Affonso Eduardo Reidy, urbanista e arquiteto. Reconhecido e reverenciado internacionalmente

0
Powered by Rock Convert

Affonso Eduardo Reidy (Paris, 26 de outubro de 1909 – Rio de Janeiro, 10 de agosto de 1964), um dos mais extraordinários urbanistas e arquitetos brasileiros. Reconhecido e reverenciado internacionalmente, foi estranhamente esquecido no Brasil.

Affonso Eduardo Reidy, nascido em Paris no dia 26 de outubro de 1909. Desde menino viveu no Rio de Janeiro, onde morreu, em 10 de agosto de 1964, com apenas 55 anos.

Formou-se arquiteto pela Escola Nacional de Belas-Artes, onde entrou com 17 anos. Ainda estudante, trabalhou como estagiário do urbanista francês Alfred Agache, responsável pela elaboração do Plano Diretor da cidade do Rio de Janeiro.

Ali Reidy deu seus primeiros passos no urbanismo.
Professor de Composição de Arquitetura na Escola de Belas-Artes a partir de 1930, Reidy passou a ser assistente de Lucio Costa, então diretor da escola, junto com outro jovem arquiteto, Oscar Niemeyer.
Reidy também assumiu as cadeiras de desenho e planejamento urbano.

Em 1932 prestou concurso público e tornou-se arquiteto-chefe da Secretaria Geral de Viação, Trabalho e Obras da Prefeitura do Distrito Federal. Lá ficou por 30 anos até se aposentar, no início da década de 1960, alternando os cargos de diretor do Departamento de Habitação Popular e do Departamento de Urbanismo.

Em 1936, já tendo projetado alguns prédios, Reidy integrou, junto com Niemeyer, a equipe que, sob a direção de Lucio Costa e a consultoria do arquiteto francês Le Corbusier, construiu o prédio do então Ministério da Educação e Saúde (depois MEC), um marco na história da arquitetura moderna brasileira.

Em 1948, como diretor do Departamento de Urbanismo da Prefeitura do Distrito Federal, coordenou o projeto de urbanização do Centro do Rio de Janeiro, base para o desenvolvimento posterior do Aterro e Parque do Flamengo, na década de 1960.

Em 1951, Reidy recebeu o primeiro prêmio da Exposição Internacional de Arquitetura da I Bienal de São Paulo, com aquele que é considerado sua obra-prima: o projeto do Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como Pedregulho, em Benfica.

É citado nas principais enciclopédias e dicionários do mundo que se referem à habitação de caráter social, exatamente porque propõe um avanço na organizaçao do espaço de convivência social. É também pioneiro no trato arquitetônico e construtivo.

Não contente em projetar o Aterro do Flamengo, Reidy elaborou também o projeto do Museu de Arte Moderna, a primeira construção em concreto aparente no Brasil. Fez também o projeto do teatro (hoje o Vivo Rio) e da passarela em frente ao MAM, cujas formas elegantes inspiraram inúmeras outras.

Affonso Eduardo Reidy projetou ainda o túnel Rebouças, ligando o Rio Comprido à lagoa Rodrigo de Freitas, importante via de integração da cidade do Rio de Janeiro.

O Minhocão da Gávea (inacabado) e o da Catacumba (que não foi construído), claramente inspirados no projeto do Pedregulho, confirmam o extraordinário talento do arquiteto e sua preocupação com a construção de habitações sociais de qualidade.

Reidy foi, segundo estudiosos, arquitetos e urbanistas, de todos os arquitetos, o que mais traduziu a idéia de um Brasil moderno, mas brasileiro. Foi o melhor discípulo de Le Corbusier no Brasil.

Seu rompimento com Oscar Niemeyer aconteceu durante o concurso para escolha do projeto do Centro Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos (SP). Até então os dois eram grandes amigos e trabalhavam no mesmo escritório.
Reidy foi convidado a participar do concurso, desenvolveu o projeto e o mostrou a Niemeyer. Este desenvolveu a concepção, a linha do projeto de Reidy e ganhou o concurso.

A partir daí Reidy saiu do escritório e nunca mais quis contato com Oscar Niemeyer.
Este rompimento marca também a posição de Reidy com relação a Brasília. Desde 1955 Reidy tinha sido encarregado pelo marechal José Pessoa, chefe do escritório de construção da nova capital, de elaborar o projeto de Brasília.

Mas o presidente Juscelino Kubitschek, que chamara Niemeyer para elaborar o projeto de urbanização da lagoa da Pampulha quando era governador de Minas, decidiu patrocinar um concurso para o projeto do Plano Piloto da nova capital.

Reidy considerou toda a concepção do Plano Piloto (traçado de Lucio Costa), com seus eixos monumentais e a Esplanada dos Ministérios, terrivelmente stalinista, totalitária, com pouco espaço para a convivência da população.
Assim, Affonso Eduardo Reidy desistiu de participar do concurso para a construção da nova capital e dedicou-se inteiramente ao Rio de Janeiro.

Morreu de câncer, no auge do prestígio e tendo atingido a maturidade como arquiteto e urbanista.
Estudado no mundo inteiro, Reidy merece todas as homenagens dos brasileiros. E dos cariocas em particular, por ter presenteado a cidade com seus marcos arquitetônicos mais importantes nos tempos modernos.
No século XX, nenhum arquiteto ou urbanista marcou mais a cidade do Rio do que Affonso Eduardo Reidy.

(Fonte: www.oglobo.globo.com – Affonso Eduardo Reidy – um construtor do Rio de Janeiro – Por/ Lucia Hippolito – 25.10.2009)
(Fonte: Veja, 1° de agosto, 2001 – Edição 1711 – ANO 34 – N° 30 – DATAS/LUPA – Pág; 114/115)

Powered by Rock Convert
Share.