Francisco Stédile, empresário, empreendedor, fundador e ex-diretor presidente da Agrale

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Francisco Stédile, fundador e ex-diretor presidente da Agrale

Francisco Stédile, fundador e ex-diretor presidente da Agrale

Francisco Stédile (São Marcos, 17 de junho de 1922 – Caxias do Sul, 9 de maio de 2006), empresário, empreendedor, fundador e ex-diretor presidente da Agrale, empresa de veículos leves e pesados com sede em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, fundada em 1965

Stédile entrou no segmento de autopeças em 1946, com a criação da Automecânica. 

Stedile nasceu no interior de São Marcos. Concluiu apenas o primário, o que não impediu que desenvolvesse uma personalidade visionária e desbravadora.

Stedile pode ser considerado uma das grandes figuras da história da indústria automobilística brasileira. Longe das principais montadoras, ele construiu um grupo industrial que inclui fábricas de autopeças, tratores, equipamentos agrícolas e motocicletas.

Pequeno agricultor de origem, ele começou a diversificar suas atividades levando carros de São Paulo para sua cidade, Caxias do Sul, junto com a esposa. Posteriormente, passou a fabricar lonas para freios e revestimentos para discos de embreagem da marca Frasle.

Também fez motores estacionários a diesel e tratores. Seu projeto de desenvolver motores diesel para equipar taxis, que chegou a experimentar em Porto Alegre, foi frustrado pela legislação federal que proibiu o uso do combustível em automóveis, nos anos 70.

Nos anos 80, a Agrale começou a fabricar motocicletas, em conjunto com a empresa italiana Cagiva, com bastante sucesso. Posteriormente fez acordos com a MV Agusta e a Husqvarna. A empresa também faz caminhões de pequeno porte, chassis para ônibus e o jipe Marruá, um de seus últimos lançamentos.

 

O presidente e fundador do grupo Agrale, Francisco Stedile (Foto: Divulgação)

O presidente e fundador do grupo Agrale, Francisco Stedile (Foto: Divulgação)

 

Uma pessoa marcada pelo apreço ao trabalho

Em 1942, com 20 anos, começou a trabalhar como caminhoneiro e, quatro anos depois, fundou a Auto Mecânica (hoje uma concessionária Mercedes-Benz).

Na década de 50, Stedile juntou dinheiro e resolveu viajar para a Europa, com o objetivo de importar tecnologia. Em 1954, montou a Fras-le, com a obtenção de licença de uma empresa italiana para a fabricação de lonas para freio e revestimentos para embalagem.

Cerca de 10 anos depois, em 1965, ele encontrou outra oportunidade e adquiriu a Agrisa, empresa que daria origem à Agrale, na época em situação financeira desfavorável. A própria Agrale passaria por dificuldades mais adiante, e em 1995 Stedile vendeu o controle da Fras-le para a Randon, sanando a contabilidade da companhia.

Por décadas, a família gaúcha Stédile, de Caxias do Sul, teve sob seu domínio um dos principais grupos empresariais do Rio Grande do Sul. Como donos da Agrale, fabricante de tratores, caminhões e motocicletas, e da Fras-Le, de autopeças, uma das maiores fabricantes de materiais de fricção automotivos do mundo, os Stédile chegaram a faturar, em seus tempos de áurea, 250 milhões de reais.

A maior demonstração do declínio aconteceu em janeiro de 1996, quando a família Stédile entregou o controle da Fras-Le, um dos maiores fabricantes de lonas e pastilhas de freio do país. O comprador foi o grupo Randon, do setor de autopeças, dono de um faturamento de 480 milhões de reais.

A Fras-Le era a maior e a melhor parte dos negócios da família. Sozinha, foi responsável por mais de 60% do faturamento do grupo, de 190 milhões de reais em 1995. Após a venda, o que restou aos Stédile foi a Agrale, uma empresa vergada por prejuízos que, nos últimos quatro anos, somaram cerca de 80 milhões de reais. Em 1995, a Agrale faturou 75 milhões de reais, metade das cifras alcançadas no ano anterior.

A família tentou durante meses vender a Agrale. Ninguém a quis. Óbvio: enquanto a Agrale encolhia, a Fras-Le crescia. As vendas desta passaram de 92 milhões de reais em 1994 para 115 milhões no ano passado. Os Stédile decidiram então vender a Fras-Le, na esperança de salvar o que lhes restava dos negócios.

Os problemas da família começaram no início da década, quando a crise da agricultura fez a clientela da Agrale minguar. Para fechar os buracos do caixa, os Stédile foram aos bancos. Mas os altos juros acabaram prejudicando ainda mais a saúde da empresa.

Acuados pelas dívidas, os Stédile recorreram à Justiça. Em 1992, entraram com uma ação que questionava a constitucionalidade dos juros cobrados por bancos como o Itaú e o Lloyds. “A empresa ficou com péssima imagem perante os bancos”, diz um consultor. No ano seguinte, mais um tropeço. A família decidiu que a Fras-Le compraria o controle da Agrale por 24 milhões de dólares. Não adiantou. A crise na Agrale não foi resolvida e a saúde financeira da Fras-Le sofreu abalos.

BRIGA DOMÉSTICA – Não bastassem as agruras financeiras, o grupo passou a sofrer com disputas internas. Há cerca de três anos, Francisco Stédile, patriarca e fundador do grupo, tentou pôr fim à briga pelo poder entre seus cinco filhos. O primogênito, Alfredo, ficou em seu lugar como principal executivo do grupo. Carlos, o filho do meio, assumiu a presidência da Agrale. O caçula Franco acabou deixando seu posto na empresa para abrir uma malharia. Mas as disputas domésticas não terminaram.

Alguns analistas apontam um outro erro da família. Os Stédile não teriam apelado para a concordata no início de 1995, quando a dívida com os bancos já girava em torno de 30 milhões de reais. Em vez disso, os Stédile saíram à caça de um sócio para a Agrale. Mas a extensa linha de produtos da empresa inviabilizou a empreitada. “Em 1995 só pegamos recursos para a renovação dos empréstimos”, diz Alfredo Stédile. “No final do ano, devido aos juros, nossa dívida tinha dobrado.”

A negociação para a venda da Fras-Le durou três meses e foi intermediada pelo Bradesco. Nos próximos dias, o banco deve emitir debêntures conversíveis em ações no valor de 60 milhões de reais. Os papéis serão subscritos pela Randon e por um grupo de bancos. A Randon ficará com 51% das ações da Fras-Le.

Francisco Stédile ocupou uma cadeira do conselho de administração da Fras-Le e manteve uma participação de pelo menos 5% na empresa. A Agrale, praticamente paralisada, deverá ser comandada por um profissional a partir de março de 1996. Até lá, Alfredo e Carlos ficaram no comando da companhia.

Francisco Stedile morreu em 9 de maio de 2006, vítima de falência múltipla dos órgãos. Nos últimos 51 dias, ele esteve na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital do Círculo, em Caxias do Sul. No dia 17, completaria 84 anos.

A obstinação e o gosto pelo trabalho foram suas marcas registradas e, segundo o genro Hugo Zattera, a razão pela qual a Agrale existe hoje.

Um homem de personalidade forte e empreendedor, que ainda assim encontrava tempo para se dedicar à família e aos amigos.

– Ele botava uma ideia na cabeça e ia atrás até conseguir fazê-la acontecer – lembra o empresário Raul Randon, que na década de 90 adquiriu o controle da Fras-le, fundada por Stedile e hoje é uma das maiores fabricantes de materiais de fricção automotivos do mundo.

Stedile era casado com Amábile Zanandréa Stedile. O casal teve cinco filhos: Alfredo Bráulio, Dolaimes Maria (já falecida), Vera Beatriz, Carlos Valentim e Franco.

(Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/602/noticias -m0049376 – REVISTA EXAME/ Por Suzana Naiditch, de EXAME de Caxias do Sul, de EXAME – 30/01/1996)

(Fonte: http://www.newslog.com.br – Por Zero Hora-RS – Fundador da Agrale – 10/05/2006)

(Fonte:http://arquivo.autoestrada.com.br – 8 de maio de 2006)

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