Rinaldo De Lamare, médico apontado como mais importante pediatra do País

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Doutor De Lamare, o médico de milhões de crianças brasileiras por sete décadas

Autor do best-seller ‘A vida do bebê’, pediatra difundiu cuidados, como o preparo do soro caseiro, ajudando pais e mães a zelarem pela saúde dos filhos

 

Rinaldo de Lamare

Doutor De Lamare, autor do best-seller ‘A Vida do Bebê’ (Foto: Tasso Marcelo/AE)

 

Rinaldo De Lamare (Santos, 2 de janeiro de 1910 – Rio de Janeiro, 28 de abril de 2002), médico apontado como mais importante pediatra do País, autor do livro A Vida do Bebê’’, que vendeu mais de 6,5 milhões de exemplares no Brasil, desde 1941.

Considerado pelos colegas de profissão um dos melhores médicos do Brasil, Rinaldo Victor De Lamare foi o responsável por difundir, no início dos anos 30, o uso do soro caseiro como tratamento para a desidratação, ajudando a reduzir drasticamente a principal causa da mortalidade infantil durante décadas no Brasil. Mas foi com um livro, “A vida do bebê”, um guia para os pais de primeira viagem — atualmente na 43ª edição, com 6 milhões de exemplares vendidos — que o pediatra se tornou conhecido em todo o país e no exterior.

De Lamare costumava dizer que, para orientar a educação de crianças rebeldes, é preciso impor limites, mas com carinho. A ideia do livro surgiu em 1941, pouco depois de se formar.

Apesar do problema, ele acompanhou a 41ª edição do livro, um marco na pediatria do país. Foram vendidos mais de 6 milhões de exemplares.

Quando lançou a primeira edição do livro “A Vida do Bebê”, em 1941, De Lamare era plantonista de um posto de saúde de Madureira.

Rinaldo Victor De Lamare , natural de Santos, nascido a 2 de janeiro de 1910, formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina, atual UFRJ, em 1932.

Recém-formado, aos 22 anos, De Lamare abriu um pequeno consultório na Estrada da Portela, em Madureira, iniciando sua carreira de brilhante e propagando a receita que salvaria milhares de vidas: 1 colher de sobremesa de açúcar, uma de chá de sal, diluídas em um copo d’água.

Presidente da SBP de 1948 a 1949, hoje a maior sociedade de especialidade do País, Dr. De Lamare foi um dos responsáveis pela nacionalização – com a filiação das entidades estaduais – e a aproximação com as entidades internacionais, como a Academia Americana de Pediatria, da qual era membro honorário. Em 1991, assumiu a presidência da Academia Nacional de Medicina, tornando-se o segundo pediatra a chegar a este cargo.

Foi Diretor do Departamento Nacional da Criança, superintendente e vice-presidente da Legião Brasileira de Assistência, ambos criados por Getúlio Vargas, na opinião de De Lamare, “o último presidente a adotar medidas efetivas em relação à maternidade e à criança ”. Livre docente pela Faculdade Nacional de Medicina, foi também titular da cadeira de Pediatria da Pontifícia Universidade Católica. No início dos anos 40, De Lamare escreveu um autêntico best-seller, hoje na 41 ª edição, A vida do bebê, considerado uma verdadeira “bíblia ” da medicina de crianças. No tópico “Escolhendo o Pediatra ”, De Lamare enfatiza: “O médico do bebê deve ser um pediatra, e os pais devem se certificar se ele tem o atestado de Especialista em Pediatria, que é concedido pela SBP ”.

Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, De Lamare publicou o livro de puericultura “A vida do bebê”, que o transformou no pediatra mais ouvido no país. De Lamare teve entre seus clientes netos de presidentes, como os de Epitácio Pessoa, Arthur Bernardes, Castello Branco, Garrastazu Médici, entre outros. O médico só parou de clinicar em 1985, aos 75 anos, após se submeter à primeira das quatro cirurgias de ponte de safena.

Em 1947 Rinaldo De Lamare passou três meses nos Estados Unidos, onde participou do V Congresso Mundial de Pediatria, que mudou os rumos da especialidade, com o aparecimento da penicilina, do fator Rh, da hidratação contínua gota a gota. Em julho de 2000 (foto), aos 90 anos, aceitou o convite da Sociedade e esteve presente ao lançamento da pedra fundamental do Memorial da Pediatria Brasileira, no Rio de Janeiro. Na ocasião disse que “desde o lançamento de seu livro, a pediatria e a medicina em geral passaram por três grandes revoluções:a descoberta dos antibióticos, a criação de importantes vacinas e as grandes campanhas pelo aleitamento materno ”.

Nos anos 50, quando a indústria propagava a substituição do leite materno pelo aleitamento artificial, o pediatra costumava alertar, incisivamente, sobre a necessidade da amamentação, que jamais deveria ser substituída pela mamadeira, como publicado no GLOBO, em 15 de outubro de 1958.

— A mãe que, tendo leite, se negue a dá-lo a seu filho, não merece o nome de mãe — disse na ocasião o médico, que também chamava atenção sobre os perigos de se fumar próximo aos bebês, quando era comum gestantes continuarem fumando durante a gravidez, pois ainda não havia estudos que comprovassem os benefícios do aleitamento e os malefícios do cigarro.

De Lamare orientou milhões de mães e pais sobre planejamento familiar, aleitamento materno, vacinação, primeiros socorros, doenças infantis e emergências pediátricas, fazendo grande uso dos jornais, rádio e televisão para divulgar suas ideias. Em 1964, o médico lançou ainda o livro “A vida de nossos filhos”, com orientações sobre o crescimento e a saúde de crianças entre 2 e 16 anos, que não alcançou o sucesso do primeiro, cuja edição de 2017 foi revista e atualizada, sob a coordenação do Dr. Edimilson Migowski, professor-adjunto da UFRJ e diretor do Departamento de Pediatria da mesma universidade.

Sua contribuição à pediatria e à saúde das crianças foi amplamente reconhecida. De 1948 a 1949, ele presidiu a Sociedade Brasileira de Pediatria, além dei membro honorário da American Academy of Pediatrics. Foi professor titular de Pediatria e Puericultura na UFRJ, professor emérito da PUC–Rio, e o segundo pediatra a presidir a Academia Nacional de Medicina, em 1991, recebendo aos 90 anos o título de Médico do Ano, da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Participou de várias sociedades médicas no exterior e viajou a vários países, participando de congressos científicos e ministrando conferências. Incansável, atuou ainda como diretor do Departamento Nacional da Criança do Ministério da Saúde, membro do Conselho Técnico de Saúde da Secretaria do antigo Estado da Guanabara, diretor superintendente e vice-presidente da Liga Brasileira de Assistência (LBA) e Delegado do Brasil às reuniões do Fundo das Nações Unidas para crianças (Unicef).

No Rio, a prefeitura o homenageou em 2004, dando o seu nome à uma escola municipal e um centro de cidadania, localizados no prédio do antigo Hotel São Conrado, reforçados com a inauguração, em 2010, da Clínica da Família Rinaldo De Lamare. O médico também foi condecorado pelo Exército Brasileiro com a “Ordem do Pacificador”, nomeado comendador e Grande Oficial da Ordem do Mérito Médico e do Mérito Legionário da LBA, além de ter recebido as medalhas ao mérito Professor Clementino Fraga, de Insigne Benfeitor, do Instituto Domingos Sávio e a do Estado da Guanabara.

 

Rinaldo De Lamare

Salvando vidas. De Lamare: divulgação do soro caseiro no Brasil ajudou a reduzir desidratação, durante décadas principal causa da mortalidade infantil no país (Foto: Gustavo Stephan 26/08/1991 / Agência O Globo)

Rinaldo De Lamare morreu de insuficiência respiratória, em 28 de abril de 2002, aos 92 anos, no Rio de Janeiro.

(Fonte: http://www.estadao.com.br/arquivo/nacional/2002 – CIDADES – GERAL – 29 de Abril de 2002)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano – COTIDIANO – da Folha Online – 29/04/2002)
(Fonte: http://www.sbp.com.br – SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA)

(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/144/aconteceu – Edição 144 – ACONTECEU – TRIBUTO / por Dirceu Alves Jr. – 06/05/2002)

(Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com – EM DESTAQUE/ Por Janaína Polonini* – 24/04/17)

* com edição de Matilde Silveira

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