Barbara Tuchman, foi uma das mais conceituadas historiadoras americanas

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Foi uma grande historiadora dos Estados Unidos. Foi autora de vários best-sellers e duas vezes vencedora do prestigiado Prêmio Pulitzer (uma pelo livro “Canhões de Agosto” e outra pelo “Stilwell and the american experience in China”).

 

Barbara W. Tuchman

 

Barbara Wertheim Tuchman (Nova York, 30 de janeiro de 1912 – Connecticut, 6 de fevereiro de 1989), uma das mais conceituadas historiadoras americanas. Escreveu mais de uma dezena de livros, que foram traduzidos em treze idiomas. Dois deles – Armas de Agosto, de 1962, e Stilwell e a Experiência Americana na China, de 1971, que versavam sobre a atuação dos Estados Unidos nas duas grandes guerras mundiais – ganharam o Prêmio Pulitzer como as melhores obras do ano.

Barbara Tuchman, tinha uma mania que, para os leitores não iniciados em História, é das mais agradáveis. Em seus livros, ela costumava passear pelo passado num estilo que beirava o romance – mas sem perder o figurino acadêmico. Isso já podia ser comprovado em Um Espelho Distante, um estudo sobre a Idade Média. Em A Torre do Orgulhoso, o recurso foi empregado de maneira exemplar. No livro, Tuchman esgotou uma velha obsessão: observar os últimos anos do século XIX.

Em A Torre do Orgulhoso sustenta a tese de que a belle époque funcionou como uma pilha de dinamismo social, que, à primeira descarga, produziu a Grande Guerra (1914-1918), como foi chamado em seus primeiros anos o conflito cujos ecos chegam até os dias de hoje. Em relação à investigação histórica de Tuchman e à maneira que encontrou para trazê-la ao leitor – na forma de um retrato da sociedade europeia da virada do século XIX.

Barbara morreu dia 6 de fevereiro de 1989, aos 77 anos, de complicações após um derrame cerebral, em Connecticut, nos Estados Unidos .

(Fonte: Revista Veja, 15 de fevereiro, 1989 – Edição 1067 – DATAS – Pág; 94)

(Fonte: Revista Veja, 1° de agosto de 1990 – ANO 23 – N° 30 – Edição 1141 – LIVROS – Pág: 76/77)

Resenha – A marcha da insensatez, de Barbara Tuchman

A AUTORA

Barbara W. Tuchman foi uma grande historiadora dos Estados Unidos. Foi autora de vários best-sellers e duas vezes vencedora do prestigiado Prêmio Pulitzer (uma pelo livro Canhões de Agosto e outra pelo “Stilwell and the american experience in China”, não editado no Brasil). Nasceu em 1912 e morreu em 1989.

CIRCUNSTÂNCIAS

O livro Canhões de Agosto, de Barbara Tuchman, lançado em 1963, relata com rigor e detalhes o que aconteceu antes da Primeira Guerra Mundial. Os antecedentes, os planos de guerra, os personagens principais, nada escapa à autora, que, não raro, mostra o despreparo e a arrogância dos protagonistas do evento, líderes políticos dos países envolvidos. Mas vai além a historiadora provando que o que aconteceu nos primeiros 30 dias de guerra desmontam e desacreditam os governos, os planos e as pessoas que decidiam. De certa maneira, o livro A Marcha da Insensatez segue a mesma linha de pesquisa e abre para quatro eventos e expõe a insensatez monumental que os une.

A PUBLICAÇÃO

Em 2012, a editora BestBolso lançou sua primeira edição do livro A Marcha da Insensatez, de Barbara Tuchman, com 559 páginas. O livro foi lançado originalmente em 1984, nos Estados Unidos. Registre-se que a editora José Olympio traduziu-o e lançou-o no Brasil em 1985.

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO

O livro oferece ao leitor uma rigorosa pesquisa sobre quatro eventos decisivos da história da humanidade, trazendo-os do esquecimento para o espaço do debate e expondo ricas análises a partir de ângulos totalmente novos. Ao juntar e analisar eventos separados por séculos e milênios, Barbara Tuchman oferece ao leitor a oportunidade de perceber nitidamente a insensatez de governos, organizações e pessoas. Depois da leitura, pode-se olhar para os dias de hoje e entender que a marcha da insensatez continua.

O LIVRO

Barbara Tuchman, já no início do livro, diz que o desgoverno pode ser de quatro tipos: – tirania ou opressão; – ambição desmedida; – incompetência ou decadência; – insensatez ou obstinação.

A autora faz uma pesquisa minuciosa sobre quatro eventos marcantes da história: a Guerra de Troia (focando na desastrada decisão de colocar para dentro dos muros o Cavalo presenteado pelos gregos), a Reforma Protestante (examinando o comportamento desastroso dos Papas ao longo dos anos que antecederam a divisão da Igreja), a Independência dos Estado Unidos (analisando os erros do império britânico que levaram à perda do domínio da colônia) e a Guerra do Vietnã (relatando a sequência de decisões desatinadas do governo dos Estados Unidos). Contextualiza e examina em minúcia todos os quatro, situando os personagens mais importantes e conduzindo o leitor, através de informações precisas e de um texto leve, a se sentir um observador privilegiado do que ela chama de marcha da insensatez.

Essa marcha se caracteriza por governos que buscam, defendem e praticam políticas contrárias a seus próprios interesses. A autora estabelece que, para caracterizar a insensatez, os eventos (conduzidos por uma espécie de loucura política) devem atender a três critérios: em primeiro lugar, que essa loucura tenha sido percebida no seu próprio tempo (e não retrospectivamente); em segundo lugar, um curso viável de ação alternativa deveria se, então, disponível; terceiro, que a política em questão poderia ter sido a do grupo e não de uma única pessoa.

O livro está divido em cinco grandes capítulos e um epílogo, seguidos de farta referência bibliográfica.

BONS MOMENTOS

— Fenômeno observável ao longo da história, que não se atém a lugares ou períodos, tem sido o da busca, pelos governos, de políticas contrárias aos seus próprios interesses. Nossa espécie, ao que tudo indica, quando se trata de governar, apresenta resultados bem menos brilhantes do que os obtidos em outras atividades humanas.

— O desgoverno é de quatro tipos, muitas vezes combinados: 1) tirania ou opressão, com tantos modelos históricos que se torna supérfluo comentarmos; 2) ambição desmedida…como a tentativa duas vezes em que a Alemanha buscou dominar a Europa se autoproclamando “raça de senhores”…3) incompetência ou decadência, de que são parâmetros o Império Romano em seus últimos dias, os derradeiros Romanov…4) insensatez ou obstinação.

— Ninguém deve discutir crenças religiosas, especialmente quando se trata de uma cultura estranha, remota e pouco compreendida. Mas quando tais crenças se tornam uma ilusão mantida até mesmo contra as evidências naturais e a ponto de jogar por terra a independência de um povo, elas podem ser consideradas pura insensatez, com justiça. Pertencem à categoria das visões obtusas, na variedade especial de mania religiosa.

— Não tendo participado do sistema opressivo instituído pelos ricos, tampouco apoiado a causa dos pobres, Sólon desfrutou da insólita vantagem de ser aceito por ambos os estratos: pelos ricos, por ser homem de recursos e substância; pelos pobres, graças à sua honestidade…Aboliu a servidão por débitos, estendeu o sufrágio aos plebeus, reformou a moeda para encorajar o comércio, criou normas legais relacionadas às heranças, direitos civis dos cidadãos, penalidades para os crimes e, finalmente, buscando segurança para sua obra, exigiu do Conselho ateniense um juramento solene de que suas reformas seriam mantidas pelo prazo mínimo de dez anos.

— Mais que tudo, a sedução pelo poder anula o melhor desempenho governamental. O burocrata sonha com promoção, os altos funcionários desejam aumentar a sua alçada, legisladores e presidentes buscam a reeleição; a norma-guia nessa corrida é agradar ao máximo e ofender o mínimo…mas a reeleição está em suas cabeças, e esse passa a ser o critério dominante.

— Em vez de se refugiar em pânico reacionário, como seria de esperar, as autoridades, demonstrando grande senso empreendedor, ordenaram investigações em suas próprias práticas de governo, que eram, então, virtualmente reservas das classes de proprietários. O resultado foi um relatório demonstrando a necessidade de um serviço público permanente, bem treinado, destinado a prover continuidade e manutenção de perspectivas amplas contra soluções passageiras e paixões políticas de momento.

CURTAS

— Por que os dirigentes de Troia permitiram o ingresso daquele Cavalo de madeira extremamente suspeito, não obstante terem todos os motivos para imaginar tratar-se de um ardil por parte dos gregos?

— A Revolução Francesa, protótipo máximo de um governo populista, reverteu-se rapidamente à autocracia coroada tão logo surgiu um administrador hábil.

— Uma mente inflexível, fonte do autoengano, é fator que desempenha papel de grande significado nos governos.

— As conquistas do proletariado soviético no poder dificilmente podem ser consideradas o efeito de uma ação esclarecida, embora após os setenta anos de governo comunista, deva ser reconhecida uma espécie de sucesso grosseiro.

— Nos Estados Unidos, o serviço público foi estabelecido, principalmente, como barreira contra a patronagem e o pork-barrel, e não como busca de excelência.

(Fonte: http://segundaopiniao.jor.br – SEGUNDA OPINIÃO/ Osvaldo Euclides /Economista e Professor Universitário – 13 DE MARÇO DE 2016)

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