Alfred Herrhausen, o maior banqueiro da Alemanha, o mais influente empresário alemão-ocidental.

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Herrhausen: credor do Brasil

Alfred Herrhausen (Essen, 30 de janeiro de 1930 – Bad Homburg, 30 de novembro 1989), o maior banqueiro da Alemanha Ocidental, presidente do Deutsche Bank, a maior instituição financeira do país, e amigo pessoal do primeiro-ministro, Helmut Kohl, que carinhosamente costumava chamá-lo de “Don Alfredo”, o mais influente empresário alemão-ocidental.

CREDOR DO BRASIL – Com aparência de artista de cinema, olhar de Alain Delon, esportivo e longe de aparentar seus 59 anos, Alfred Herrhausen simbolizou o tipo de empresário preocupado com os aspectos sociais de sua atividade. Era discreto na vida particular.

Herrhausen havia assumido em 1988 a direção do Deutsche Bank, prometendo alçá-lo do 18.° para o 10.° lugar no ranking dos maiores bancos do mundo. Há anos vinha declarando que os bancos das nações industrializadas precisavam renunciar a uma parte dos créditos concedidos aos países altamente endividados do Terceiro Mundo.

“Os banos ficaram muito mais fortes e os devedores muito mais fracos. Por isso, somos obrigados a ajudar”, disse Herrhausen muito antes do Plano Brady, como foi conhecida a proposta do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, James Brady, para aliviar um pouco o peso da dívida. E antecipando-se à comunidade credora do Brasil, o Deutsche Bank começou a jogar na sua conta anual de depreciações – a título de fundo perdido – partes dos créditos concedidos aos países em desenvolvimento. Dos 120 bilhões de dólares de sua dívida externa, o Brasil deve cerca de 10% à Alemanha Ocidental, e em sua maior parte ao Deutsche Bank.

MISSÃO IMPOSSÍVEL – Herrhausen acumulava ainda o cargo de vice-presidente dos conselhos administrativos de sete das maiores empresas da Alemanha Ocidental, entre elas a Daimler-Benz, e há muito tempo circulava apenas numa Mercedes blindada, de 2,8 toneladas, que custou perto de 500 000 marcos (300 000 dólares) e acabou completamente destruída pela bomba instalada em uma bicicleta displicentemente abandonada no local.

Na manhã de 30 de novembro 1989 o céu estava azul na maior parte da Alemanha Ocidental e a temperatura oscilava em torno de zero grau No Ginásio Imperador Guilherme, da cidade de Bad Homburg, perto de Frankfurt, Anna Herrhausen, 12 anos, se preparava para a aula de Ciências Sociais quando ouviu uma forte explosão que fez tremer as janelas da sala. Eram exatamente 8h34, mas naquele ,omento a caçula das duas filhas de Alfred Herrhausen, não podia saber que a detonação, a cerca de 800 metros de distância, provocada por uma carga de 50 quilos de dinamite capaz de demolir um pequeno prédio, acabara de matar seu pai.

A maioria dos alemães-ocidentais ficou atônita com a sangrenta e absolutamente ex-temporânea volta de um alucinado agrupamento que fora de combate: a Fração Exército Vermelho (Rote Armee Fraktion, ou RAF), que deixou no local uma carta marcada com seu tradicional símbolo, um fuzil superposto a uma estrela de cinco pontas, assumindo o atentado contra Herrhausen.

No dia 10 de novembro de 1989, uma carta escrita por Helmut Pohl, TERRORISTA CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA, SINALIZAVA TRÁGICOS EVENTOS. O atentado a Herrhausen, porém, foi planejado muito antes dessa data.

A extrema esquerda mata o maior banqueiro da Alemanha Ocidental, em atentado que reavivou a memória dos “anos de chumbo” da década de 70.

Pela primeira vez utilizou-se uma célula fotoelétrica para detonar a bomba no momento exato da passagem do carro, uma armadilha de terrível precisão que desconsertou a polícia.

(Fonte: Veja, 6 de dezembro de 1989 – ANO 22 – N° 48 – Edição 1108 – INTERNACIONAL/ Por CARLOS STRUWE, de Colônia – Pág; 64/65)

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