Tereza Rachel, atriz, produtora e intérprete

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Tinha uma personalidade forte, que se traduziu em atuações consagradas no teatro e na TV e no empenho em construir um teatro sozinha.

A atriz Tereza Rachel interpreta a personagem Rebeca na novela Caras & Bocas, de 2009 (Foto: João Miguel Júnior/Globo)

A atriz Tereza Rachel interpreta a personagem Rebeca na novela Caras & Bocas, de 2009 (Foto: João Miguel Júnior/Globo)

Tereza Rachel (Nilópolis, na Baixada Fluminense, 19 de agosto de 1935 – Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, 2 de abril de 2016), atriz, produtora e intérprete, foi estrela de peças teatrais e sucesso na TV como vilã em várias novelas.

A atriz começou a carreira em 1955, atuando no teatro, sendo dirigida por Henriette Morineau em Os Elegantes, de Aurimar Rocha. No ano seguinte recebeu o prêmio de atriz revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, por sua atuação em Prima Donna.

Na televisão, interpretou personagens que são lembrados pelo público, como a Clô Hayalla, da novela O Astro (1978), a Renata Dumont de Louco Amor (1983) e a Rainha Valentine de Que Rei Sou Eu? (1989).

Tereza Rachel an novela Que Rei Sou Eu? (Foto: Reprodução / TV Globo)

Tereza Rachel an novela Que Rei Sou Eu? (Foto: Reprodução / TV Globo)

Em 1995, ela interpretou Francesca Ferreto na novela A Próxima Vítima. O último papel de Tereza Rachel na TV Globo foi na novela Babilônia (2015).

Nascida Terezinha Malka Brandwin Taiba de la Sierra, em agosto de 1935, na cidade de Nilópolis, Baixada Fluminense. Segundo as muitas entrevistas que concedeu, foi no dia 10 de agosto de 1935. Segundo o registro do Hospital São Lucas, em Copacabana, onde ela estava internada desde dezembro, foi no dia 10 de março de 1934. Mas só se tornou Tereza Rachel nos anos 1950.
A atriz, produtora e intérprete inquieta, fundou o Teatro Tereza Raquel nos anos 70, onde produziu peças inéditas e trouxe diretores europeus ligados à vanguarda, fazendo de sua casa de espetáculos um dos polos de destaque do teatro carioca.

TEXTOS DE VANGUARDA

Na década de 1960, participou de peças históricas. Em 1965, esteve na primeira montagem de “Liberdade, liberdade”, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, com o Grupo Opinião, um marco do teatro de protesto. Dois anos depois, interpretou Jocasta em “Édipo Rei”, com Paulo Autran e direção também de Flavio Rangel. Em 1969, integrou o elenco da primeira — e histórica — montagem brasileira de “O Balcão” (1969), de Jean Genet, dirigida pelo argentino Victor Garcia.

Ao longo da carreira, Tereza trouxe vários textos de vanguarda para serem montados no Brasil pela primeira vez. Foi o caso de “A mãe” (1971), do polonês Stanislaw Witkiewicz, que ela conheceu ao assistir a uma montagem em Paris. De tão empolgada, convenceu o diretor francês Claude Régy a vir cuidar da versão brasileira. Com ela, Tereza levou o prêmio Molière de melhor atriz. Em 1972, Tereza produziu e atuou em “Tango” (1972), do polonês Slawomir Mrozek, dividindo o palco com Sergio Britto, sob direção de Amir Haddad.

 

TEATRO TEREZA RACHEL

Naquela época, início dos anos 1970, sentiu que seu compromisso com o teatro ia além do que levava aos palcos. Foi atrás de um financiamento e empenhou-se em criar um teatro propriamente dito, em Copacabana, com o seu nome. Aberto provisoriamente em 1971 e inaugurado em 1972, o Teatro Tereza Rachel foi um importante polo cultural durante a década. No mesmo palco em que Gal Costa fez o cultuado show “Gal Fatal” (1971), Luiz Gonzaga, Clementina de Jesus e Dalva de Oliveira realizaram suas últimas apresentações.

Entre 2001 e 2008, o espaço foi alugado para a Igreja Universal do Reino de Deus e deixou de receber produções culturais. Em 2004, depois de ver uma entrevista na qual Tereza lamentava o fato de não ocupar mais aquele espaço com espetáculos, Miguel Falabella, na época gestor da Rede Municipal de Teatros, iniciou negociações para que a prefeitura alugasse o equipamento, o que resultou no tombamento do local. Entretanto, ele só voltou a funcionar regularmente como sala de espetáculos em 4 de abril de 2012, depois de ser arrendado por Frederico e Juliana Reder e passar se chamar Net Rio. Em entrevista ao GLOBO na época da estreia, Frederico contou que precisou ser muito insistente para convencer Tereza Rachel. Mesmo com dívidas, ela já havia rejeitado sondagens da Prefeitura e do Sesc.

A atuação de Tereza Rachel nos bastidores teve outros episódios, um deles mais complicado. Durante o governo de Fernando Collor, no começo dos anos 1990, seu segundo marido, o cineasta Ipojuca Pontes, assumiu o cargo de secretário nacional de Cultura, e a defesa da gestão política adotada acabou rendendo desentendimentos entre a atriz e outros artistas.

VILÃS MARCANTES NA TV

Na TV, Tereza fez personagens que ficaram na memória do público, como a dondoca Clô Hayalla, da primeira versão de “O astro” (1977) e a Rainha Valentine, de “Que rei sou eu?” (1989). A partir do final dos anos 1990, Tereza ficou mais afastada dos palcos e das telas. Fez pequenas participações em novelas como “Caras e bocas” (2009), “Tititi” (2010) e “Babilônia”, além da série “Alice” (2008), da HBO.

 Rainha Valentine e outras personagens inesquecíveis de Tereza Rachel

‘O astro’ (1977)

Tereza Rachel em 'O astro' Foto: Reprodução

Tereza Rachel em ‘O astro’ Foto: Reprodução

Na novela de Janet Clair, Tereza Rachel interpretava a fútil Clô, esposa do milionário Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo), que tinha como amante o jovem Felipe Cerqueira (Edwin Luisi). Sempre ocupada promovendo espetáculos beneficentes, encontrava pouco tempo para o filho, Márcio (Tony Ramos).

 

‘Baila Comigo’ (1981)

Tereza Rachel em 'Baila comigo' (Foto: Reprodução)

Tereza Rachel em ‘Baila comigo’ (Foto: Reprodução)

Escrita por Manoel Carlos, a novela traz Tereza Rachel como Marta Gama, mulher de Quim (Raul Cortez). Temperamental, não perdoa as infidelidades do marido, mesmo sem amá-lo. É convencida pelo marido a adotar João Victor (Tony Ramos), sem saber que ele é filho legítimo de Quim.

 

‘Louco Amor’ (1983)

Tereza Rachel em 'Louco amor' (Foto: Reprodução)

Tereza Rachel em ‘Louco amor’ (Foto: Reprodução)

A atriz interpreta a megera Renata Dumont, que não aceita o romance da enteada Patrícia (Bruna Lombardi) com Luiz Carlos (Fábio Jr.), rapaz de origem humilde. Ambiciosa, Renata estudou cinema, mas abandonou a carreira para se casar com o então jovem diplomata André.

 

‘Que rei sou eu?’ (1989)

Tereza Rachel e Dercy Gonçalves em 'Que rei sou eu?' (Foto: Reprodução)

Tereza Rachel e Dercy Gonçalves em ‘Que rei sou eu?’ (Foto: Reprodução)

Tereza Rachel interpretou a inesquecível rainha Valentine em uma das mais marcantes novelas da TV Globo. Escrita por Cassiano Gabus Mendes, fazia uma paródia do Brasil ao mostrar a vida política no fictício reino de Avilan.

 

‘A próxima vítima’ (1995)

Aracy Balabanian e Tereza Rachel em 'A próxima vítima' (Foto: Reprodução)

Aracy Balabanian e Tereza Rachel em ‘A próxima vítima’ (Foto: Reprodução)

Na trama policial de Silvio de Abreu ela foi a elegante e determinada Francesca Ferreto. Casada com Marcelo (José Wilker), é irmã de Filomena (Aracy Balabanian), Romana (Rosamaria Murtinho) e Carmela (Yoná Magalhães).

 

Tereza Rachel morreu em 2 de abril de 2016, no centro de tratamento intensivo em decorrência de complicações de um quadro agudo de obstrução intestinal. Ela estava com 82 anos e permanecia internada desde o dia 30 de dezembro no Hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Artistas do teatro e da televisão lamentaram a morte de Tereza Rachel. Miguel Falabella disse que “ela era uma atriz com ‘A’ maiúsculo”. Stênio Garcia lembrou que os dois estrearam quase juntos, em 1956, e disse que vai plantar uma árvore em homenagem a colega de palco.

Para os amigos mais próximos e atores, Tereza teve um papel fundamental para a cultura do país. “A importância dela, só de ter um grande teatro com o nome dela, foi muito importante. Ela é uma atriz genial. As peças que montou foram de grande importância política. Ela estava sempre à frente. Um exemplo é o musical Gota D’água. Aquele lugar é sagrado para todos os atores. Infelizmente eu não trabalhei com ela. Mas sempre a admirei. É como se eu tivesse perdido uma pessoa da família”, afirmou o amigo Ney Latorraca.

(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – Nº 18.430 – 5 de abril de 2016 – JÁ FOI DITO – Pág: 27)

(Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/04 – RIO DE JANEIRO – Do G1 Rio – 04/04/2016)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura -2-19013025#ixzz44uy9VG7l – CULTURA/ POR O GLOBO – 04/04/2016)

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