Jean-Loup Passek, divulgador e pesquisador francês com especial ligação a Portugal

0
Powered by Rock Convert

Em 2005, inaugurou em Melgaço um Museu do Cinema recheado com o acervo recolhido ao longo da vida. Nascido em França, cinéfilo curioso, desenvolveu atividade no Festival de Cannes, no de La Rochelle e no Centro Pompidou. Dizia ter “espírito eslavo, nacionalidade francesa e coração português”.

Jean-Loup Passek no Museu de Cinema  de Melgaço, em 2005 - (Foto: Fernando Veludo)

Jean-Loup Passek no Museu de Cinema de Melgaço, em 2005 – (Foto: Fernando Veludo)

 

Jean-Loup Passek (Boulogne-sur-Seine, 29 de julho de 1936 – Paris, 4 de dezembro de 2016), historiador e crítico francês. O nome de Jean-Loup Passek está ligado a alguns capítulos fundamentais da história do cinema na França das últimas décadas: coordenou o monumental Dicionário Larousse de Cinema (sete edições, entre 1985 e 2014), dirigiu o Festival Internacional de La Rochelle (de 1973 a 2001), foi conselheiro de cinema do Centro Pompidou (de 1978 a 2011).

Foi um incansável divulgador e promotor cultural, com especial significado em relação a Portugal e ao cinema português. De tal modo que foi entre Portugal que decidiu depositar a sua coleção pessoal (máquinas primitivas, fotos, cartazes, etc.), para cuja salvaguarda foi criado o Museu de Cinema de Melgaço.

O Museu do Cinema de Melgaço  |  (Foto: JOSÉ CARMO/GLOBAL IMAGENS)

O Museu do Cinema de Melgaço | (Foto: JOSÉ CARMO/GLOBAL IMAGENS)

 

Nascido em julho de 1936, em Boulogne-sur-Seine, Jean-Loup Passek licenciou-se em História e Geografia na Sorbonne, em Paris. A ligação afetiva e profissional ao cinema ficou garantida quando preferiu assistir a Citizen Kane, de Orson Welles, em vez de marcar presença nas provas do concurso de professorado. A aproximação a Portugal chegou, por sua vez, através da relação estabelecida com a comunidade imigrante portuguesa em Paris, juntou da qual criou amizades que se mantiveram para o resto da vida.

A primeira homenagem em França a Manoel de Oliveira, em 1975, foi da sua responsabilidade, e a única retrospectiva de António Campos fora de Portugal aconteceu igualmente por sua iniciativa. Homenagem e retrospectiva surgiram no festival de La Rochelle, de que foi diretor em 1973 e 2001 (enquanto isso, coordenou a categoria Caméra d’Or do festival de Cannes, que distingue primeiras obras).

 

Jean-Loup Passek no Museu do Cinema de Melgaço  | (Foto:  JOSÉ CARMO/GLOBAL IMAGENS)

Jean-Loup Passek no Museu do Cinema de Melgaço | (Foto: JOSÉ CARMO/GLOBAL IMAGENS)

 

Em 2005, este historiador, crítico, programador e colecionador de cinema, com percurso ligado ao Festival de Cannes e ao La Rochelle, ao Centro Pompidou e ao prestigiado Dictionnaire du Cinéma das edições Larousse, viu inaugurado o Museu do Cinema em Melgaço, a vila do Alto Minho em que tinha residência (a sua outra casa portuguesa encontrava-se em Pataias, Nazaré). Ali depositou o seu valioso acervo de memorabilia cinéfila, recolhida ao longo de toda a vida.

Em setembro de 2016, a Cinemateca prestou-lhe homenagem com a programação de um ciclo de filmes e com uma exposição de cartazes do cinema clássico francês e da escola gráfica da Polônia, país de onde a sua família era originária (ou melhor, “de origem polaca ou russa conforme as vicissitudes da história”, dizia). Na sessão inaugural, a 9 de Setembro, em que não pode marcar presença por motivos de saúde, foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural do Governo de Portugal.

No texto de apresentação do ciclo – que contou com a presença, em Lisboa, do seu amigo de há muitas décadas Marin Karmitz –, destacava-se a existência no seu trajeto de “uma óbvia coerência e duas ou três linhas de força”. São elas: “dar a ver, dar a conhecer, contra cânones estabelecidos, gavetas ou fronteiras históricas”. Foi o que fez, por exemplo, no Centro Pompidou, onde ocupou o cargo de Conselheiro de Cinema entre 1978 e 2001, sendo responsável por grandes retrospectivas de cinematografias menos conhecidas, como as do cinema checo, húngaro, turco, grego, indiano, chinês ou português.

Jean-Loup Passek morreu em 4 de dezembro de 2016, aos 80 anos, em Paris.

(Fonte: https://www.publico.pt/2016/12/04/culturaipsilon/noticia – CULTURA ÍPSILON/ Por MÁRIO LOPES – 4 de Dezembro de 2016)

Powered by Rock Convert
Share.