril. Ele tinha 87 anos e estava internado na Santa Casa de Cesário Lange, no interior de São Paulo, onde tratava de um câncer avançado. Chiquinho foi sepultado na segunda-feira, dia 1º de maio, em Cesário Lage.

De acordo com o músico Otavio de Moraes, filho de Chiquinho, o pai foi vítima de covid, contraída no hospital. Otávio definiu o pai como “recluso, complexo, imprevisível e excêntrico”, escreveu em sua página do Facebook.

(Crédito: https://www.msn.com/pt-br/musica/noticias – MÚSICA/ NOTÍCIAS/ por Danilo Casaletti – Estadão Conteúdo – 1° de junho de 2023)

(Crédito: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2023/05/01 – POP & ARTE/ MÚSICA/ Por Mauro Ferreira – 01/04/23)

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em ‘O Globo’ e ‘Bizz’. Faz um guia para todas as tribos

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