Ernest Hemingway, talento de transformar aventuras em boa literatura, “Por Quem os Sinos Dobram” é considerado sua obra prima

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Ernest Hemingway e o talento de transformar aventuras em boa literatura

 

 

Ernest Hemingway. (Foto: Divulgação)

Ernest Hemingway. (Foto: Divulgação)

 

 

Ernest Hemingway (Oak Park, Illinois, 21 de julho de 1899 – Ketchum, em Idaho 2 de julho de 1961), escritor americano, foi correspondente de guerra, lutador de boxe e pescador. “Por Quem os Sinos Dobram” é considerado sua obra prima. Deixou registradas, em muitos contos e novelas, as descrições de sua infância e juventude, quase sempre centralizadas na vida aventuresca do personagem Nick Adams. 

 

Seu trabalho literário e jornalístico e seu estilo de vida cheio de escândalos e aventuras o tornaram uma lenda ainda em vida.

 

Ernest Miller Hemingway nasceu em 21 de julho de 1899 em Oak Park, nas proximidades de Chicago, nos Estados Unidos, e é o mais famoso escritor de sua época.

Na Primeira Guerra Mundial, tentou diversas vezes alistar-se na Marinha, mas foi rejeitado. Por fim, acabou sendo aceito como motorista de ambulância da Cruz Vermelha na Itália, onde foi ferido. Terminada a guerra, passou a morar em Toronto, no Canadá, onde prosseguiu a carreira de repórter. Em 1921, mudou-se para Paris, onde continuou exercendo a profissão.

“O Sol também se levanta” foi publicado em 1926 e virou um dos clássicos da literatura americana. Conta a história de Jack Barnes, um jornalista americano que vive em Paris. Ferido na Primeira Guerra Mundial, Barnes ficou impotente e vive na Rive Guache atrás de Brett. Mas ela se envolve com um judeu que foi campeão de boxe. A trama conta as histórias ainda de Bill, um escritor nova-iorquino, e de Jack, e foi inspirada nos anos em que passou na Espanha e participou da Guerra Civil.

Esse primeiro romance de Hemingway foi escrito em apenas dois meses, entre julho e setembro de 1925. Na epígrafe, trazia escrito: “Vocês todos são uma geração perdida”, frase atribuída a Gertrude Stein. A “geração perdida” estava em Paris, nos anos loucos, e acreditava que o fato de viver onde estiveram Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire e Paul Verlaine tornava possível que fossem escritores. Hemingway chegou a alugar o quarto em que Verlaine teria morrido. Entre suas principais obras estão “Adeus às armas” (1929), “Por quem os sinos dobram” (1940), considerado sua obra prima, e “O velho e o mar” (1952), que lhe deu o Pulitzer de Ficção.

Paris não atraía só Hemingway. Muitos americanos escolheram viver por lá, já que o ambiente era menos puritano e repressor do que nos EUA, que nesta época proibia até o álcool. A capital da França, no entanto, era sinônimo de liberação intelectual e comportamental.

Estavam por lá também James Joyce, Ezra Pound, Ford Madox Ford, Zelda e F. Scott Fitzgerald e John dos Passos. Frequentavam o apartamento em que Gertrude vivia com Alice B. Toklas. Além de Paris, eles também se interessavam por países de origem latina, sentindo-se atraídos por touradas, símbolo de risco, virilidade e adrenalina.

Ernest Hemingway (Foto: Biography/Reprodução)

Ernest Hemingway (Foto: Biography/Reprodução)

 

 

Começou então a escrever suas primeiras obras: “Três Histórias e Dez Poemas” (1923), “Em Nosso Tempo” (1924), “As Torrentes da Primavera” (1926). O primeiro romance que lhe deu fama internacional foi “O Sol Também se Levanta”, escrito em 1926 em Paris.

 

Neste romance, Hemingway retrata, em estilo direto e despojado, os conflitos e frustrações dos norte-americanos e ingleses que viviam em Paris após a Primeira Guerra Mundial.

Um ano depois, publicou a antologia Homens sem Mulheres, sua segunda coleção de contos, um marco importante na trajetória literária do autor. Em 1928, viajou para a Flórida, onde permaneceu dez anos. Ali escreveu, em 1929, Adeus às Armas, romance inspirado em suas experiências na Primeira Guerra Mundial. É uma de suas obras mais importantes e lhe trouxe fama mundial.

No livro, um sucesso de crítica e de público, Hemingway conta a história de amor entre um soldado americano e uma enfermeira britânica na Itália, durante a Primeira Guerra Mundial.

Entre literatura e jornalismo

Hemingway escrevia de maneira simples e direta, tanto na construção lógica da narrativa como na estrutura das orações. Modesto e sucinto na prática de sua arte, refletiu na economia das palavras o compromisso dos repórteres da época em “mostrar” em vez de “contar”. Este aspecto claramente jornalístico da ficção é comprovado no romance Morte na Tarde, de 1932. Na obra, o autor também expressou a sua grande paixão pelas touradas.

Das diversas viagens que fez pelo continente africano, narrou suas vivências em “As Verdes Colinas da África” (1935), “As Neves do Kilimanjaro” e “A Curta e Feliz Existência de Francis Macomber” (1938).

Envolvido em mais uma guerra

Com o início da Guerra Civil na Espanha, em 1936, Ernest Hemingway viajou para a Europa. Seu objetivo inicial era reunir argumentos para o filme Terra de Espanha, um documentário sobre a tragédia do país sob o fascismo. Envolvido pelo sangrento conflito, acabou defendendo os republicanos.

Com base nessa experiência, Hemingway escreveu a peça A Quinta Coluna (1938) e o seu romance mais longo, “Por Quem os Sinos Dobram (1940), transformado mais tarde em filme, como outras obras suas.

Acabada a Guerra Civil, mudou-se com a terceira esposa para Cuba. Lá ficou amigo de Fidel Castro, permanecendo no país até 1959. Em 1952, havia escrito O Velho e o Mar, sendo-lhe atribuído o Prêmio Pulitzer de Jornalismo e o Nobel de Literatura em 1954.

Como correspondente de guerra da Marinha norte-americana, participou do desembarque dos Aliados na Normandia e da libertação de Paris, em 1945. A partir de 1951, sua vida de excessos, com aventuras, mulheres e álcool, sua saúde física e psicológica começou a degradar-se.

Abalado por depressões, mal conseguia escrever. Até que, em 2 de julho de 1961, seguindo a frase impressa em “O Velho e o Mar”“Um homem pode ser destruído, mas não derrotado” -, acabou se suicidando, às vésperas de completar 62 anos, com um tiro de fuzil na cabeça. Hemingway casou-se quatro vezes e matou-se em sua casa, em Ketchum, nos EUA, com um tiro de espingarda, a mesma com a qual costumava caçar.

(Fonte: Veja, 23 de janeiro de 1974 – Nº 281 – LITERATURA / Por Geraldo Mayrink – Pág: 79)

(Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos – FATOS HISTÓRICOS – CULTURA – 14/08/13)

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(Fonte: https://noticias.terra.com.br – NOTICIAS – 1961: Escritor Ernest Hemingway comete suicídio – 2 JULHO 2016)

Deutsche Welle

Os 60 anos da morte do escritor Ernest Hemingway

O escritor Ernest Hemingway suicidou-se em sua casa em Ketchum, no estado americano de Idaho, em 2 de julho de 1961, portanto, há 60 anos, encerrando um processo de destruição pessoal ligado ao álcool, delírios e confronto. Seus próprios demônios familiares.

O Nobel teve tempo de se despedir da Espanha e dos espanhóis em uma fugaz visita em 1960, um ano depois de desfrutar do que foram suas últimas festas de San Fermín – que universalizou por meio de seus livros e visitas – e viver na linha de frente que as touradas incentivaram o confronto pessoal entre Luis Miguel Dominguín e Antonio Ordóñez, rivalidade que inspiraria a história do livro O Verão Perigoso.

O escritor americano descobriu a Espanha em julho de 1923, depois de participar como motorista de ambulância na Primeira Guerra Mundial. O encontro com o país que ele tanto amava aconteceu em meio às festas em Pamplona, há quase um século. E a paixão chegou.

Essa jornada iniciática seria refletida em seu livro O Sol Também se Levanta, retrato fiel da jornada do jornalista de 20 anos a San Fermin e sua breve tropa de companheiros, mas também era uma radiografia clara daquela ‘geração perdida’ do entreguerras que outros autores, como John dos Passos e Scott Fitzgerald, encarnaram.

As visitas à Espanha e seu reencontro com os habitantes de San Fermín foram pródigas ao longo da década, mas é necessário sublinhar um encontro crucial que mudaria a história pessoal do escritor. É sobre a complexa amizade que começou em 1925 com Cayetano Ordóñez, o ‘Niño de la Palma’, um toureiro que também seria retratado em termos literários em Morte à Tarde sob o nome fictício de Pedro Romero.

A eclosão da Guerra Civil marcou seu retorno às touradas como um correspondente de guerra comprometido com a causa perdida da Segunda República. Essas experiências vitais, mais uma vez, seriam refletidas em outro livro: Por Quem os Sinos Dobram.

Demorou quase três décadas para que o escritor, em pleno declínio físico e pessoal, voltasse ao país que tanto amou. Foi em 1953, ano da redescoberta de Pamplona e das festas de San Fermín. Antonio Ordóñez organizou um encontro entre eles, que culminou com um jantar no famoso restaurante Las Pocholas.

A memória de Niño de la Palma, pai do genial rondeño, gravitou naquele reencontro pessoal que foi o início de uma peculiar amizade filial. Ordóñez sempre chamou o escritor de “Papá Ernesto” e o levou de praça em praça como parte de sua comitiva.

O autor de O Velho e o Mar regressaria pela última vez a Pamplona em 1959, transformado em uma verdadeira celebridade graças ao Prêmio Nobel que ganhou em 1954 e, sobretudo, à extraordinária divulgação do seu livro O Sol Também se Levanta , que se tornou o diário de bordo dos primeiros visitantes estrangeiros às festas de Navarra.

Hemingway havia se comprometido com a revista Life, em 1959, para relatar o confronto na arena entre Luis Miguel Dominguín e Antonio Ordóñez que o escritor, de alguma forma, contribuiu para a mitificação daquela competição que, em todo caso, acabou sendo real e sangrenta.

O destro de Ronda havia entrado na órbita da casa Dominguín por meio da paixão, pois essa proximidade favoreceu o namoro e posterior casamento com Carmen, irmã de Luís Miguel e filha do velho Domingo Dominguín.

A relação entre os dois cunhados era tremendamente complexa – eram dois galos imponentes no mesmo cercado – e a apreensão foi rompida em 1956, quando Ordóñez voltou à casa Camará.

Domingo Dominguín, em seu leito de morte, quis diminuir a distância entre o filho e o genro e fez com que Luís Miguel prometesse que voltaria a se alternar com Antonio nas touradas. O patriarca faleceu com o declínio da temporada e, na madrugada de 1959, foi anunciado que Ordóñez e Dominguín iriam lutar juntos sob a direção de Dominguito, irmão mais velho de Luís Miguel.

O chamado “verão perigoso” limitou-se, na verdade, a dez touradas, mas as faíscas saltaram principalmente nas disputas programadas nas praças de Valência, Málaga, Ciudad Real e Bayona.

Não havia armações: Antonio foi ferido em Aranjuez, Palma de Mallorca e Dax; seu cunhado Luis Miguel seria ferido com mais gravidade em Málaga e Bilbao. Luís Miguel cumpriu a promessa que fizera ao pai e voltaria a se encontrar com Antonio na temporada de 1960, mas, com a morte do patriarca Dominguín, seus dias estavam contados.

As disputas foram interrompidas e Luís Miguel se aposentou das touradas naquele ano. Eles não lutaram juntos novamente. A crônica desse confronto ultrapassou amplamente os limites de espaço estabelecidos pela revista americana, tornando-se, finalmente, seu testamento literário sob o título O Verão Perigoso.

A essa altura, o velho escritor já havia passado de um ponto sem volta marcado pelo álcool e delírios. Ao longo da vida do escritor, o tema suicídio aparece em escritos, cartas e conversas com muita frequência. Seu pai suicidou-se em 1929 por problemas de saúde e financeiros. Sua mãe, Grace, dona de casa e professora de canto e ópera, o atormentava com a sua personalidade dominadora. Ela lhe enviou, pelo correio, a pistola com a qual o seu pai havia se matado. Hemingway, atônito, não sabia se ela queria que ele repetisse o ato do pai ou que guardasse a arma como lembrança.

Na madrugada de 2 de julho de 1961, perto de seu 62º aniversário e enfrentando problemas de hipertensão, diabetes, depressão e perda de memória, ele tirou uma espingarda de seu porta-armas e deu um tiro na cabeça, em Ketchum, em Idaho.

Os 5 principais livros de Ernest Hemingway

 

  • O Sol Também se Levanta (1926)

Em estilo direto e despojado, Hemingway narra os conflitos e frustrações dos norte-americanos e ingleses que vivem em Paris após a Primeira Guerra Mundial. Aqui, ele elaborou tipos humanos complexos, representando assim uma geração contaminada pela ironia e pelo vazio diante da vida, com seus valores morais destruídos pela guerra e irremediavelmente perdidos.

  • Adeus às Armas (1929)

Considerado um dos melhores romances americanos sobre amor em tempo de guerra, o livro é semi autobiográfico ao tratar de um motorista de ambulância voluntário, que é ferido no front italiano e tratado por uma linda enfermeira escocesa por quem ele se apaixona. Os protagonistas acreditam que podem se isolar em seu amor simplesmente afastando-se da guerra. Um dos trunfos do livro é sua narrativa em primeira pessoa.

 

  • Por Quem os Sinos Dobram (1940)

 

O pano de fundo aqui é outra guerra, a Civil Espanhola, e narra três dias na vida de Robert Jordan, americano ligado à causa da legalidade na Espanha. Ele recebe a missão de dinamitar uma ponte e será auxiliado por um grupo de guerrilheiros e ciganos, formado por Pilar, que se destaca pela força de vontade, além de Pablo e Maria. O título se inspira em um texto de John Done, que termina assim: “Nunca procures saber por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti”.

 

  • O Velho e o Mar (1952)

O último romance de Hemingway publicado enquanto ele estava vivo – para muitos, sua obra-prima. Depois de anos na profissão, havia 84 dias que o velho pescador Santiago não apanhava um único peixe. Por isso já diziam se tratar de um azarento da pior espécie. Mas ele possui coragem, acredita em si mesmo, e parte sozinho para alto-mar, munido da certeza de que, desta vez, será bem-sucedido no seu trabalho. A partir dessa trama, o escritor revela um homem que convive com a solidão, com seus sonhos e pensamentos, sua luta pela sobrevivência e a inabalável confiança na vida.

  • Paris é uma Festa (1964)

Publicado postumamente, o livro convida o leitor para uma viagem sentimental à década de 1920, fase cintilante de sua vida e também do mundo. Período em que conviveu com gente anônima e também pessoas famosas como Gertrude SteinJames JoyceEzra PoundF. Scott Fitzgerald. A cidade e esses “companheiros de viagem” deram-lhe nova dimensão do humano e maior sensibilidade para alcançar os seus dois objetivos primordiais na vida: ser um bom escritor e viver em fidelidade com seus ideais.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por Álvaro Rodríguez del Moral / Estadão Conteúdo / fornecido por Microsoft News
– 02/07/2021)
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