Marcello Nitsche, mestre da arte pop nacional

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Autor do símbolo verde e amarelo das Diretas Já, Nitsche foi um dos idealizadores do ensino de arte nas escolas.

Artista, sempre atendeu à expectativa do público por algo prazeroso, divertido e vital

Marcello Nitsche (São Paulo, 15 de setembro de 1942 – São Paulo, 12 de março de 2017), mestre da arte pop nacional, foi um dos nomes centrais da arte pop nacional

Autor do símbolo verde e amarelo das Diretas Já, Nitsche foi um dos idealizadores do ensino de arte nas escolas. Entusiasmo e nenhum segredo sempre foram os ingredientes principais da fórmula que Marcello Nitsche encontrava para a sua arte. Crítica e ironicamente, este artista, que propunha muitos níveis de leitura, mas, por pressuposto, desautorizava todos eles.

Um dos principais nomes que revolucionaram a arte e a cultura no Brasil, ele foi o autor do símbolo verde e amarelo da campanha das Diretas Já. Marcello Nitsche se definia como um artista que gostava de experimentar várias linguagens e materiais diferentes.

Desde os anos 1960, com obras que ficaram na história da arte pop brasileira como Eu Quero Você (1966), emblemática pintura-objeto que representa a mão do Tio Sam, o inesquecível inflável gigante Bolha Amarela (1969), a sua participação na mostra Nova Objetividade Brasileira (1967) e em muitas outras; até a exposição Alegres Saudações na Galeria São Paulo (1981) e a sua última retrospectiva Lig Des (2015), no Sesc Pompeia, Nitsche sempre atendeu, de certa forma, à expectativa do público por algo prazeroso, divertido e vital. Algo que tivesse qualidade e inteligência suficientes para não evocar, por mais que se tentasse, qualquer tipo de radicalismo, exigência ou rigidez intelectual.

Era filho de pintores alemães formados na Europa. Nascido em São Paulo, cresceu em uma oficina de pintura. Estudou marcenaria no antigo curso de ginásio, cursou desenho na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Como todos os artistas de sua geração, Nitsche viveu igualmente a história e o processo da Bienal de São Paulo, mesmo em seus momentos mais difíceis, como o boicote que atingiu a décima edição, durante a ditadura militar em 1969.

Naquela época, apesar do constrangimento, muitas personalidades atuantes (e militantes), entre as quais o crítico Mário Schenberg e artistas como Carmela Gross e Nitsche tiveram a lucidez de escolher participar da mostra. Não porque fossem alienados politicamente. Muito ao contrário. O que queriam, na verdade, era exercer a liberdade da arte.

Marcello Nitsche possuía uma tradição muito definida no campo da irreverência, humor e reflexão: Costura da PaisagemVacas de Concreto em Ibiúna, a Garatujada Praça da Sé, os Fragiles na Cooperativa dos Artistas Plásticos e tantos outros, são trabalhos que estabelecem uma relação de troca com o ambiente, a cidade. E todos eles sempre tecem, de uma forma ou de outra, um comentário pertinente sobre a atividade artística.

Seu primeiro trabalho a fazer sucesso foi a bolha amarela. Teve influência dos quadrinhos, da POP arte, fez vídeos de como fazia seus trabalhos e de como idealizou seu autorretrato. Nitsche fez a escultura tridimensional que está no Jardim da Pinacoteca e também a garatuja que está na Praça da Sé.

O artista participou ativamente da resistência cultural contra o regime militar. Foi um dos primeiros artistas a trabalhar com crianças de rua e um dos idealizadores do ensino de artes nas escolas. Há dois anos, Marcello Nitsche recebeu uma homenagem no SESC Pompeia pelos seus 50 anos de trabalho.

Marcello Nitsche morreu em 12 de março de 2017, aos 74, em São Paulo, vítima de insuficiência cardíaca e respiratória.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/03 – ILUSTRADA/ Por Silas Martí – 12 de março de 2017)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes – ARTES – CULTURA – BIENAL DE SÃO PAULO/ Por Sheila Leirner , O Estado de S. Paulo – 12 Março 2017)

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