Albert Hirschman, foi um dos construtores do século 20

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Albert Hirschman (Berlim, 7 de abril de 1915 – Ewing, Nova Jérsia, 11 de dezembro de 2012), economista e professor em Harvard. Especialista em desenvolvimento econômico

Hirschman foi um dos maiores economistas do Seculo XX e o maior entre todos que se dedicou especificamente aos problemas do desenvolvimento dos paises mais atrasados economicamente.

Albert nasceu em 1915, em Berlim, numa família judaica. Fugiu da Alemanha quando Hitler chegou ao poder, em 1933, e veio para Itália onde fez o seu doutoramento, em 1937. Mas ele não era só um homem de ideias, mas também de ação, e foi logo a seguir para Espanha, onde combateu na Guerra Civil contra o fascismo.

Após a derrota, passou para França, onde viveu durante a II Guerra Mundial. Aí conheceu em Marselha um aventureiro, o jornalista americano Varian Fry, e com ele trabalhou no International Rescue Committee, que salvava refugiados ao nazismo, principalmente judeus, enviando-os para Lisboa. Juntos salvaram alguns dos maiores artistas e intelectuais da época: Hannah Arendt, Max Ernst, André Breton, Alma Mahler, além da família de Thomas Mann, e muitos outros.

Albert O. Hirschman, Economist and Resistance Figure, Dies at 97 - NYTimes.com

Albert O. Hirschman, Economist and Resistance Figure, Dies at 97 – NYTimes.com

Entretanto, a irmã de Albert, que se chamava Ursula, tinha ficado na Itália, junto do seu marido, que fora preso por ser socialista, e que foi um dos autores do Manifesto por Uma Europa Unida e Livre, um dos primeiros manifestos defendendo uma democracia europeia. Ursula arriscou-se para trazer o manifesto da ilha-prisão onde se encontrava e distribuí-lo no continente.

Depois da guerra, Albert Hirschman esteve no primeiro congresso federalista europeu, antes de emigrar para os Estados Unidos da América, de onde ajudou o seu cunhado, o italiano Altiero Spinelli, a tentar constituir um movimento europeu dos cidadãos, e não dos funcionários ou dos governos.

Professor em Princeton, Albert O. Hirschman dedica-se a partir de então à economia do desenvolvimento; o seu papel é sobretudo sentido no apoio aos países da América Latina. E entretanto vai escrevendo os seus livros tão concisos, distintos e luminosos, que qualquer pessoa os pode facilmente ler e deles tirar proveito, apesar de as suas ideias serem quase sempre profundas.

Judeu berlinense, com uma rica trajetória de vida, estudou na sua cidade natal, na Sorbonne, na London School of Economics e na Universidade de Triestre. Lutou na Guerra Civil Espanhola e contra os alemães na França ocupada, fazendo parte da famosa rota de fuga de Marselha comandada pelo americano Varian Fry. Nos EUA fez parte das Universidades de Columbia, Califórnia, Yale e terminou a vida no celebre Instituto de Estudos Avançados de Princeton, um celeiro de longevos onde atravessaram longas vidas outros luminares como George Keenan e Albert Einstein.

Hirschman foi chefe de Divisão no Fed e trabalhou bom tempo na Colômbia como assessor do Governo na década de 40. Tem grande ligação com o Brasil, foi amigo de Prebisch, Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, que prefaciou a edição em português de sua autobiografia AUTO SUBVERSÃO-Teorias Consagradas em Xeque””, da Companhia das Letras.

Hirschmann era um economista heterodoxo, abominava a ortodoxia e desconstruía teorias consagradas, rediscutia mandamentos e postulados, nesse sentido foi um iconoclasta do pensamento econômico “”mainstream”, um pioneiro da nova visão da CEPAL e de todas as doutrinas voltadas ao subdesenvolvimento. Teve influencia na chamada Escola de Campinas, que se contrapõe à Escola do Rio, a famosa PUC que nos legou o neoliberalismo dos anos 90.

Antes de mais nada um humanista, Hirschmann teria tudo para receber um premio Nobel de Economia se não soubéssemos que o Nobel prefere refinamentos da ortodoxia e não sua contestação mas ao premiar Paul Krugman, discípulo de Hirschman, o Nobel indiretamente premiou o mestre.

Hirschman foi um desses raros personagens que percorreram o Século XX de ponta a ponta, nascido durante a Primeira Guerra Mundial, vivenciou a hiperinflação alemã de 1923, a escalada do nazismo na Alemanha, as tensões dos anos 30, a Guerra Civil Espanhola, onde lutou, a Segunda Guerra, da qual participou como combatente contra a ocupação alemã na França, conheceu a Guerra Fria desde seu inicio, viu nascer a propseridade nos países centrais nos anos de ouro de 50 a 70, depois as crises do petróleo, seguidas pelas crises monetárias nos países do então Terceiro Mundo, a expansão de liquidez e a globalização neoliberal, viu de tudo, refletiu e nos ensinou muita coisa com sua sabedoria, suas reflexões sofisticadas e que derivavam pela sociologia e pela psicologia, fugindo da matematização da economia e do aspecto meramente fisiológico da ciência econômica.

Hirschman foi um homem de nossos tempos, o Brasil deve a ele ensinamentos e apoio, o mundo foi beneficiado com sua sabedoria e seu humanismo.

Albert O. Hirschman morreu em, com 97 anos.

(Fonte: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral – 985312 – OPINIÃO/ Por Roberto Macedo – 17 Janeiro 2013)

(Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/alberto-hirschman-um-dos-construtores-do-seculo-20 – Andre Araujo – BLOG DE LUIS NASSIF – 16/12/2012)

(Fonte: http://www.publico.pt/opiniao/jornal/albert-otto-hirschman-25734967 – RUI TAVARES – 12/12/2012)

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