“O tango é triste, dramático, mas não é pessimista.” Astor Piazzolla (1921-1992), compositor que revolucionou a música argentina e se tornou ídolo no jazz e nas salas de concerto.

Astor Piazzolla (Mar del Plata, 11 de março de 1921 – Buenos Aires, 4 de julho de 1992), compositor que revolucionou a música argentina e se tornou ídolo no jazz e nas salas de concerto.

Sempre haverá alguém para torcer o nariz quando algum artista propõe algo inovador em seu trabalho – em música, letras, teatro, artes visuais ou cinema. Aconteceu algo parecido quando, ainda nos anos 1950, Astor Piazzolla começou a chamar a atenção com suas composições – nas quais o tango era o elemento central, mas dividia a cena com elementos do jazz e da música erudita. Houve quem dissesse que aquilo não era tango, e nem o próprio Piazzolla fazia questão desse rótulo – mas, acima das definições, sempre pairou a beleza das harmonias e melodias produzidas pelo bandoneonista ao longo dos anos.

Piazzolla nasceu em Mar del Plata, viveu a infância em Nova York – onde chegou a conhecer Gardel – e na juventude estabeleceu-se em Buenos Aires, a cidade que tanto o inspirou. Tocou com mestres como Aníbal Troilo, estudou com Alberto Ginastera e caminhava para ser músico erudito, quando partiu para a França para ser aluno de Nadia Boulanger, em 1953. A professora o estimulou a desenvolver sua própria identidade musical, e o que o compositor descobriu nessa busca foi a inspiração tangueira essencial que o acompanhou até a morte.

Talvez o tema mais famoso de Piazzolla seja Adiós Nonino, criado em 1959, na noite em que o músico soube da morte de seu pai, Vicente. A melodia pungente é uma das expressões musicais mais evidentes de que “o tango é triste, dramático, mas não é pessimista”, como resumiu Piazzolla em uma de suas últimas entrevistas.

(Fonte: wp.clicrbs.com.br/almanaquegaucho – Postado por Ricardo Chaves – Almanaque Gaúcho – 4 de julho de 2012)
(Fonte: Veja, 15 de julho de 1992 – ANO 25 – N° 29 – Edição n° 1243 – MEMÓRIA – Pág; 82)