Charles Sanders Peirce, contribuiu significativamente para a abertura de novos caminhos ao questionar filosófico

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Charles Sanders Peirce (Cambridge, 10 de setembro de 1839 – Milford, 19 de abril de 1914), é considerado um dos principais nomes da filosofia americana. Possuidor de uma obra de extrema originalidade e de volume notável, contribuiu significativamente para a abertura de novos caminhos ao questionar filosófico. 

 

Linguista, Peirce se dedicou a diversos estudos no campo da semiótica e é referência até hoje na área.

 

Apesar disso, contraria as previsões astrológicas do signo de virgem: virginianos são normalmente perfeccionistas e cuidadosos, e o pensador era considerado descuidado e excêntrico.

 

Ao morrer, deixou mais de 80 mil páginas de manuscritos, material que sua mulher organizou e vendeu para a Universidade de Harvard, sendo publicados depois de sua morte.

 

Peirce, nascido a 10 de setembro de 1839, em Cambridge (Massachusets) e falecido a 19 de abril de 1914, em Milford (Pennsylvania), estudou com muito cuidado tudo o que se julgava importante nos métodos de investigação. Estudioso disciplinado, dedicou especial atenção às ciências exatas, convivendo com as mais ilustres mentes das ciências físicas, às quais ele próprio trouxe algumas boas contribuições. Estudou profundamente lógica, em especial o pensamento medieval, não se furtando ao grego, inglês, alemão e francês.

Ainda muito cedo, por volta dos 16 anos de idade, se colocou frente à Crítica da Razão Pura, de Kant, empreendendo incansáveis estudos por mais de três anos, chegando ao ponto de sabê-la de cor. Esse estudo acarretou uma admiração profunda por este autor. Uma admiração que não se resumiu à idolatria, mas sim a uma crítica séria e obstinada.

Considerava a filosofia de tradição alemã uma grande fonte de sugestões filosóficas que se contrapunha à de tradição inglesa considerada por ele destituída de bases, porém, dona de “métodos mais seguros e mais acurada lógica.” Percebeu em Duns Scotus, dadas as devidas reformulações em favor de uma cultura moderna e o controle do criticismo do nominalista, uma lógica e uma metafísi-ca que poderiam ajudar na construção de uma filosofia que melhor se harmonizasse coma as ciências físicas.

Peirce, sem dúvida era um cientista. Segundo suas próprias palavras: … minha filosofia pode ser descrita como a tentativa que um físico desenvolve no sentido de fazer conjetura acerca da constituição do universo, utilizando métodos científicos e recorrendo à ajuda de tudo quanto foi feito por filósofos anteriores. Apoiarei minhas proposições nos argumentos que estejam a meu dispor. De prova demonstrativa não cabe cogitar. As demonstrações dos metafísicos não passam de aparências. O mais que se pode conseguir é fazer surgir uma hipótese não inteiramente despida de procedência, que se coloque na linha geral de desenvolvimento das idéias científicas e que seja suscetível de ver-se confirmada ou refutada por observadores futuros.

 

Como cientista e autor versátil, incursionou por diversas áreas de pesquisa. Exerceu grande influência sobre a formulação teórica do pragmatismo e da lógica clássica. Efetuou ótimos trabalhos sobre a lógica dos relativos, a teoria dos signos, o método científico, pro-babilidade e indução e lógica da matemática.

 

Outros trabalhos também mereceram sua atenção. Entre eles encontramos estudos em geodesia e astronomia, gravitação, química, física, criminologia, telepatia, metrologia, biologia, espectrologia, óptica, filologia, arquitetura, lingüística e história. Contribuiu consideravelmente com a psicologia, tornando-se um dos primeiros psicólogos experimentais da América. Conhecia mais de uma dezena de línguas, era grande apreciador de Shakespeare e Edgar Allan Poe. Além de ter escrito um longo conto (A Tale of Thessaly), já quase no final de sua vida, escrevia uma peça de teatro.

 

Sua inegável cultura pode ser melhor entendida ao se levar em conta que seu pai, Benjamim Peirce, fora um dos mais renomados matemáticos de sua época. Professor de Harvard, seu pai fez de sua casa “centro de reuniões”, convergindo as mais brilhantes mentes de seu tempo para um convívio freqüente. Foi em meio a este borbulhar de pensamentos, científicos e artísticos, que Peirce cresceu e se bacharelou como químico-físico em Harvard University.

 

Apesar de sua atual notoriedade, não conseguiu grande aceitação entre seus contemporâneos. Jamais publicou um livro em filosofia e não conseguiu se firmar como professor universitário, com exceção de curtos e espaçados períodos. Atuou como professor convidado, na mesma Harvard em que se formou, nos anos 1864-65 e em 1869-70 e na Universidade Johns Hopkins em 1979 e 1884. Enfim, sua vida acadêmica ficou muito abaixo do que se poderia esperar após a leitura de seus textos. Suas publicações foram raras e freqüentemente em periódicos comuns, em especial os The Monist e Popular Science Monthly.

 

Uma grande diversidade de estudos que possuía um “fio condutor” em comum: a lógica, uma paixão que se apresentou constante por toda sua vida. Quando indicado em 1867, para ingressar na Academia Americana de Ciências e Artes, apresentou somente cinco estudos, todos em lógica. Foi indicado para a Academia Nacional de Ciências durante cinco anos consecutivos, em todos apresentou somente trabalhos em lógica. Finalmente quando aceito como membro em 1877 agradeceu a implícita aceitação da lógica como ciência, pois em sua época a mesma não possuía tal reconhecimento.

 

Em vida, Peirce trabalhou a maior parte de seu tempo como assistente num observatório de Harvard College. Ao se aposentar tentou se manter como free lancer, atuando como químico em seu laboratório, fruto de uma herança. Mais tarde demonstrou interesse em receber alunos em sua casa, indicados pela Universidade de Johns Hopkins. Infelizmente isto nunca aconteceu, mesmo depois de demonstrar interesse em deixar aquela casa para a Universidade.

 

Seus manuscritos inéditos foram vendidos ao Departamento de Filosofia da Harvard University, pela importância de quinhentos dólares, como forma de aniquilar despesas, inclusive as do próprio funeral. Foi com base nestes textos que a Harvard University Press pode realizar a primeira grande publicação dos escritos de Peirce: “THE COLLECTED PAPERS OF CHARLES SANDERS PEIRCE”, cujo conteúdo abrange todo o pensamento peirciano e, ainda hoje, se apresenta como principal fonte de referência ao autor.

Peirce, ao construir sua classificação das ciências, tomou emprestado de Conte a ideia de que cada ciência depende dos princípios que outras ciências mais gerais lhe fornecem, excetuando-se a matemática que, sendo a mais geral e abstrata, tem suas formulações, fundamentalmente hipotéticas, independentes de qualquer outra ciência. Sua classificação objetivou as principais afinida-des das ciências de seu tempo. Possuía uma preocupação especial com o modo de se viver cada uma delas.

 

Cabe saber que Peirce entendia a existência de três tipos de homens: o primeiro é aquele que tem nas qualidades de sentimento sua maior devoção, um artista para o qual o mundo é uma pintura. O segundo é o responsável pelos negócios do mundo, prático, admira o poder enquanto pode exercê-lo. Enfim, o terceiro é aquele homem que nada se lhe apresenta grande frente à razão. “…para o homem da terceira classe, isto é um cosmos, tão admirável, que penetrar por este caminho parece a ele a única coisa que faz sentido na vida”. Este terceiro homem é o único capaz de ter sucesso como cientista.

 

Segundo o próprio autor a ciência não consiste em acúmulo de conhecimento ou conhecimento organizado, mas sim no modo de viver de alguns homens, na vida dedicada a investigação da verdade, fruto de forte impulso para se penetrar na razão das coisas. Por isso não é o conhecimento, mas o amor pelo saber, que caracteriza o homem científico.  E é este amor que irá conduzi-lo a uma ou a outra ciência. 

 

Peirce entendia toda ciência como sendo uma Ciência da Descoberta, uma Ciência de Revisão, ou uma Ciência Prática. À primeira caberia a busca mais radical pela verdade, no caminho de respostas a perguntas mais gerais e abstratas. Com a segunda ficaria a respon-sabilidade de tornar estas descobertas legíveis para as demais ciências. Por fim, ter-se-ia a que se preocuparia com problemas mais particulares e específicos.

 

Em texto posterior a este, Peirce reconhece duas ramificações nas ciências: Ciências Teóricas, aquelas cujo propósito é simples e unicamente o conhecimento da verdade. Ciências Aplicadas, aquelas que embora busquem a verdade; fazem-no com vistas à vida quotidiana. No mesmo texto propõe que internamente às Ciências Teóricas ter-se-ia dois ramos principais, onde se encontram as Ciências da Descoberta e as Ciências de Revisão.

 

(Fonte: http://www.unopar.br/portugues/revfonte/artigos)

JORGE LUIZ VARGAS P. DE BARROS PIRES, mestrando em Filosofia, área de concentração Ciências Cognitivas e Filosofia da Mente – UNESP/Marília

(Fonte: https://noticias.bol.uol.com.br – Conheça alguns dos maiores pensadores da Humanidade – 06/06/2018)

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