Claudio Bonadio, juiz que investigava Cristina Kirchner, conhecido como o ‘Sergio Moro’ da Argentina
Integrante da direita peronista, magistrado levou à Justiça mais de cinco casos contra a atual vice-presidente
Claudio Bonadio (San Martín, 1° de fevereiro de 1956 – Buenos Aires, 4 de fevereiro de 2020), juiz federal argentino, que estava a frente de vários processos contra Cristina Kirchner e vários figurões do kirchnerismo. Bonadio era considerado o algoz de Cristina Kirchner, atual vice-presidente da Argentina, cujos processos por corrupção, em sua maioria, foram comandados por ele.
O juiz federal argentino conduziu vários processos contra a atual vice-presidente Cristina Kirchner por corrupção e a levou às barras do tribunal, que entre seus casos mais relevantes está o “Escândalo dos Cadernos”, a investigação de uma rede de subornos que envolvia empresários e autoridades do Cristina Kirchner (2007-2015). Em dezembro de 2019, dias antes de assumir como vice-presidente da Argentina, ela foi chamada a dar seu depoimento. Bonadio a considerava a chefe dessa quadrilha.
Bonadio investigava a ex-presidente – e atual vice – em vários processos de corrupção, mais recentemente no caso que ficou conhecido como “caderno de propinas”. Também foi o responsável por expedir um pedido de prisão preventiva contra Kirchner, que não foi executado devido ao foro privilegiado que era conferido a ela pelo cargo de senadora que ocupava na época. Kirchner acusava-o de perseguição e chegou a chamá-lo, em cadeia nacional de TV, de “pistoleiro, mafioso e chantagista”. Em seu livro autobiográfico Sinceramente, a ex-mandatária o definiu como “el sicário” (o assassino).
Bonadio era frequentemente atacado por Cristina e pelos kirchneristas — acusado pela bandidagem de ser “parcial” e praticar “lawfare” nos processos envolvendo a ex-presidente.
No total, o juiz processou Cristina Kirchner cinco vezes, abriu dezenas de inquéritos e emitiu várias vezes ordem de prisão preventiva contra a ex-presidente, que nunca foi efetivamente detida. Desde 2007, Kirchner goza de foro privilegiado: primeiro, como presidente do país; depois, como senadora; e, agora, como vice-presidente da Nação.
Sem sucesso, a ex-presidente tentou afastar Bonadio, por meio de queixas ao Conselho da Magistratura, onde o juiz acumulou cerca de 50 denúncias por mau desempenho e parcialidade. Bonadio também estava à frente da investigação do ataque terrorista à entidade judaica Amia, ocorrida em 1994. Nesse episódio, 85 pessoas morreram e cerca de 300 ficaram feridas.
O magistrado fora nomeado para o tribunal de Comodoro Py durante o governo do então presidente Carlos Menem (1989-1999), depois de ter trabalhado como secretário-adjunto de Assuntos Jurídicos e Técnicos do chefe de gabinete Carlos Corach.
Bonadio havia sido operado para a remoção de um tumor cerebral em 2019 e havia acabado de solicitar a prorrogação de sua licença até 1º de março. A aliança do ex-presidente Mauricio Macri, Juntos pela Mudança, divulgou um comunicado lamentando a morte do juiz. “É uma enorme perda para a Justiça”, afirmou a deputada Graciela Ocaña.