Condessa Pereira Carneiro (1899-1983), pseudônimo de Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro

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Condessa Pereira Carneiro (Niterói, 15 de agosto de 1899 – Brasília, 6 de dezembro de 1983), pseudônimo de Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro diretora-presidente do JB. Neta e bisneta de jornalistas, casou-se com o conde Pereira Carneiro, proprietário do Jornal do Brasil, jornal que herdou e reformulou, representando uma revolução na imprensa nacional.

Sob sua direção, o Jornal do Brasil deixou de ser antiquado e graficamente pesado, para transformar-se, na década de 50, em um modelo para o moderno jornalismo brasileiro. “Mulher não tinha cotação naquela época”, disse em uma de suas últimas entrevistas, referindo-se ao ano de 1953, quando assumiu a direção do JB, após a morte do segundo marido, o conde Ernesto Pereira Carneiro.

Filha, neta e bisneta de jornalistas, casou-se pela primeira vez em 1920, com o diretor dos serviços legislativos da Câmara dos Deputados carioca, Amilcar Machesini, enviuvando aos 27 anos. Em 1940, casou-se com o conde, um rico empresário que entre outros negócios tinha o JB e a Rádio JB. O jornal, economicamente abastado, refletia o espírito empresarial do dono. As primeiras páginas eram carregadas de classificados.

Poucos anos após assumir o jornal, a condessa, assessorada pelo jornalista e escritor Odylo Costa, filho, presidiu uma reforma que envolveu a redação e o aspecto gráfico do jornal. Redatores hostis à máquina de escrever, habituados à pena, foram gentilmente mandados para casa, em muitos casos, sem perder seus salários. Essa mudança alterou a fisionomia do JB, onde surgiu uma brilhante geração de repórteres e fotógrafos. Em pouco tempo, o jornal tornava-se sério concorrente em prestígio do Correio da Manhã – falecido em janeiro de 1975.

Apesar disso a condessa Pereira Carneiro jamais se envolveu em questões políticas. Sua única e inflexível influência exerceu-se sempre ao apoio à Igreja católica. A condessa ia à missa todos os domingos e o JB jamais apoiou o divórcio. Ela restringia sua vida social a um pequeno círculo de amigos. Em suas viagens costumava carregar na mala fotos dos netos e bisnetos. Colecionava quadros de pintores primitivos, que costumava comprar em Ouro Preto. Teve uma única filha, leda, cujo marido, Nascimento Brito, é o principal executivo do jornal há cerca de trinta anos. Aos 84 anos, a condessa Pereira Carneiro ainda era uma mulher dinâmica. Quando estava no Rio de Janeiro, costumava ir quase todos os dias ao seu gabinete repleto de peças art-nouveau de diretora-presidente do JB. Sua morte ocorreu em Brasília, onde foi assistir à condecoração de seu genro, Manoel Francisco do Nascimento Brito, presidente do conselho diretor do JB, com a Ordem do Império Britânico. A condessa morreu de uma parada cardiorrespiratória, no dia 6 de dezembro de 1983, no Centro de Reabilitação Sara Kubitscheck, em Brasília.

(Fonte: Veja, 14 de dezembro, 1983 – Edição n.° 797 – Datas – Pág; 115)

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