Carlos Leão, recebeu elogios do poeta Carlos Drummond de Andrade, da escritota Rachel de Queiroz

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Singela nudez

Carlos Leão (Rio de Janeiro, 1906 – Rio de Janeiro, 1983), arquiteto, pintor e desenhista carioca. Dedicou-se a pintar garotas nuas, flores e frutas, temas que agradam à vista.

Formou-se pela Escola Nacional de Belas-Artes em 1931.

Tímido, avesso à publicidade pessoal, condição provavelmente agravada pelo que ele considera “uma das mazelas da velhice” – surdo de um ouvido -, o artista achava curioso que um crítico brasileiro, ao ressaltar em sua obra a ausência de intenções cerebrais, o tenha comparado ao mestre Matisse.

Pintando de preferência jovens nuas, tendência erótica revelada, desde sua primeira exposição, em 1966, montada por insistência de Suzana de Moraes, e seu modelo preferido. O próprio Vinicius considerava o desenho do artista de “profunda sensualidade, simplesmente incomparável…”

LEVAR PARA CASA – De fato, horrorizado que saiu da escola de medicina durante sua primeira aula prática de autópsia, Carlos Leão formou-se posteriormente arquiteto, vindo a ser considerado, em sua época – nos anos 30 -, um dos melhores profissionais do ramo, integrante inclusive da equipe que projetou a construção do famoso edifício do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, em 1936.

Muito mais tarde, já aos 62 anos de idade, cansado da arquitetura, comprou uma fazenda no Estado do Rio de Janeiro, onde dedicou-se à vacas e ao desenho, “pois sempre detestou fazer plantas”, tarefa principal do arquiteto.

Inicialmente, seus desenhos eram dados aos amigos, já que nunca pensou em expor: “Eu não me achava suficiente artista”. Preocupação logo desfeita, à medida que sua obra foi tendo grande aceitação, recebendo elogios de artistas do porte do poeta Carlos Drummond de Andrade, da escritota Rachel de Queiroz e do paisagista Roberto Burle Marx. Mas o artista gostou mesmo de lembrar o que de sua obra disse o cronista Rubem Braga, e que definiu com precisão o desejo de quem está diante de um de seus belos e singelos trabalhos: “A vontade que dá é de levar para casa os quadros porque parecem pessoas da família.”

(Fonte: Veja, 15 de outubro de 1980 – Edição 632 – ARTE/ Por Wladir Dupont – Pág; 173)

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