Foi a primeira manifestação política feminina

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História: Revolução Francesa foi a primeira manifestação política feminina

“Os homens tomaram a Bastilha, as mulheres tomaram o Rei”: assim o historiador francês Jules Michelet (1798-1874) resumiu o alcance da primeira grande manifestação política feminina ocorrida na Revolução Francesa – que mudou a dinâmica do processo revolucionário, imprimindo-lhe a marca de uma crescente radicalização.

O ato ocorreu no dia 5 de outubro de 1789, quando, encabeçadas pelas vendedoras de peixe de Paris, cerca de 7 mil mulheres, armadas de facões de cozinha, lanças rústicas (piques), machados e dois canhões, marcharam a Versalhes, sede da Corte Real e da Assembleia Nacional, para protestar contra a escassez e o preço do pão, arrastando atrás de si soldados da Guarda Nacional e outros homens.

No dia seguinte, exasperadas com a crise de abastecimento e a atitude de Luís XVI, que vetava sistematicamente todos os decretos revolucionários da assembleia, as manifestantes pressionaram o Rei a abandonar o Palácio de Versalhes e o escoltaram à capital.

“Foi uma iniciativa política sofisticada, porque, com a concentração do poder em Versalhes, o rei ficava longe da pressão popular e mais exposto às influências da rainha e da corte, e se utilizava do direito de veto, que ainda possuía no início da Revolução, para impedir que as reformas fossem realizadas. Ao trazerem Luís XVI para Paris, as mulheres mudaram o centro de gravidade do processo revolucionário e propiciaram à população da capital um novo protagonismo”, disse Tania Machado Morin, autora do livro “Virtuosas e perigosas: as mulheres na Revolução Francesa”, que foi lançado no fim de janeiro de 2014.

As “mães republicanas” e as “fúrias do inferno”
Constituiu-se, assim, no imaginário da época, a dicotomia “virtuosas versus perigosas”. Como Morin explica em seu livro, “virtuosas” eram as mulheres idealizadas pelos líderes da Revolução: as “mães republicanas” que, por meio do parto, do aleitamento e da educação dos filhos, preparavam a futura geração de patriotas. “Perigosas” eram “as militantes, às vezes armadas, que denunciavam a incompetência e a corrupção dos governantes e exigiam a punição dos “traidores do povo”.

No entanto, as militantes, cuja principal organização política foi a Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias, não tinham uma agenda propriamente feminista.

“Elas tinham, sim, uma agenda “terrorista”. Isto é, apoiavam o “terror revolucionário” como forma de governo: queriam a destituição dos aristocratas de todos os cargos públicos e das chefias do exército; a adoção do “máximo”, ou seja, do tabelamento dos preços dos gêneros de primeira necessidade; a estrita vigilância em relação aos contrarrevolucionários e açambarcadores de mercadorias, com a prisão, julgamento e eventual execução dos traidores; e outras medidas radicais”, afirmou Morin.

Peixeiras versus militantes politizadas
Um grave conflito entre as vendedoras de peixes e as militantes – que mobilizou um grande grupo de mulheres e acabou em agressões físicas – foi a gota d”água que possibilitou ao Comitê de Segurança Geral extinguir, não apenas a Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias, mas todos os outros clubes femininos do país.

“As mulheres foram silenciadas e confinadas ao lar. As francesas só acederam aos direitos cívicos após a Segunda Guerra Mundial. Por isso, algumas historiadoras acham que nada restou da participação feminina revolucionária. E que entre as precursoras do feminismo e as feministas modernas não há nenhum elo”, afirmou Morin.

A historiadora, no entanto, discorda dessa posição. “A Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias foi o protótipo dos clubes políticos de mulheres que surgiram na revolução de 1848. Aqueles seis primeiros anos da Revolução ficaram na história das lutas pela cidadania e serviram de inspiração para as gerações futuras”, afirmou.

A REVOLUÇÃO FRANCESA E A SOCIEDADE

A tomada da Bastilha foi o episódio que iniciou o processo revolucionário na França em 14 de julho de 1789. A Revolução Francesa marcou o fim do absolutismo na Europa continental e constituiu um dos principais avanços da política ocidental em direção às sociedades democráticas modernas.

Intitulado “A liberdade conduzindo o povo”, este quadro de Eugène Delacroix, que virou selo na França, acabou se tornando um símbolo do país e da República implantada a partir da Revolução Francesa de 1789, por isso é equivocadamente associado a ela. Embora inspirada pelos mesmos ideais do 14 de julho, a tela é uma alegoria sobre o levante popular de julho de 1830.

O Iluminismo foi a filosofia que inspirou a Revolução Francesa e, entre seus filósofos, destaca-se Jean-Jacques Rousseau.

O médico e cientista Jean-Paul Marat foi o porta-voz das lideranças mais radicais da Revolução Francesa, com seu jornal “O Amigo do Povo”. Morreu assassinado a punhaladas por Charlotte Corday, uma adversária política. Ele estava, então, em uma banheira, já que banhos frequentes eram recomendados como tratamento à sua doença de pele.

Mais radical entre os revolucionários, Maximilien Robespierre desencadeou o período da Revolução conhecido como Terror, em que muitos franceses foram guilhotinados. Mas acabou levando um tiro e sendo preso. Depois, foi condenado à guilhotina e decapitado no dia seguinte.

Antoine Lavoisier foi considerado traidor da pátria pelos revolucionários e guilhotinado, durante o período conhecido como Terror. Pediu adiamento da sentença para acabar uma experiência, mas o tribunal respondeu que “a Revolução não precisava de sábios nem de químicos”.

François Marie Arouet, conhecido como Voltaire, tornou-se um símbolo vivo do pensamento antiabsolutista e anticlerical. Pode ser considerado um verdadeiro “agitador cultural” do século 18, por ter sido não somente um pensador original, mas um divulgador de ideias, em especial das que inspiraram a Revolução Francesa.

A “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” é um dos textos mais importantes da Revolução Francesa -e não só pelo significado que adquiriu durante a época em que foi escrita. Ela também se tornou a inspiração que originou documentos contemporâneos como a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”” da ONU (Organização das Nações Unidas), de 1948.

Além da Revolução Francesa, outros movimentos históricos concorreram para dar origem às sociedades democráticas contemporâneas. Por exemplo, a Revolução Gloriosa, de 1688, que estabeleceu o parlamentarismo na Inglaterra, sob o reinado de Guilherme de Orange.

Dentre as campanhas de Napoleão Bonaparte, a expedição ao Egito teve, além do aspecto militar, uma importância científica. Dela participaram um astrônomo, um químico e um arqueólogo. Os historiadores consideram o “fenômeno” Napoleão uma consequência da Revolução Francesa.

HISTÓRIA GERAL

Napoleão (1): Depois da Era Napoleônica, a Europa nunca mais foi a mesma

Brilhante estrategista, político hábil. Seu gênio militar foi reconhecido até por seus adversários. Tudo isso e muito mais pode ser dito a respeito de Napoleão Bonaparte, o general que mudou não apenas a história da Europa, mas também das Américas.

Não é à toa que o período em que grande parte da Europa esteve sob seu domínio ficou conhecido pelo nome de “Era Napoleônica”, assim como os conflitos militares que marcaram o continente europeu nesse período ficaram conhecidos como “guerras napoleônicas”.

Mesmo quem não está familiarizado com a história da Europa já ouviu falar dele ou é capaz de reconhecer um retrato seu. Em vários retratos, ele aparece numa pose imponente, com a mão esquerda debaixo do casaco ou usando um chapéu bicórneo, bastante usado pelos oficiais dos exércitos europeus do final do século 18 e das primeiras décadas do século 19.

Sua figura inspirou uma sinfonia do compositor Beethoven, “Heroica” (ouça a sinfonia), de 1803, e vários livros, dentre os quais, “Guerra e Paz”, do escritor russo Leon Tolstoi, obra escrita cerca de 50 anos depois da campanha do exército francês na Rússia em 1812. Napoleão também serviu de inspiração para outros líderes, dentre os quais, Simon Bolívar, que lutou pela independência de várias colônias espanholas na América do Sul. Será que Bonaparte mereceu mesmo essa fama toda?

Ascensão de Napoleão Bonaparte

Sem dúvida alguma, Napoleão Bonaparte foi um homem de qualidades incomuns. No entanto, ele, assim como qualquer outro mortal, era também um homem de seu tempo. O que tornou possível a ascensão de Bonaparte foi a Revolução Francesa. Antes da Revolução, os altos postos do exército francês eram reservados aos membros da nobreza. Ou seja, quem não era de origem nobre nunca poderia chegar a general.

A Revolução mudou essa situação ao abolir os privilégios da nobreza e considerar que perante a lei todos os homens são iguais (a desigualdade social e econômica continuou existindo, mas, pelo menos no aspecto legal, todos foram considerados iguais). Assim, na França pós-revolucionária, o exército adotou como critério para selecionar seus oficiais a promoção com base na experiência e no mérito pessoal.

Ou seja, independentemente da origem social, quem tivesse experiência e demonstrasse competência podia galgar postos maiores e chegar a general. Foi justamente esse o caso de Napoleão, que, embora tenha nascido numa família de aristocratas, não era da nobreza da França propriamente dita.

Córsega

Apesar de ter entrado para a história como general e imperador francês, Napoleão Bonaparte nasceu na Córsega, ilha do mar Mediterrâneo, um ano após essa ilha ter se tornado domínio da França. Daí, sua primeira língua ter sido o italiano, o que não o impediu de aprender o francês, embora jamais tenha perdido o sotaque de sua terra natal.

Seu nome verdadeiro era Napoleone Buonaparte, mas depois ele adotou o nome Napoléon Bonaparte, para soar mais francês (Napoleão é a versão aportuguesada de seu nome). Seu pai, Carlo Buonaparte, era um advogado e foi nomeado representante da Córsega na corte do rei da França Luís 16, onde esteve durante muitos anos.

Esses contatos com a nobreza francesa abriram portas para sua família, o que permitiu que Napoleão estudasse em duas escolas militares francesas. A primeira em Brienne-le-Château, uma pequena cidade próxima a Troyes, na qual foi matriculado em 1779, quando tinha nove anos. Para poder entrar nessa escola, Napoleão teve que primeiro aprender o francês.

Apesar das dificuldades com a língua, Napoleão não se saiu mal na escola, destacando-se em matemática e geografia. Depois continuou seus estudos em outra escola militar, dessa vez em Paris, no ano de 1784. Nessa escola, ele conseguiu completar o curso de dois anos em apenas um. Em 1785, ele foi promovido a primeiro-tenente de artilharia.

Depois da Revolução

Em 1791, durante a primeira fase da Revolução Francesa, o então jovem oficial decide tomar partido da República. Vale lembrar que a Revolução derrubou o absolutismo, mas, inicialmente, manteve a monarquia: a ideia era transformar uma monarquia absolutista em uma monarquia constitucional ou parlamentar. Em setembro de 1792, contudo, foi proclamada a República, pouco depois que as suspeitas de traição do rei Luís 16 foram confirmadas. O ex-monarca foi condenado à morte na guilhotina em janeiro de 1793.

Temendo que a Revolução se espalhasse para o resto da Europa, as outras principais potências europeias unem-se numa coligação contra o governo revolucionário da França. Fazem parte dessa coligação as seguintes potências: Áustria, Inglaterra, Províncias Unidas (a Holanda de hoje) e Espanha. A França está sozinha numa guerra contra o resto da Europa unido. Nessa guerra, Napoleão vai encontrar oportunidade para revelar seu talento militar.

Durante o cerco a cidade francesa de Toulon, Napoleão comanda a artilharia e vence os ingleses, reconquistando a cidade para a França em dezembro de 1793. Por causa dessa vitória, foi promovido a general de brigada quando tinha apenas 24 anos. Seu prestígio se consolida no período em que liderara campanhas contra o exército austríaco na península Itálica e contra os ingleses no Egito.

Golpe do 18 de Brumário

Napoleão sabe tirar proveito da repercussão de suas vitórias militares. Os jornais da época contribuem bastante para transformar o homem em mito. As notícias de suas vitórias são acompanhadas com interesse pela opinião pública francesa. Napoleão vai se tornando cada vez mais popular entre os franceses. Naquele momento, ele representa a grande esperança política da França revolucionária: o único capaz de vencer todas as diferenças e unir todos os franceses.

Era ao mesmo tempo aclamado pelo povo e apoiado pela burguesia. Tirando proveito dessa situação, Napoleão comanda um golpe de Estado em 1799 e toma o poder. Como naquele momento ainda vigorava o calendário revolucionário, esse episódio ficou conhecido como Golpe do 18 de Brumário, data que coincide com 9 de novembro no nosso calendário. Brumário, o “mês das brumas”, era o segundo mês do calendário revolucionário.

Um mês depois, entra em vigor uma nova Constituição e é criado o Consulado, um governo republicano com uma fachada democrática, mas que na verdade transforma a França em uma ditadura governada por Napoleão. Seu governo é marcado por importantes realizações: criação do Banco da França, controlado pelo Estado; redução da inflação; investimento em obras públicas. Todas essas medidas contribuíram para impulsionar a economia, beneficiando especialmente a burguesia.

O Código Napoleônico

Outra medida importante foi elaboração do Código Civil, também conhecido como Código Napoleônico. Esse código começou a ser elaborado em 1802 e foi promulgado em 1804. Os artigos do Código refletem os ideais da burguesia: proteção à propriedade privada; igualdade de todos perante a lei; garantia às liberdades individuais. O Código proibia greves e a criação de sindicatos, mas permitia que os empregadores fundassem associações.

Nesse período, Napoleão consegue várias vitórias militares e assina um tratado de paz com a Inglaterra em 1802, dando fim a anos de conflito. Seu prestígio aumenta mais ainda. Dois anos depois, um plebiscito autoriza Napoleão a assumir o título de imperador.

A experiência revolucionária na França teve repercussões internacionais que atravessaram o oceano Atlântico e chegaram a Ouro Preto, em Minas Gerais, inspirando o episódio de nossa história que ficou conhecido como Inconfidência Mineira. Além de Independência, os inconfidentes também lutavam pelo fim do absolutismo.
(Fonte: http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/12/14 – EDUCAÇÃO/ Por José Tadeu Arantes Da Agência Fapesp 14/12/2013)
(Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia – EDUCAÇÃO/ Por Túlio Vilela – 22/03/2006)
Túlio Vilela formado em história pela USP, é professor da rede pública do Estado de São Paulo e um dos autores de “Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula” (Editora Contexto).

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