Zulmira Ribeiro Tavares, autora do romance ‘Joias de Família’ com o qual foi reconhecida com o Prêmio Jabuti, em 1991

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Escritora paulistana Zulmira Ribeiro Tavares

Além de romancista, a autora era contista e poeta; venceu o Jabuti em 1991 com o romance ‘Joias de Família’

 

 

 

A escritora paulistana Zulmira Ribeiro Tavares – (Foto: Renato Parada/Divulgação)

 

 

Elogiada pela crítica, autora paulistana publicou 9 livros, entre poesia, contos e romance

 

 

Zulmira Ribeiro Tavares (São Paulo, 27 de julho de 1930 – São Paulo, 9 de agosto de 2018), escritora paulistana, a contista, romancista e poeta foi uma das grandes escritoras brasileiras, embora fosse pouco conhecida do grande público.

 

 

Contista, romancista e poeta tem em seu currículo nove livros, entre eles “Termos de comparação” (1974), “Joias de família” (1990) e “Café pequeno” (1995). Seu último livro publicado foi “Região” (2012), que reuniu seus contos publicados desde os anos 1970, além de contos avulsos. Foi traduzida para o italiano e o alemão.

 

 

 

 

Autora de romances e livros de contos, sua prosa meticulosa escarafuncha o desconcerto da vida social brasileira – em especial das elites paulistanas – com olha de anatomista, levando vários críticos a identificar em seus relatos pequenas monografias e ensaio de viés satírico.

 

 

 

O exemplo rematado desse pendor para a caricatura está no romance O Nome do Bispo”, de 1985. Nele, o ilustre protagonista, acometido por uma fissura anal, entra numa via crucis existencial em que repassa as peripécias familiares e vai desconstruindo a fantasiosa (e racista) genealogia pela qual os quatrocentões recalcam suas origens miscigenadas.

 

 

Entre despautério, ferida narcísica e decadência, a obra Zulmira Tavares traz uma fiada de nomes pomposamente compostos como Heládio Marcondes Pompeu, do livro acima citado, ou Maria Bráulia Munhoz, do igualmente impiedoso Joias de Família”, romance de 1990 em que a geografia paulistana assinala os deslocamentos e o desconforto de uma elite decrépita.

 

 

A precisão documental com que Zulmira Tavares descreve as marcas temporais impressas em ruas e bairros reitera um deslocamento mais agudo e irreversível, da ordem do tempo e da caducidade de suas personagens – às quais a autora até empresta algum lirismo, se bem que cômico.

 

 

 

Caso emblemático é A Curiosa Metamorfose Pop do Sr. Plácido”, conto no qual um simplório vendedor de utilidades domésticas passeia pela Bienal de São Paulo portando um penico, logo confundido com um ready-made” e deflagrando uma meditação nonsense sobre os limites borrados(no sentido estético e escatológico) da arte contemporânea, em mais um flagrante dos descompassos da mentalidade de época.

 

 

O relato foi extraído de “Termos de Comparação”, primeiro livro de Zulmira, publicado em 1974, na qual ela trabalhou com o editor Jacó Guinsburg no período em que selou amizade com os ensaístas Anatol Resenfeld, Sábato Magaldi e Roberto Schwarz.

 

 

Recentemente, contos desse livro foram reunidos a outros de coletâneas subsequentes (como “O Mandril”, de 1988) e a narrativas e a um ensaio inéditos, compondo a antologia “Região”, “Ficções Etc…”, de 2013, que cobre a produção da autora entre 1974 e 2007.

 

 

Mas foi só com Vesúvio”, de 2011, que Zulmira lançou um livro exclusivamente dedicado à poesia. Aqui, mais uma vez, o sentido crítico se afia mesmo nos momentos mais celebrativos ou memorialísticos, como na seção “Lírica Canhota”, cujo título fala por si.

 

 

Dentro desse conjunto, despontam ainda, na seção “Instalações”, impressões e reflexões despertadas pela arte, que se conectam a uma sensibilidade cultivada pela autora nos tempos em que atuou como crítica de cinema e artes visuais.

 

 

Ela estreou na literatura com 1955, com o livro de poemas “Campos de Dezembro”. Em 1974, lança “Tempos de Comparação”, uma mistura de poesia, ensaísmo e ficção, com o qual ganha o prêmio de revelação daquele ano concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.

 

 

E se vários desses textos estão numa zona hibrida, entre o poema em prosa e o micro-conto, a própria Zulmira preferia o termo “ficções” para os gêneros breves como aqueles que encontramos em “Cortejo em Abril”, de 1998, nos quais a forma elíptica dá contornos nítidos e efêmera sobrevida às criaturas minúsculas que assistem ao desconjuntado cortejo da história brasileira.

 

 

Nascida em 27 de junho de 1930, na cidade de São Paulo, Zulmira, além de romancista, era contista e poeta. Entre suas obras, estão Termos de Comparação”, de 1974, O Nome do Bispo”, de 1985, Joias de Família”, de 1990, e Café Pequeno”, de 1995. Sendo que seus últimos trabalhos foram os livros Região” e Vesúvio”, ambos publicados em 2012.

Com o romance “Joias de Família”, a escritora foi reconhecida com o Prêmio Jabuti, em 1991.

 

A última publicação com textos inéditos foi “Vesúvio” (2012), uma coletânea de poesias. Ao escrever sobre a obra no Globo, o crítico José Castello observou na época: “A poesia de Zulmira, é verdade, desilude. Não porque não seja bela, ao contrário, mas porque é poesia. É como o amigo lento, que ‘caminha e nunca chega para o abraço'”.

Premiada e muito elogiada pela crítica, a autora permaneceu desconhecida do público por toda a vida. Sua estreia foi em 1955, com o livro de poemas “Campos de dezembro”. Só em 1974 voltou a publicar com “Termos de comparação”. A partir daí, passou a ser editada com mais regularidade. Recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Livro do Ano de Ficção e na categoria Romance em 1991, por “Joias de família”.

Algumas de suas obras ganharam tradução para o italiano e o alemão.

 

Zulmira Tavares morreu em 9 de agosto de 2018, aos 88 anos. Ela estava internada desde o dia 7 de agosto no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, e não conseguiu superar uma pneumonia.

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao – DIVERSÃO / ENTRETENIMENTO – 11 AGO 2018)

(Fonte: https://istoe.com.br – EDIÇÃO Nº 2538 – CULTURA / Por Estadão Conteúdo – 11/08/18)

(Fonte: https://www.jornalcruzeiro.com.br – CULTURA / Por / Folhapress – 10/08/18)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/08 – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA – 10.ago.2018)

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/livros – CULTURA / LIVROS / POR O GLOBO – 10/08/2018)

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