Barbosa Lessa, escritor e compositor dos mais aguerridos defensores das tradições do folclore gaúcho

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Luiz Carlos Barbosa Lessa (Piratini, 13 de dezembro de 1929 – Camaquã, 11 de março de 2002), escritor e compositor um dos mais aguerridos defensores das tradições e do folclore gaúcho. Artífice do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e um dos fundadores do CTG 35, o mais antigo centro de tradições gaúchas do Estado. O tradicionalista foi autor de obras fundamentais na cultura do Rio Grande do Sul. Barbosa Lessa foi secretário da Cultura –, do ex-governador Amaral de Souza. Barbosa Lessa criou o lema para o CTG 35: em qualquer chão, sempre gaúcho, pelo Rio Grande e pelo Brasil. Barbosa Lessa compôs duas das mais célebres composições do Rio Grande do Sul, Quero-Quero e Negrinho do Pastoreio.

O Rio Grande do Sul chorou dia 11 de março de 2002 a morte de Barbosa Lessa, aos 72 anos, em Camaquã. Barbosa Lessa morreu à 1h, no Hospital Nossa Senhora Aparecida, onde estava internado desde quinta-feira. O escritor e compositor foi sepultado em Piratini, sua terra natal e berço dos ideais farroupilhas que tanto preconizou. O governador Olívio Dutra decretou luto oficial de três dias no Estado, e o prefeito Tarso Genro decretou três dias de luto oficial em Porto Alegre. As prefeituras de Camaquã, onde Barbosa Lessa morou nos últimos 15 anos, e de Piratini também decretaram luto de três dias.
(Fonte: www.paginadogaucho.com.br – FÁBIO SCHAFFNER / Casa Zero Hora/Pelotas – extraído do jornal Zero Hora – 12/03/2002)

Épico em qualquer cantinho de linguagem

Barbosa Lessa escrevia ficção desde os 10 anos de idade. Seu primeiro livro, Um Assassinato no Texas, 60 páginas datilografadas, começava assim: “Tom Derbey, proveniente de Austin, chegou à cidadezinha de Queler e logo torceu as rédeas do seu cavalo na direção do Joy Saloon”. Conta a lenda da sua iniciação na literatura que o irmão mais velho, Paulo, incentivou-o com um “vai em frente, tchezinho!” e sugeriu que ele substituísse os cowboys norte-americanos por heróis farroupilhas. Paulo guiou a curiosidade do irmão para a leitura de Almanaque do Rio Grande do Sul e para as rodas de causos do domador Donato no galpão.

Nasceu deste respeito à história simultaneamente oral e impressa a obra caudalosa de Barbosa Lessa, cerca de 60 títulos lançados de 1951 a 2000, a maioria de não-ficção. Com o passar dos anos e com a consolidação de sua importância como agitador cultural, o ficcionista do romance Os Guaxos (1951) e da novela policial O Crime é um Caso de Marketing (1975) foi ficando menos importante do que o pesquisador e historiador de livros como Nativismo: um Fenômeno Social Gaúcho, Mão Gaúcha: Introdução ao Artesanato Sul-riograndense e Rio Grande do Sul, Prazer em Conhecê-lo. Ser reconhecido só como folclorista angustiava Lessa, a ponto de ele comemorar, quando foi patrono da 46º Feira do Livro de Porto Alegre, em 2000, que “finalmente” o haviam reconhecido como escritor.

Com o premiado Os Guaxos, os críticos costumam destacar na sua obra os títulos Rodeio dos Ventos (1975) e Era de Aré (1993). Um fascículo que mapeia bastante bem a biografia do escritor de Piratini morto dia 11 de março de 2002, foi lançado pelo Instituto Estadual do Livro (IEL) em 2000. Neste exemplar, o jornalista e mestre em Letras pela PUCRS Leandro Sarmatz assinala que Rodeio dos Ventos e Era de Aré procuram recontar, em chave mítica, o passado latino-americano: “Lessa recolhe aquelas histórias dispersas na memória popular, mesclando-as com leituras históricas e lhes dá uma costura narrativa. (…) O autor reconta a história autóctone, compreendida aqui como núcleo formativo do Rio Grande do Sul, dotando-a de intensidade épica”.

O tom épico, aliás, deliciava Lessa até na hora de escrever sobre colheitas de arroz. Uma de suas biografias romanceadas foi a do herói Garibaldi, lançada com o título Garibaldi Farroupilha. O guri fã de filmes de faroeste introduziu a bela Manuela nas cenas de luta e foi publicando a história como folhetim no jornal Última Hora, em 1965. Também apresentou na forma de história em quadrinhos Chica da Silva, Marília de Dirceu e Jacobina. Lessa tinha esse dom raro de mostrar o épico em qualquer cantinho ou linguagem, num xote e num copo de chifre ornado de prata, em qualquer saloon do Texas. Deixar uma lista de 56 títulos publicados, sem contar as canções e os CTGs, também foi basicamente épico.

(Fonte: www.paginadogaucho.com.br – CRIS GUTKOSKI / Casa Zero Hora/Pelotas – extraído do jornal Zero Hora – 12/03/2002)

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