Rabinos americanos reformistas elegem primeira líder lésbica

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Rabinos americanos reformistas elegem primeira líder lésbica

Denise Eger foi empossada, em 16 de março de 2015, como presidente da Conferência Central de Rabinos Americanos

Como uma estudante do rabinato na década de 1980, em Nova York, Denise Eger teve que viver longe de seus colegas seminaristas. Silenciosamente, ela criou um grupo de estudantes gays, mas realizava os encontros fora da escola. Na época de sua ordenação, ela ainda não tinha declarado sua orientação sexual publicamente, mas a comunidade judaica sabia sobre sua sexualidade, e ninguém estava disposto a contratá-la. Mais tarde, ela aceitou o único posto que lhe foi oferecido, em uma sinagoga que serve como um refúgio religioso para judeus homossexuais.

Desde então, o movimento reformista judaico — lar espiritual de Denise desde a infância — já percorreu um longo caminho em direção ao reconhecimento das relações entre pessoas do mesmo sexo. Essa jornada levou a clériga à Filadélfia, onde, nesta segunda-feira, ela será empossada como a primeira presidente abertamente gay da Conferência Central de Rabinos Americanos, o braço rabínico do judaísmo progressista.

— Isso realmente mostra o arco de direitos civis dos LGBT — disse Denise à “Associated Press” em uma entrevista por telefone, pouco antes da convenção onde assumirá o cargo. — Eu sorrio muito, é um sorriso de incredulidade.

Denise, de 55 anos, fundadora da Congregação Kol Ami, em Los Angeles, não é a primeira sacerdotisa abertamente gay a liderar um grupo de rabinos americanos. Em 2007, a Associação Rabínica Reconstrucionista escolheu Toba Spitzer, uma lésbica, como sua presidente nacional. Mas os judeus reformistas, com dois mil rabinos e 862 congregações americanas, formam o maior movimento judaico nos Estados Unidos e têm um papel mais amplo no mundo religioso.

O Judaísmo de Reforma foi o primeiro dos grandes movimentos judaicos a tomar medidas formais para reconhecer as relações entre pessoas do mesmo sexo. Em 1977, o grupo reformista clamou pela proteção aos direitos civis dos homossexuais e, em 1996, os rabinos reformistas já apoiavam o casamento civil gay. Mas enquanto essas batalhas se desenrolavam, gays e lésbicas tinham que lidar com as incertezas da ordenação, já que poderiam facilmente ser expulsos de um seminário por conta de sua sexualidade, ou não conseguirem emprego após a graduação por não encontrarme uma congregação disposta a contratá-los.

Durante o seminário, Denise tinha uma namorada, e contou que algumas pessoas tratavam-nas como um casal. Algumas sinagogas reformistas já tinham começado programas de extensão para gays e lésbicas e uma congregação, em San Francisco, tinha um rabino abertamente gay. Ainda assim, depois que Denise foi ordenada, em 1988, ela tinha apenas uma oferta de emprego.

Ela começou sua carreira na Beth Chayim Chadashim, em Los Angeles, a primeira sinagoga LGBT do mundo, em meio à epidemia de Aids dos anos 1980. Denise comentou que “ficar de pé sobre os túmulos de jovens de 28 anos e correr para o hospital cinco ou seis vezes por dia” intensificou sua militância pelos direitos dos homossexuais. Em 1990, ela apareceu em uma reportagem do jornal “Los Angeles Times” dizendo quer gays e lésbicas precisavam de modelos positivos.

Nas duas décadas seguintes, a aceitação da comunidade LGBT se tornou a norma na maioria dos grupos judeus americanos. Em 2006, o movimento judaico conservador, um meio termo entre a reforma liberal e a Igreja Ortodoxa, acabou com a proibição da ordenação gay. Em 2012, estudiosos judeus conservadores criaram um serviço de oração para casamentos gays. Já os ortodoxos mantiveram o ensinamento de que relações entre pessoas do mesmo sexo são proibidas. Apesar disso, cada vez mais lésbicas e gays ortodoxos estão se assumindo publicamente e buscando reconhecimento.

Denise também ajuda no serviço de oração para casamentos LGBT e tem uma família: é mãe de um menino de 21 anos e está prestes a se casar.

— [A luta] é pelos direitos humanos e pela dignidade do homem — afirmou Denise. — Se você pode ser um rabino, se você pode ser uma pessoa de fé, se você pode servir à comunidade como guia espiritual, e, ao mesmo tempo, conciliar todas essas questões, isso é expressivo.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/religiao -15607576#ixzz3UZJgUyFj – SOCIEDADE – RELIGIÃO – POR AP – 16/03/2015)
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