Arturo Toscanini, lendário maestro italiano, o maior regente do mundo

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Arturo Toscanini (Parma, 25 de março de 1867 – Nova York, 16 de janeiro de 1957), lendário maestro italiano, o maior regente do mundo.
Grande mestre da música, o italiano regeu por mais de 40 anos. Foi elogiado por sua genialidade e respeitado como poucos, mas nunca satisfeito consigo mesmo.

“Toscanini tinha uma obsessão que acabou sendo trágica, pois deixou de reger aos 87 anos, sem jamais ter se contentado com o resultado de uma sequer de suas apresentações.” A afirmação é de Friedelind Wagner, uma neta de Richard Wagner que bem conheceu o trabalho do grande maestro italiano. Sua avó, Cosima Wagner, a viúva do compositor alemão, nomeou Arturo Toscanini diretor musical do Festival de Bayreuth em 1931.

Poucos tiveram uma carreira como a sua: diretor do Scala de Milão, regente nas principais salas de concertos do mundo, como a Metropolitan Opera de Nova York e o Festival de Salzburgo, diretor da Filarmônica de Nova York, famoso e temido por sua impiedosa precisão.

Sua carreira como maestro começou por acaso e no Brasil. Em 1885, aos 19 anos, ele participava de uma turnê como violoncelista, quando o dirigente abandonou a orquestra no Rio de Janeiro.

Toscanini assumiu a batuta e teve grande sucesso. Consta que ele nem precisou de partitura para reger a obra, o que continuou fazendo a vida inteira, tal era a sua memória musical. Ele conhecia as peças nota por nota, percebendo todo e qualquer erro, por mínimo que fosse. Exigente por natureza, não havia músico que satisfizesse o alto padrão por ele imposto.

A busca do fogo e da perfeição

Friedelind Wagner assistiu a um ensaio de Fidelio em Salzburgo, com a participação da cantora Lotte Lehmann. Segundo conta, todos haviam trabalhado horas seguidas e não havia como satisfazer Arturo Toscanini. Em seu desespero, Lotte Lehmann foi conversar com ele. “Mas mestre, por que a interpretação não é do seu agrado?” Ele só respondeu: “Manca il fuoco!” – falta fogo. Ou seja, ele esperava dos músicos e cantores, após cinco horas de ensaio, ou mesmo que fossem 24 horas, o mesmo “fogo” que punha em seu trabalho e exigia de si mesmo”, lembra a neta de Richard Wagner.

Nascido em 25 de março de 1867 em Parma, Arturo Toscanini conseguiu estabelecer uma ligação entre os séculos 19 e 20, entre a era do romantismo e a contemporânea. Manteve contato e trabalhou com os principais compositores do final do século 19, com Verdi, Respighi e Puccini.

O disco, o novo instrumento de difusão da música, deve ao maestro Arturo Toscanini as primeiras gravações orquestrais de qualidade. Friedelind Wagner: “Teve peças musicais que ele gravou 10 ou 20 vezes e que nunca saíram sob a forma de disco, porque algum detalhe mínimo não lhe agradava. Era quando o maestro interrompia a gravação, batia com a mão na testa e dizia – “mas eu sou um idiota!”. Ele nunca esteve satisfeito consigo mesmo”.

Horowitz – um dos poucos músicos que respeitava
A exatidão insuperável de Arturo Toscanini tornou suas interpretações especialmente dinâmicas e transparentes, momentos áureos da história dos concertos, mesmo que o resultado nunca tenha atingido a perfeição que ele tanto buscava. Pouquíssimos músicos compraziam seu alto padrão artístico. Um deles foi seu genro, o pianista Vladimir Horowitz. Com os outros dirigentes, não tinha complacência.

Friedelind Wagner relembra: “Certa vez, Toscanini estava em Nova York, escutando música no rádio e os apresentadores anunciavam: o Dr. Kousewitzky rege isso e aquilo, agora o Dr. Rodjensky regerá tal concerto, e depois o Dr. Stokowsky vai reger não-sei-o-quê… Toscanini balançou a cabeça e disse – “todos doutores, mas nenhum maestro!”
Sua posição frente à vida era tão incondicional como em relação a seu trabalho. Quando os fascistas assumiram o poder, Toscanini virou as costas à Europa para sempre. Os simpatizantes do regime italiano foram por ele punidos com desprezo perpétuo. Quando faleceu, em 16 de janeiro de 1957, aos 90 anos, em Nova York, o violinista Samuel Antek disse: “Tocar sob a batuta de Toscanini desperta o orgulho de ser músico!”

(Fonte: Veja, 27 de outubro de 1982 –- Edição 738 -– Música/ Por Mário Henrique Simonsen – Pág; 160/162)
(Fonte: www.dw.de/dw – Calendário Histórico/ 1957 – Por Neusa Soliz)

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