Bo Goldman, roteirista premiado de “Um Estranho no Ninho”
Bo Goldman, roteirista premiado de “Um Estranho no Ninho”. (© Divulgação/ABC)
Robert Goldman (Nova York, 10 de setembro de 1932 – Helendale, Califórnia, 25 de julho de 2023), roteirista vencedor do Oscar por “Um Estranho no Ninho” (1975) e “Melvin e Howard” (1980).
Foi um dos roteiristas mais admirados de Hollywood, que levou o Oscar por seu trabalho em Um Estranho no Ninho (1975) e Melvin and Howard (1980).
Goldman estava lutando para ganhar a vida como escritor até que o diretor Milos Forman viu o roteiro que ele havia escrito para um projeto chamado Shoot the Moon – seu primeiro roteiro – e, impressionado, convidou-o a tentar adaptar o romance de Ken Kesey “Um Estranho no Ninho” para as telas.
O filme resultante, estrelado por Jack Nicholson como um novo paciente rebelde que perturba uma ala psiquiátrica, foi lançado em 1975 e fez carreira.
Goldman e Lawrence Hauben (1931-1985), que dividiram o crédito de roteirista, ganharam o Oscar de melhor roteiro adaptado de outro material. O filme também foi eleito melhor filme e rendeu Oscars para Forman, Nicholson e Louise Fletcher, que interpretou a feroz enfermeira Ratched. “Mesmo assim, fiquei de cabeça baixa”, escreveu Goldman em um ensaio de 1981 para o The New York Times sobre as inseguranças da vida de um escritor.
“Afinal de contas, eu havia adaptado o trabalho de outra pessoa. Será que era realmente meu?” Talvez não tenha ajudado o fato de Kesey ter denunciado a adaptação. Se essa dúvida o incomodava, foi certamente dissipada quando seu roteiro original para “Melvin e Howard” lhe rendeu seu segundo Oscar, dessa vez de melhor roteiro escrito diretamente para a tela.
Esse filme foi baseado na história de Melvin Dummar, dono de um posto de gasolina em Utah que alegou que Howard Hughes, em um testamento escrito à mão, havia lhe deixado uma parte de sua vasta fortuna.
Vincent Canby, no Times, chamou o filme de “uma expressão satírica do sonho americano nos últimos anos do século XX”. O Círculo de Críticos de Cinema de Nova York o considerou o melhor filme do ano e concedeu a Goldman o prêmio de melhor roteiro.
Nascido em Nova York, o escritor era filho de Julian Goldman, proprietário da cadeia de lojas de departamento Goldman, que perdeu sua fortuna durante a Grande Depressão dos anos 1930. Desde cedo, ele frequentou apresentações teatrais com seu pai, um apoiador de shows da Broadway, e foi educado nas melhores escolas.
Primeiros passos no teatro e televisão
Enquanto estudava em Princeton, Goldman escreveu um musical, “Ham ‘n Legs”, que acabou sendo apresentado no “The Ed Sullivan Show”, programa de TV mais popular da época – onde Elvis e os Beatles cantaram. Após a faculdade e o serviço militar, Goldman começou sua carreira na televisão, onde editou, escreveu roteiros e atuou como produtor associado para a prestigiosa série de antologia “Playhouse 90” da CBS no final dos anos 1950. Ele também foi produtor associado em “The Philco-Goodyear Television Playhouse” e produtor do breve “The Seven Lively Arts” da CBS.
Em 1959, ele se lançou na Broadway, assinando tanto as letras quanto a música para uma adaptação musical de “Orgulho e Preconceito”, chamada “First Impressions”, que entretanto fracassou na bilheteria. A experiência negativa o levou de volta à TV, onde finalmente se especializou em roteiros, escrevendo uma adaptação do suspense “Agonia de Amor” (1947), de Alfred Hitchcock, transformada num telefilme de 1962 na rede NBC, e um episódio de 1964 da série “Os Defensores”.
“Um Estranho no Ninho”
A transição para o cinema foi marcada por seu trabalho em “Um Estranho no Ninho” (1975), que lhe rendeu seu primeiro Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, compartilhado com Lawrence Hauben. O drama psicológico, baseado no romance de Ken Kesey, girava em torno de Randle McMurphy (interpretado por Jack Nicholson), um prisioneiro que finge insanidade para ser transferido para uma instituição mental, acreditando que será um lugar mais confortável para cumprir sua sentença. No entanto, ele logo se depara com a rígida enfermeira Ratched (interpretada por Louise Fletcher), que governa o hospital com punho de ferro. McMurphy desafia a autoridade de Ratched e tenta inspirar os outros pacientes a se rebelarem contra as regras opressivas da instituição, resultando em um confronto emocional e trágico.
Filme mais celebrado de 1975, “Um Estranho no Ninho” também ganhou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor para Milos Forman, e Melhor Ator e Atriz para Jack Nicholson e Louise Fletcher, respectivamente.
“A Rosa” e “Melvin e Howard”
Seu roteiro seguinte foi “A Rosa” (1979), drama sobre uma roqueira autodestrutiva, inspirado na vida de Janis Joplin, que catapultou Bette Midler ao estrelato, indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel.
Em 1980, Goldman ganhou seu segundo Oscar, desta vez de Roteiro Original, por “Melvin e Howard”, uma sátira do Sonho Americano que contava a história de Melvin Dummar. O homem alegava ter conhecido Howard Hughes e ser um dos beneficiários de um testamento suspeito, que surgiu após a morte do excêntrico bilionário.
“Perfume de Mulher”
Com o reconhecimento da Academia, Goldman se tornou bastante requisitado para trabalhar em projetos dos grandes estúdios ao longo dos anos 1980 e 1990. Os destaques de sua filmografia incluem ainda o drama “A Chama que Não Se Apaga” (1982), de Alan Parker, “Espiões sem Rosto” (1988), de Richard Benjamin, “Perfume de Mulher” (1992) e “Encontro Marcado” (1998), ambos de Martin Brest, além de trabalho não creditado em filmes como “Segundo Turno” (1984), “Jogo da Vida” (1984) e “Dick Tracy” (1990).
Seu roteiro para “Perfume de Mulher”, adaptado do filme homônimo italiano de 1974, rendeu a Al Pacino um Oscar de Melhor Ator, além de render a Goldman uma última indicação na categoria de Melhor Roteiro Adaptado.
Final de carreira e legado
Seu último filme foi “Regras Não Se Aplicam” (2016), de Warry Beatty, em que voltou ao universo explorado em “Melvin Howard”.
Apesar do sucesso que alcançou, Goldman fez muitos filmes apenas por dinheiro. Pela qualidade de seus textos mesmo nos projetos mais comerciais, ele chegou a ser considerado um dos melhores roteiristas de sua geração.
Em 1998, Eric Roth prestou homenagem a sua filmografia, dizendo ao jornal New York Times que o “grande Bo Goldman” era “o roteirista preeminente – em minha opinião, o melhor que existe. Ele tem os créditos mais variados e inteligentes, de ‘Um Estranho no Ninho’ a ‘A Chama que Não Se Apaga’, o melhor filme de divórcio já feito, à ‘Perfume de Mulher’, à grande sátira ‘Melvin e Howard’. Ele raramente comete erros, e consegue manter uma voz americana distinta. E ele consegue se manter atual”.
Bo Goldman faleceu na terça-feira (25/7) em Helendale, Califórnia, aos 90 anos. A notícia foi confirmada por Todd Field, diretor e genro de Goldman.
(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – Pipoca Moderna/ CINEMA MODERNA/ História por Marcel Plasse – 27/07/23)
(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/entretenimento/noticias – Estadão Conteúdo/ ENTRETENIMENTO/ NOTÍCIAS/ História por Redação – 27/07/23)