Alfredo Souto Malan (1908-1982), foi comandante do IV Exército e chefe do Estado Maior do Exército.

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Alfredo Souto Malan (1908 – Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1982), general de Exército, ex-chefe do Estado-Maior do Exército (1970-1972) e autor de um livro sobre a Missão Militar Francesa no Brasil.

Foi comandante do IV Exército e chefe do Estado Maior do Exército. Antes de passar à reserva, em 1972, fez um discurso famoso, que alertava para os riscos do afastamento do Exército de suas funções estritamente profissionais. No comando do IV Exército, disse certa vez: “Duas coisas me aborrecem – jogo de cartas e política”.

 

Seu pai, o general Alfredo Malan D’Angrogne (1873-1932), foi adido militar na França e um dos protagonistas do acordo firmado em 1919.

 

A Missão Militar Francesa (MMF) de Instrução no Brasil, chefiada pelo general Maurice Garmelin, foi contratada no dia 8 de setembro de 1919 para orientar, a partir de 1920, a modernização do Exército brasileiro (EB). Inicialmente prevista para quatro anos, teve seu contrato renovado, sucessivamente, por 20 anos, permanecendo entre nós de 1920 a 1940.

 

Consistia em reorganizar, em um primeiro momento, as escolas de Estado-Maior (EME), de Aperfeiçoamento de Oficiais (Esao), de Intendência, Veterinária, Saúde, Equitação e Educação Física. O contrato representou um grande passo na direção da profissionalização e modernização do Exército e contribuiu para fortalecer o poder militar.

 

Uma das principais consequências da atuação da Missão Militar Francesa, na Escola do Estado Maior, foi a introdução e o ensinamento de elementos universais para o estudo de problema tático, os chamados fatores da decisão militar: a missão, o inimigo, o terreno e os meios.

 

Assim, os missionários franceses se encarregavam de reorientar a doutrina do Exército, elaborar novos regulamentos e aperfeiçoar o ensino e a instrução militar. Sua ação resultou na reformulação das missões do Estado-Maior do Exército e na criação da Escola de Aviação Brasileira no Campo dos Afonsos, embrião da Força Aérea Brasileira (FAB).

 

Colocou-se em prática a ideia, então dominante, de que a finalidade principal do Exército era o preparo das forças nacionais para a guerra e, assim, foi viabilizado o enquadramento do potencial militar. Ademais, a mobilização militar passou a ser encarada como uma mobilização nacional.

 

Alfredo Malan faleceu aos 74 anos, no dia 5 de novembro de 1982, de embolia pulmonar, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 10 de novembro de 1982 – Edição 740 – Pág; 133)

(Fonte: Zero Hora – ANO 56 – N° 19.498 – 7 E 8 de SETEMBRO de 2019 – ALMANAQUE GAÚCHO / Missão Militar Francesa no Brasil / Por Ricardo Chaves – Pág: 42)

 

 

 

 

 

 

Alfredo Souto Malan é um dos cinco filhos do Gen Alfredo Malan D’Angrogne e Clementina Pereira Souto. Nasceu no dia 08 de junho de 1908, na cidade de Porto Alegre-RS. Segundo seus próprios relatos, teve formação primária tumultuada, iniciando seus estudos na Escola Pública Marechal Hermes em Porto Alegre (1915-1916) e no Lyceé Janson-de Sally em Paris no período em que seu pai era Adido Militar na França (1916-1920). Sua formação secundária (1920-1924) foi realizada no Colégio Santo Inácio; Colégio Militar e Curso Anexo da Escola Militar, todas no Rio de Janeiro- RJ.

Concluiu a Escola Militar do Realengo em 1928, sendo declarado Aspirante-a-Oficial da Arma de Engenharia, em 19 de janeiro de 1929.
Durante sua carreira realizou todos os cursos obrigatórios com a peculiaridade de ser convidado a permanecer como instrutor após a conclusão dos mesmos, fato inédito de concludentes da Escola Superior de Guerra da França, quando o então Tenente-Coronel Malan foi convidado a permanecer no Corpo Permanente da Escola, uma vez que não era aberto a estrangeiros.

Quando do seu retorno ao Brasil, em meados de 1949, após fazer uma exposição sobre o curso ao Gen Osvaldo Cordeiro de Farias, é convidado pelo então Comandante, para servir no Corpo Permanente da recém criada, em 1949, Escola Superior de Guerra do Brasil.

Em 1950, houve a primeira turma que se forma na Escola Superior de Guerra, os oficiais do Corpo Permanente, foram considerados da turma de 1950, entre eles Ernesto Geisel, Antonio Carlos Muricy, Golbery do Couto e Silva, Rodrigo Otávio Jordão Ramos, Alfredo Souto Malan entre outros. Já nesta época, era Comandante o Marechal Juarez Távora.
Comandou o Batalhão Escola de Engenharia, na Vila Militar, no Rio de Janeiro- RJ.

Fez parte do Gabinete do Ministro Espírito Santo Cardoso, foi Subcomandante da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) a convite do Gen Jair Dantas Ribeiro.

No Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), chefiou a 3ª seção do Estado-Maior do Marechal Mascarenhas de Moraes.

Foi promovido a General- de Brigada em 25 de novembro de 1960, quando exercia a chefia do Estado-Maior da 7ª Região Militar (RM), em Recife-PE.

Como General foi Chefe do Estado-Maior do IV Exército, Chefe de Gabinete do EME, Subchefe do EMFA, no período (1962-1964), sendo representante pessoal do Chefe do Estado-Maior do Exército, que era no momento o Gen Castello Branco, com o qual manteve um contato muito estreito.

Exerceu o Comando da AMAN, Comando da 4ª RM, Diretor de Engenharia e Comunicações, Comando do IV Exército, Chefe do Departamento de Provisão Geral e Chefe do Estado-Maior do Exército (EME).
Seus discursos e conferências no período em que esteve na Chefia do EME, foram reunidos numa publicação editada pelo EME em 1972, que segundo o Gen Malan era dedicada aos camaradas que deixava na caserna, na esperança que neles pudessem encontrar algo daquilo que tanto se valera ao buscar ensinamento e conforto no legado de acertos – e também erros – dos antigos chefes que presidiram sua formação de soldado.

Assim em 10 de maio de 1972, encerrou o Gen Malan seus quarenta e oito anos de atividade militar, exercendo a função que seu pai exercera quatro décadas atrás, como Chefe do Estado-Maior do Exército do Ministro Pandiá Cálogeras.
Durante a sua carreira militar o Gen Malan foi agraciado com as seguintes medalhas e condecorações:

Nacionais:

-Ordem do Mérito Militar – Grã Cruz;
-Ordem do Mérito Naval – Grande Oficial;
-Ordem do Mérito Aeronáutico – Grande Oficial;
-Ordem do Mérito Rio Branco – Grã Cruz
-Ordem da Inconfidência – Grande Oficial
-Ordem do Mérito Judiciário
-Medalha Militar – Passador de Platina (mais de 40 anos de serviço);
-Medalha de Guerra;
-Medalha do Pacificador;
-Medalha Marechal Hermes – Aplicação e estudo (passadeira de ouro com uma coroa);
-Medalha Marechal Trompowski;
-Medalha Marechal Thaumaturgo de Azevedo; e
-Medalha Santos Dumont.

Estrangeiras:

-Ordem Nacional da Legião de Honra da França – Comendador;
-Ordem Nacional do Mérito da França – Comendador;
-Ordem Militar de Aviz (Portugal) – Grã-Cruz
-Ordem do Mérito Militar de 1ª Classe de Portugal;
-Medalha Especial da Junta Interamericana de Defesa (EUA); e
-Medalha Militar do Mérito da Venezuela.

Quando da passagem para a reserva do Gen Malan, assim se expressou o Gen Orlando Geisel, Ministro do Exército: “ Na folha de alterações do Gen Malan encontram-se quase cinqüenta anos de serviços a bem do Exército e do Brasil. Estudem-no e tomem-no como exemplo”.

No recesso do seu descanso o Gen Malan, escreveu artigos, proferiu conferências e publicou livros:

– “COLETÂNEA DE IMPRESSÕES” ( Composição e anotações Imprensa do Exército 1968)
– “DISCURSOS E CONFERÊNCIAS” (EME 1972)
– “UMA ESCOLHA UM DESTINO” (Bibliex 1977), biografia do Gen Alfredo Malan D’Angrogne.
– “MISSÃO MILITAR FRANCESA DE INSTRUÇAO JUNTO AO EXÉRCITO BRASILEIRO” (Bibliex 1988)

Foi um dos sócio-fundadores do Centro Brasileiro de Estratégia (CEBRES) e era sócio do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB).

O soldado retirou-se de cena e permaneceu o cidadão e chefe de família exemplar, foi casado durante 48 anos com Heloisa Sodré de Sampaio com quem teve cinco filhos: Helena, Alfredo, Alda Maria, César e Carlos José.

Alfredo Souto Malan deveria tomar posse em sua cadeira de historiador militar no (IGHMB), no dia 9 de novembro de 1982, tendo como patrono o Duque de Caxias e ao lado do qual figura como patrono seu ilustre pai e geógrafo Alfredo Malan D’Angrogne. Mas quis o destino, que em 5 de novembro de 1982, quatro dias antes de sua posse, viesse a falecer na cidade do Rio de Janeiro, em conseqüência de uma embolia pulmonar, após uma operação de ponte de safena.

Em abril de 1997, a Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB), designa o Gen Alfredo Souto Malan patrono da cadeira nº 37, num reconhecimento ao biógrafo e historiador.
O Gen Malan tinha um sonho que acalentava quando servira na AMAN, quando Comandante e que com certeza norteou toda sua brilhante carreira. Sonhava que, um dia seria inscrito, em letras de bronze, no Portão Monumental, na entrada da Academia Militar das Agulhas Negras, o que segundo ele sintetizava a carreira militar:
“Se vens em busca de honrarias, não entres, encontrarás decepções.

Se vens em busca de um ideal, então entra, encontrarás honrarias.”

* Carlos José Sampaio Malan é filho do Gen Malan e ocupa como acadêmico a Cadeira nº 37 da AHIMTB,

(Fonte: www.ahimtb.org.br)

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