Antonio Rago, integrou o conjunto regional de Armandinho Neves, na Rádio Record

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ANTONIO RAGO

Antonio Rago (02.07.1916 – 24.01.2008), violonista e compositor, um dos maiores artistas paulistanos.

Um dos últimos representantes vivos da era de ouro da música popular brasileira.

Nascido no tradicional bairro da Bela Vista – mais conhecido como “Bixiga” -, filho de calabreses, Antonio Rago se apaixonou pelo violão em 1924, quando tinha apenas oito anos. Na ocasião, a cidade de São Paulo envolvera-se numa revolução contra as forças do governo federal. Para distrair a família Rago, que estava escondida no porão da modesta casa em que viviam no Bixiga, um amigo tocava o violão. O menino, carinhosamente chamado de “Raguinho”, assistia o rapaz com os olhos brilhando. Tomou gosto pelo instrumento e logo passou a fazer aulas. Aos poucos, começava a tocar entre amigos e em festas, apesar do preconceito social da época, pois segundo ele mesmo dizia, “antigamente violonista tinha fama de vagabundo, malandrão”.

Para que se quebrasse o preconceito, foi preciso que muitos artistas demonstrassem a exuberância do instrumento, e um deles foi Antonio Rago, que persistiu em seu propósito. O primeiro contrato profissional veio somente em 1935, pela Rádio Cultura de São Paulo, atual Rádio Gazeta. No ano seguinte, quando tinha apenas dezenove anos, ele e o cantor Arnaldo Pescuma foram convidados a fazer uma temporada na Argentina. A primeira viagem internacional foi o início de uma carreira gloriosa. Na Rádio Belgrano, de Buenos Aires, Rago ficou por mais de um ano e atuou junto com grandes artistas da música argentina, como Libertad Lamarque e Mercedes Simone. Ganhou, por essa época, o epíteto de “Mago do Violão”.

Mas foi a partir dos anos 40, quando foi convidado para comandar o regional da Rádio Tupi de São Paulo, que o violonista fez história. “Rago e Seu Regional” foi um dos maiores conjuntos de São Paulo. Apresentava choros, boleros e acompanhava cantores. O grande diferencial era o violão elétrico de Rago, que afirmava ter sido o introdutor do instrumento no Brasil. Foi, sem dúvida, o seu maior divulgador. Além do violão elétrico de Rago, o conjunto possuía uma excelente formação: Esmeraldino Salles no cavaquinho, Orlando Silveira no acordeom e Siles na clarineta, entre outros lendários instrumentistas. “Rago e Seu Regional” conquistou em 1950 o cobiçado troféu Roquete Pinto, que era dado aos melhores do rádio. Para não se duvidar da competência do conjunto, basta lembrar que os maiores artistas do Brasil cantaram com “Rago e Seu Regional”: nomes como Orlando Silva, Silvio Caldas, Isaurinha Garcia, Carlos Galhardo e a dupla Cascatinha e Inhana.

E foi também o regional de Rago que acompanhou o célebre cantor Francisco Alves na sua última apresentação, realizada no Largo da Concórdia, em São Paulo, na noite de 26 de setembro de 1952. No dia seguinte, como a história conta, o “Rei da Voz” partiu rumo ao Rio de Janeiro com seu Buick preto pela Rodovia Presidente Dutra e foi surpreendido por um caminhão que entrou na contramão, morrendo tragicamente. Rago contava que tentou convencer o cantor a não viajar para o Rio, pois havia um novo show marcado em São Paulo dois dias depois. Mas, de acordo com o violonista, Chico Alves era teimoso, e se foi para nunca mais voltar.

Ainda nos anos 50, Antonio Rago participou da inauguração da TV Tupi, tornando-se o primeiro violonista da América Latina a atuar na televisão. Ele dirigiu o primeiro programa musical da emissora, “Encontro Musical Aliança”, que contava com a então somente cantora Hebe Camargo, além dos convidados que variavam a cada semana.

Depois que o seu regional se desfez, Rago passou a se apresentar como solista de violão, onde lançou vários discos interpretando obras de grandes violonistas como Américo Jacomino, seu maior ídolo, além de composições próprias. Criou e passou a apresentar então o programa radiofônico “Um cigarro, um violão”, que foi transmitido por várias emissoras do estado de São Paulo. Até pouco tempo antes de ficar debilitado, continuava se apresentando na Rádio Atlântica de Santos, onde possuía um programa semanal.
Tive a honra de conhecê-lo e de cantar ao lado de Rago algumas vezes, num restaurante do Bixiga. O violonista nunca abandonou seu ninho: estava sempre por lá, no bairro que nasceu e que sempre amou. Era de praxe encontrá-lo, em qualquer dia de semana à noite, tocando o seu famoso violão em algum restaurante ou casa noturna do Bixiga. Com sua morte, resta aos seus amigos e admiradores dedicar ao grande Antonio Rago a frase que batizou sua mais famosa composição: “Jamais te esquecerei”. No dia em que a cidade de São Paulo completou 454 anos, um dos maiores artistas paulistanos se aposentou para sempre. Aos 91 anos de idade, o violonista Antonio Rago faleceu, vítima de uma pneumonia. Foi a despedida de um dos últimos representantes vivos da era de ouro da música popular brasileira.
(Fonte: www.samba-choro.com.br – Por Roberta Cunha Valente – 7 de Fevereiro de 2008)

O Mago do Violão

Não se pode negar que São Paulo sempre foi berço de excelentes violonistas. Apenas para citar alguns, como o lendário Américo Jacomino, o multi-instrumentista Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, Armandinho Neves, Paulinho Nogueira, Aymoré, Laurindo de Almeida, Atílio Bernardini e o talentosíssimo Antônio Rago, nascido em 02 de Julho de 1916.

Na infância, Rago se apaixonou por um instrumento muito em voga na época, o violão. Começou a tirar as primeiras notas orientado por um sapateiro em seu bairro e logo depois passou a ter aulas com o Professor Edgar de Melo, que percebeu seu talento ensinando-o de graça. Sua carreira profissional começou para valer em 1936 quando tinha 20 anos. Integrou o conjunto regional de Armandinho Neves, na Rádio Record, cujo regional da terra da garoa, tinha em sua formação como o “terceiro” violão, nada mais nada menos que “Zezinho do Banjo” como era conhecido, mais tarde, internacionalmente Zé Carioca.

Rago aos poucos foi se tornando o acompanhador preferido dos grandes cantores da época, e em 1936 ele foi à Argentina fazer uma temporada acompanhando o cantor Arnaldo Pescuma, o início de uma grande carreira. Lá ficou por mais de um ano atuando na Rádio Belgrano de Buenos Aires acompanhando grandes nomes da música argentina como Mercedes Simone e Libertad Lamarque, nesta época, ganhou o apelido carinhoso de Mago do Violão.

E foi em 1940 que Rago fez história. Convidado a coordenar o Regional da Rádio Tupi em São Paulo ( considerado um dos melhores conjuntos da cidade – “Rago e seu Regional”) acompanhou talentos como: Silvio Caldas, Orlando Silveira e Carlos Galhardo. Apresentava choros e valsas, sambas e boleros entre outros, além de tudo, seu diferencial naquela época era seu violão elétrico, cuja competência cabe a ele, pela inovação e iniciação deste instrumento no Brasil.

Para se ter uma idéia da qualidade deste regional, em 1950 “Rago e seu Regional” conquistou o cobiçado troféu “Roquete Pinto” que era dado aos melhores do rádio, na ocasião como o melhor Conjunto Regional do Rádio. Foi este mesmo regional que acompanhou o cantor Francisco Alves na sua última apresentação em São Paulo, em seguida o regional se desfez. Rago partiu para a carreira solo e lançou vários discos interpretando obras de outros violonistas como Américo Jacomino, Armandinho Neves e também suas composições.

Grande atuante no cenário musical, Rago tem em seu currículo 434 músicas gravadas, apresentou vários programas de rádio (Rádio Atlântica de Santos e Rádio Cacique também em Santos – SP) e escreveu um livro: “A longa caminhada de um violão”, onde descreve sobre suas viagens, sucessos, cantores e curiosidades.

Nos últimos anos permaneceu tocando seu violão com talento e maestria apesar da idade. Era comum assistí-lo na loja de instrumentos Del Vechio ou mesmo em algum restaurante ou casa noturna do Bixiga, bairro em que nasceu e que tanto amava.

Violonista e compositor inspiradíssimo, compôs sucesso como o bolero Jamais te Esquecerei em parceria com Juracy Rago, o Choro Mentiroso, Barão na Dança e Festa portuguesa.

Em novembro de 2007, aos 91 anos, Rago foi internado nos hospital Iguatemi. Seu quadro de infecção pulmonar se agravou e no dia 24 de Janeiro de 2008 perdemos um dos maiores representantes do violão e da era de ouro da música popular brasileira.

(Fonte: www.conjuntoretratos.com.br – Alex Mendes)

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