Bebo Valdés, pianista cubano descrito como um dos gigantes da música cubana.

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Bebo Valdés (9 de outubro de 1918 – Estocolmo, Suécia, 22 de março de 2013), pianista e compositor cubano.

Bebo Valdés é descrito como “um dos gigantes da música cubana” em perfil do site especializado Allmusic. Ele dirigiu shows em casas noturnas a partir dos anos quarenta e foi muito ativo na cena musical cubana nos anos 50.

Bebo foi arranjador de diversas gravações, compôs mambos e organizou sessões de jazz afro-cubano. Ele saiu de Cuba nos anos 60 e passou a morar em Estocolmo, na Suécia.

Em 1994, após 34 anos longe de gravações musicais, Bebo voltou à indústria musical com “Bebo Rides Again”. Desde então vinte álbuns foram lançados com a participação do pianista.

Bebo Valdés morreu aos 94 anos, em 22 de março de 2013, na Suécia, onde vivia há mais de 40 anos.
(Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2013/03 – MÚSICA – Do G1, com AP – 22/03/2013)

Bebo Valdés, uma lenda cubana, um grande nome do jazz.

A história deste compositor e pianista, nascido em 09 de outubro de 1918, é uma história de sofrimento e de redenção, de escolhas que o levaram por caminhos difíceis, do sucesso ao ostracismo.

Na década de 30, Bebo começou a experimentar novos ritmos. É um dos criadores do mambo, junto com Israel “Chachao” Lopez e seu irmão Orlando Lopez e também do “batanga”.

Ele fez um grande sucesso em Cuba, tocava todos os dias no mais famoso cabaré de Cuba, o Tropicana e se tornou o diretor musical do clube. Quando o jazz chegou em Cuba com as bandas americanas na década de 40, ele se apaixonou pelo jazz, misturou com o mambo e foi um dos precursores do jazz afrocubano, que os americanos chamaram de latin jazz. Tocou com Nat “King” Cole and Sarah Vaughn.

Mas sua vida começou a mudar no final da década de 50, quando a revolução cubana começou a tomar corpo. Bebo conta que uma noite, em 1957, estava tocando no Tropicana e a casa estava lotada. Havia umas 3 mil pessoas. Os dois salões estavam abertos. Havia um moça belíssima sentada na mesa bem atrás dele, perto do piano. Estava com amigos e a família. A uma certa altura, ela estava dançando e se sentou de volta. Foi quando uma bomba explodiu e arrancou o braço da moça. Ele nada sofreu por causa de uma palmeira que estava entre ele e a bomba. Era o começo de seu desgosto com os revolucionários. Foram anos difíceis, porque bombas explodiam por toda a parte.

Em 1959, com a tomada do poder por Fidel Castro, começaram os problemas de Bebo Valdez. “Eles impunham alguém dentro da orquestra e começavam a mandar”. Ele se recusava a se enquadrar no regime e foi sendo gradativamente cerceado. Bebo conta como era o regime em 1960: “um dia veio a minha casa um capitão da guarda revolucionária. Queria que eu o acompanhasse à praça, onde Fidel Castro estava fazendo um discurso. Eu lhe perguntei se haveria música e ele me respondeu que Castro era música. Exigiam a minha filiação ao partido. Minha liberdade de movimento estava diminuindo.”

A política pouco lhe interessava, mas ele se recusou a ir. A negativa lhe valeu uma dura reprimenda por parte do novo diretor da Rádio Progresso. Um dia impediram-no de entrar na rádio, para dirigir sua orquestra: “Pero, mi orquesta toca a las siete…” E respondem: “Aquí la única persona que no está integrada eres tú”.

Bebo não era militante, não fazia contestações, apenas tentava manter sua dignidade. Ele perdeu o emprego no clube onde tocava e suas oportunidades começaram a minguar. As ameaças constantes de paredón ou de 20 anos de cadeia o motivaram a uma decisão drástica: sair de Cuba. Ele combinou com outro músico e se preparou para deixar o país. Com a desculpa de que tinha um contrato assinado para uma turnê de 3 meses no México, se foi. Não disse uma só palavra a sua mulher nem aos seus 5 filhos. Antes de ir, teve que assinar um documento se enquadrando no regime revolucionário, algo como um “Viva la revolución!”. Era o salvo conduto para a partida. Sua mulher Pilar e seu filho Raul o levaram no aeroporto, esperando rever-lhe em breve. Nunca mais retornou. Seu filho Chucho tinha 19 anos naquela época. Os outros irmãos eram menores.

A revolução foi a desculpa moral que ele precisava para um ato voluntário de abandonar a família e recomeçar sua carreira “solo” no exterior.

Não obstante as ameaças do regime comunista, os outros músicos que se enquadraram sobreviveram ao regime, continuaram suas carreiras. Eles submeteram-se ao regime para ficar com suas famílias e sobreviveram. Seu filho Chucho seguiu uma carreira brilhante em Cuba e de lá foi alçado ao mundo em uma carreira internacional, ganhou vários prêmios Grammies, lançou vários discos.

Ele não assinou o papel para continuar sua vida em Cuba, com sua família, mas concordou em assinar quando quis abandoná-la e como ele mesmo disse a política não era importante para ele, ele apenas não gostava do regime comunista. Imagino a mágoa que ele deve ter deixado com sua esposa e filhos, de abandoná-los assim, sem nem ao menos um aviso.

Bebo passou uma temporada no México. Depois seguiu para Estocolmo, onde se fixou. Casou-se 3 anos depois com uma mocinha de 18 anos de idade, 26 anos mais nova que ele, Rose Marie, com quem teve filhos. Teve uma carreira medíocre, tocando em bares e restaurantes de hotéis na Suécia. Chegou a pensar em abandonar a música para ser taxista, tamanha a dificuldade que enfrentou.

Até que em 1994, já aposentado, recebeu um telefonema de Paquito D’Rivera, um importante músico cubano, que lhe convidou para gravar um disco juntos. Foi um renascimento de sua carreira aos 76 anos de idade.

Depois, veio o segundo empurrão na carreira, com o documentário no cinema, Calle 54 (2000), dirigido por Fernando Trueba, sobre o jazz latino. Este filme teve outro significado: foi também um reencontro com o filho Chucho Valdés na música. O tempo se encarregou de apagar as mágoas. Ele já com 82 anos de idade e o filho Chucho, com quase 60, os dois juntos tocando La Comparsa, de Ernesto Lecuona.

O terceiro empurrão veio em 2004, de novo pelas mãos de Fernando Trueba, para gravar um disco com o cantor flamenco, Diego Jiménez Salazar. O disco, “Lágrimas Negras”, foi considerado pelo New York Times o melhor disco do ano e ao final de 2004 havia vendido mais de 700.000 mil cópias em todo o mundo.

Finalmente, em 2008, aos 90 anos de idade, Bebo Valdés e o filho Chucho gravaram um disco histórico: Juntos para Siempre. Ambos fazem aniversário na mesma data, 9 de outubro.

“Alguna vez pensé que no volveríamos a vernos y ahora tenemos la oportunidad de estar juntos y poder grabar lo que hacíamos en casa. Quizá sea una recompensa a todos aquellos años de incertidumbre” ( Chucho Valdés – 2007)

No libreto do disco pode-se ler: “Este disco es un diálogo, un abrazo y también el legado de dos artistas que tuvieron que vivir separados más tiempo del que ambos hubieran querido. En este disco, Bebo y Chucho están ya, por fin, juntos para siempre”.

Em 2009 ele, o filho Chucho e o neto, Chuchito, lançaram “Dinastia Valdés”, um box de 3 CDs.

Bebo tardou 18 anos a rever Chucho, 30 anos a rever sua filha Mayra e 36 anos antes que pudesse rever Miriam e Raúl. E com Ramón, que vive em Nova York, perdeu contato. Vive retirado na província de Málaga, na Espanha, de onde sai para concertos e gravações. Ele diz que seguirá tocando e compondo até o fim de sua vida.

(Fonte: http://www.entreculturas.com.br/2010/10/jazz – Jazz – A história e a música de Bebo Valdés/ Publicado por Luigi Rotelli)

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