San Peckinpah, cineasta, egomaníaco delirante, poeta da violência, fascista e racista

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Conhecido por westerns como Meu Ódio Será Sua Herança e Pat Garrett & Billy the Kid 

Sam Peckinpah (Fresno, Califórnia 21 de fevereiro de 1925 – Inglewood, 28 de dezembro de 1984), cineasta, genial diretor americano, filho de uma família de pioneiros do Oeste americano. Poucos diretores do cinema americano foram tão pesadamente atacados e apaixonadamente enaltecidos quanto Peckinpah. À medida que seus catorze filmes foram lançados, ele foi sucessivamente classificado de egomaníaco delirante, poeta da violência, fascista e racista. Todos esses adjetivos, de certa forma, servem para definir aspectos dos filmes de Peckinpah, autor de uma obra complexa e poderosa.

Peckinpah transformou a câmara lenta em um recurso surpreendente para a criação daquele gênero batizado de “a poética do niilismo”. O que importa não é a quantidade de tiros ou socos e sim como a violência faz parte da humanidade, fazendo explodir as amarras do racionalismo.

Peckinpah dirigiu A Cruz de Ferro, drama de guerra, sobre a tensão entre soldados e oficiais do Exército alemão às vésperas da derrota no front soviético. Em 1943, o sargento Steiner (James Coburn) é condecorado por bravura depois de comandar uma ação bem-sucedida contra o inimigo, mas em seguida é informado de que seu esquadrão agora está sob as ordens do capitão Stransky (Maximilian Schell), um aristocrata pusilânime.

Valendo-se do que acredita ser seu privilégio de classe, o capitão covarde assume uma pequena vitória sobre os soviéticos – liderada, na verdade, por um oficial morto em combate – e por isso exige receber a A Cruz de Ferro. Principal testemunha no processo de condecoração, Steiner se recusa a participar da farsa, enquanto o superior engendra uma vingança capaz de destruir a todos. O embate entre Coburn e a histeria alucinada de Schell mantém a temperatura bélica da ação tanto quanto as sequências de violência que são a marca registrada do diretor Peckinpah.

 

Ele foi o primeiro diretor a tentar mostrar que a violência mais selvagem, como a dos massacres em câmara lenta de Meu Ódio Será Tua Herança, pode ser esteticamente agradável. Ou que estupros, como os que acontecem em Sob o Domínio do Medo, podem ser registrados com bom gosto. Aos que o acusavam de apelar para os chamados “baixos instintos” do público, Peckinpah respondeu que, ao exibir a violência, estava provocando a “catarse” da audiência.

Peckinpah foi indisciplinado e agressivo desde a infância, a ponto de seu pai, um juiz, tê-lo matriculado numa escola militar para que se corrigisse. Depois de ter sido fuzileiro naval durante a II Guerra Mundial (não chegou a lutar), ele formou-se em Artes Dramáticas e começou a trabalhar em teatro, dirigindo peças de Tennessee Williams. Em meados dos anos 50, Peckinpah começou a trabalhar na televisão escrevendo episódios para a série Gunsmoke e dirigindo O Homem do Rifle. Ele estreou no cinema em 1961, com o insosso faroeste O Homem Que Eu Devia Odiar. Seu primeiro grande filme foi feito em 1962: Pistoleiros ao Entardecer, uma lírica e nostálgica apologia da amizade masculina e dos valores do velho Oeste.

Fora das telas, Peckinpah ganhou fama de beberrão, agressivo e criador de casos. Ele brigou tanto com produtores de Hollywood que acabou por ser impedido de trabalhar nos grandes estúdios durante quatro anos, na década de 60. Além disso, muitos de seus filmes foram mutilados depois de prontos, sendo reeditados pelos produtores. Quanto mais o diretor era isolado e marginalizado na indústria cinematográfica, mais os heróis de seus filmes ficavam solitários e violentos. Em Meu Ódio Será Tua Herança, por exemplo, o pistoleiro “Pike” William Holden (1918-1981) morre com o dedo no gatilho de uma metralhadora giratória, depois de provocar uma carnificina. Sam Peckinpah morreu no dia 28 de dezembro de 1984, aos 59 anos, de insuficiência cardíaca, em Inglewood, na Califórnia, Estados Unidos.

(Fonte: Veja, 9 de janeiro de 1985 -– Edição 853 -– DATAS – Pág; 80/81)

(Fonte: Veja, 20 de setembro de 1989 – ANO 22 – Nº 37 – Edição 1097 – LIVROS/ Por ALESSANDRO PORRO – Pág: 143)

(Fonte: Veja, 7 de janeiro de 2015 – ANO 48 – Nº 1 – Edição 2407 – Veja Recomenda – Pág: 96/97)

 

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