A primeira arquiteta brasileira

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A primeira arquiteta brasileira

(© Fornecido por IstoÉ)

 

Dificilmente haverá brasileiro que nunca tenha ouvido falar nos nomes de Oscar Niemayer, Paulo Mendes da Rocha e Lúcio Costa – eles foram e são referências na arquitetura porque construíram maravilhas reconhecidas mundialmente. Entre as mulheres, destaca-se o trabalho da ítalo-brasileira Lina Bo Bardi. Sabe-se agora, porém, que figuras femininas sempre se interessaram pelo ramo da construção artística de ambientes físicos, somente não tiveram as suas obras devidamente divulgadas. Corrige esse erro a historiadora Camila Almeida Berlarmino a partir de sua pesquisa a respeito das vinte e oito mulheres matriculadas no primeiro curso de arquitetura, na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, entre os anos de 1907 e 1938. Entre as pioneiras está Arinda da Cruz Sobral, autora do projeto da Capela São Silvestre, erigida em 1918 na então capital do Brasil. O edifício está situado no Parque Nacional da Tijuca, um local tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Ainda assim, o reconhecimento a Arinda, simplesmente foi apagado da história. “Não há nome na inscrição, oficial, a autoria é desconhecida”, conta Camila. Foi o jornal O Paiz, periódico que teve boa circulação entre os cariocas e existiu entre 1884 e 1939, que fez a devida reparação.

PIONEIRA - Arianda Sobral: projetou o templo na ex-capital do Brasil; (© Fornecido por IstoÉ)

PIONEIRA – Arinda Sobral: projetou o templo na ex-capital do Brasil; (© Fornecido por IstoÉ)

Arinda nasceu em 1883 e viveu 98 anos. Nos primórdios da Republica, não havia curso superior de arquitetura e o campo perdia em importância social para a engenharia civil, que estava alta. E, além disso, o ambiente era essencialmente masculino o que ofuscava ainda mais o brilho das mulheres. Por isso, a pesar de ter conseguido concluir os estudos, ela não teve outros trabalhos e seguiu na carreira de docente. “Graças ao jornal podemos afirmá-la como a primeira arquiteta e a publicação enalteceu o curso”, diz Camila. O fato de permitir que mulheres frequentassem a Escola de Belas Artes mostra que tanto a instituição quanto Arianda estavam acompanhando o que havia de mais moderno em todo o mundo. “Nessa época, o feminismo e a defesa dos direitos civis das mulheres estavam latente na Europa”, diz a historiadora. Reconhecimento feito, Camila busca agora, frente às autoridades responsáveis, a identificação efetiva da participação vital de Arinda na construção Capela São Silvestre.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / A primeira arquiteta brasileira / por Fernando Lavieri /  IstoÉ – 22/07/2022)

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