Astrud Gilberto, cantora e compositora, foi ícone da Bossa Nova, ela deu voz a canções que ganharam o mundo e ajudaram a musicalidade do país a se tornar conhecida no exterior

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Astrud Gilberto, ícone da Bossa Nova

Baiana deu voz a canções que ganharam o mundo e ajudaram a musicalidade do país a se tornar conhecida no exterior.

Astrud Gilberto foi a primeira mulher a ganhar o Grammy de Música do Ano, mas nem estava creditada no disco original. (Crédito da Imagem: cortesia © Astrud no Grammy em 1973/ Getty Images/ REPRODUÇÃO/ DIREITOS RESERVADOS)

 

Astrud Gilberto (Salvador, 29 de março de 1940 — 5 de junho de 2023), cantora e compositora, foi ícone da Bossa Nova, ela deu voz a canções que ganharam o mundo e ajudaram a musicalidade do país a se tornar conhecida no exterior.

Astrud Evangelina Weinert nasceu em Salvador em 1940 e foi morar com a família ainda criança no Rio de Janeiro, onde cresceu. Sempre se interessou por música. Em 1959, ela se casou com João Gilberto, de quem adotou o sobrenome.

No Rio de Janeiro, participou de apresentações ao lado do marido e de artistas como Nara Leão, Johnny Alf e Elza Soares, entre outros. Uma delas foi “A noite do amor do sorriso da flor”, no anfiteatro da Faculdade de Arquitetura da UFRJ, em 1960. A cidade influenciou a musicalidade e o trabalho de Astrud.

Em 1963, morando em Nova York, participou do álbum “Getz/ Gilberto”, de João Gilberto e o saxofonista Stan Getz, com arranjos de Tom Jobim.

O álbum foi um sucesso estrondoso e conquistou o Grammy de Álbum do Ano e de Gravação do Ano, com Garota de Ipanema, em 1965. Ela chegou a concorrer a artista revelação, que perdeu para os Beatles, e Melhor Performance Feminina, que perdeu para Barbra Streisand.

Astrud e João Gilberto se separaram pouco depois do álbum que a consagrou internacionalmente, mas a intérprete seguiu a carreira com apresentações no Brasil e no exterior.

A artista realizou uma série de turnês no exterior, sempre levando a musicalidade do país para todo o planeta. Ao longo do tempo, o trabalho de Astrud se tornou cada vez mais autoral.

Por que Astrud Gilberto não recebeu crédito por ‘Garota de Ipanema’?

A voz de Astrud Gilberto, a intérprete da versão em inglês de “Garota de Ipanema”, foi o que permitiu que o mundo conhecesse a bossa nova. Mas, no início, ela nem sequer recebeu os créditos no disco original — e ganhou apenas US$ 120, o mínimo determinado pelo sindicato americano dos músicos, pela gravação.

A música em inglês foi lançada pela primeira vez no álbum Getz/Gilberto (1964), parceria de João Gilberto (então marido de Astrud) com o saxofonista americano Stan Getz. Segundo o biógrafo Ruy Castro, João Gilberto faturou US$ 23 mil com o álbum, enquanto Stan Getz embolsou quase um milhão de dólares.

“The Girl From Ipanema” era o grande hit do disco — tanto que, depois, a gravadora lançou um single com a música sem os vocais masculinos.

Segundo o jornal The Independent, Stan Getz se esforçou para que Astrud não recebesse os créditos pela música. O biógrafo Gene Lees afirma que, assim que ficou evidente que “The Girl From Ipanema” seria um sucesso, Getz ligou para o produtor Creed Taylor: “Creed achou que Stan estava ligando para garantir que Astrud recebesse parte dos royalties. Pelo contrário: ele queria que ela não recebesse nada”.

Stan Getz também dizia que foi ele quem convenceu Astrud a cantar: “Ela era só uma dona de casa na época, e eu a coloquei no disco porque queria que alguém cantasse uma versão em inglês de ‘Garota de Ipanema’ — e João não conseguia. ‘Ipanema’ foi um sucesso e ela deu sorte”, disse o saxofonista em entrevista à revista inglesa Jazz Professional em 1964.

Astrud Gilberto discordava. “É engraçado que, depois do meu sucesso, surgiram histórias de como Stan Getz e Creed Taylor ‘me descobriram’, quando na verdade nada está mais longe da verdade. Eu acho que isso os fez parecerem importantes, como se eles tivessem tido a ‘sabedoria’ de reconhecer potencial no meu canto. Acho que eu deveria me sentir lisonjeada pela importância que eles dão a isso, mas não consigo evitar me irritar que eles tenham apelado para mentiras”, disse em 1982.

Mesmo sem sua parcela de reconhecimento pelo sucesso da música, a brasileira ficou famosa — mas como sex symbol. Marcelo, filho de Astrud e João Gilberto, a acompanhou numa turnê em Nova York e relembra a fama da mãe em entrevista ao The Independent:

“Eu estava no que provavelmente era a primeira coletiva de imprensa dela nos Estados Unidos, em Nova York. Era uma atmosfera muito Mad Men, basicamente uma sala cheia de homens. Eu era jovem na época, e uma hora a chamei de ‘mãe’. Eu me lembro claramente dos murmúrios pela sala. Eu havia destruído a ilusão: o sex symbol era mãe. Eu sabia que tinha aberto a cortina, e me senti horrível. A partir daí, passei a chamá-la de ‘Astrud’.”

Em 2002, Astrud anunciou que se afastaria da vida pública. Desde então, morou nos Estados Unidos com os filhos — segundo o The Independent, ela insistia que não sentia falta do medo de se apresentar em público, e nem da forma como era tratada pela indústria.

Em abril de 2002, Astrud Gilberto foi indicada para o “International Latin Music Hall of Fame”.

Astrud Gilberto faleceu em casa, na Filadélfia. O corpo será cremado nos Estados Unidos. A artista deixa dois filhos e duas netas. Sofia Gilberto, neta dela, postou uma mensagem nas redes sociais.

“A vida é linda, como diz a música, mas venho trazer a triste notícia que minha avó virou estrela hoje e está ao lado do meu avô João Gilberto“, afirmou um trecho da postagem de Sofia.

Adriana Magalhães, nora de Astrud, contou que ela morreu em casa.

“Morreu na casa que ela amava, onde pintava seus quadros. É uma casa cheia das obras de arte dela, mil pinturas. Faleceu como ela preferia. Nesse ponto, foi embora em paz. Astrud foi um grande exemplo artístico para suas netas e filhos. Foi uma artista múltipla, que cantava, compunha e pintava. E influencia a Sofia, que segue a avó, pintando, compondo e cantando”, disse Adriana.

A família afirmou que Astrud teve um mal-estar digestivo em casa em pouco tempo depois, morreu do coração.

(Créditos autorais: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/06/06 – RIO DE JANEIRO/ NOTÍCIA/ Por g1 Rio e TV Globo – 06/06/2023)

(Créditos autorais: https://www.uol.com.br/splash/noticias/2023/06/06 – SPLASH/ NOTÍCIAS / MÚSICA/ De Splash, em São Paulo – 06/06/2023)

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