César Milstein, prêmio Nobel de Medicina em 1984 por suas pesquisas sobre a estrutura dos anticorpos

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Nobel de medicina argentino

César Milstein, pai dos anticorpos monoclonais

César Milstein em 1952 (Foto: Cell/Reprodução)

César Milstein em 1952 (Foto: Cell/Reprodução)

 

César Milstein (Bahía Blanca, (Argentina), 8 de outubro de 1927 – Cambridge, 24 de março de 2002)cientista argentino-britânico, prêmio Nobel de Medicina em 1984 por suas pesquisas sobre a estrutura dos anticorpos, e pelos seus trabalhos na área da imunologia

A sua descoberta esteve na origem dos atuais testes de despistagem rápidos e simples como o teste de gravidez.

Milstein ocupou, até 1995, o cargo de subdiretor do Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge, uma das mais destacadas instituições científicas do mundo.

Em 1975, com o alemão Georges Köhler (1946-1995), criou uma técnica para a produção de anticorpos que “desembocou em um aumento considerável da exploração de anticorpos por parte da ciência e da medicina”. 

Graças a esta descoberta, Milstein recebeu em 1984 o prêmio Nobel de Medicina junto com outros dois cientistas, Köhler e o dinamarquês Niels Jerne (1911-1994). 

 

César Milstein e Georges Köhler (Foto: Visionlearning/Divulgação)

César Milstein e Georges Köhler (Foto: Visionlearning/Divulgação)

 

César Milstein, considerado como um filho prodígio na Argentina mas que o “Who’s Who International” apresenta como um biólogo molecular “britânico”, nasceu a 8 de outubro de 1927 em Bahía Blanca, na Argentina, Milstein era filho de imigrantes judeus, e iniciou sua carreira de pesquisador na Universidade de Buenos Aires. “Para ambos os meus pais”, conta Milstein num pequeno texto autobiográfico publicado no sítio da Fundação Nobel (www.nobel.se), “nenhum sacrifício era grande demais para garantir que os seus três filhos (eu era o do meio) fossem à universidade. Eu não era um estudante particularmente brilhante, mas era muito ativo no sindicato de estudantes universitários e no movimento estudantil”.

À saída da Universidade de Buenos Aires, após uma licenciatura em ciências químicas, Milstein casa em 1953 com Celia Prilleltensky e juntos embarcam numa viagem de um ano, à boleia pela Europa, chegando até Israel, onde trabalham durante uns meses num “kibutz”. Quando regressam à capital argentina, Milstein começa a fazer o seu doutoramento, enquanto ambos trabalham para sobreviver. Milstein doutora-se em 1957 e, em 1958, parte com uma bolsa do British Council trabalhar no Departamento de Bioquímica da Universidade de Cambridge. Durante os anos que se seguem, começa a trabalhar com Fred Sanger (1918-2013), (Prêmio Nobel de Química em 1958 pelo seu trabalho sobre a estrutura das proteínas).

Em 1958, continuou suas pesquisas na Universidade de Cambridge graças a uma bolsa do British Council. Após concluir seu doutorado, regressou à Argentina mas em 1963 decidiu voltar à Universidade de Cambridge devido à instabilidade política que imperava em seu país. Então abandonou o estudo das enzimas, que abordou em seu doutorado, para se dedicar aos anticorpos.

Uma vez terminado o seu doutoramento, em 1960, Milstein permanece no laboratório de Sanger durante mais uns tempos e, em 1961, regressa à Argentina. Mas, por razões políticas, a sua estadia no país será de curta duração. “A perseguição política dos intelectuais e cientistas liberais”, relata Milstein no mesmo documento, “manifestava-se como uma vingança contra o diretor do instituto onde eu trabalhava. Isto obrigou-me a demitir-me”. É assim que, em 1963, Milstein regressa ao laboratório de Sanger. E, seguindo os conselhos deste, começa a interessar-se pela imunologia.

Dezanove anos depois, em 1984, Milstein — que entretanto adquirira a nacionalidade britânica — recebe o Prêmio Nobel de Medicina juntamente com o alemão Georges Köhler (seu aluno “post doc” na altura dos trabalhos premiados) e o dinamarquês Niels K. Jerne, “pelas teorias que dizem respeito à especificidade do desenvolvimento e do controlo do sistema imunitário e pela descoberta do princípio de produção dos anticorpos monoclonais”.

Foi em 1975 que Milstein e Köhler conseguiram obter, pela primeira vez, graças à hibridação “in vitro” de células cancerosas, linhagens imortais de células imunitárias, produtoras de anticorpos altamente específicos, extremamente puros, a que deram o nome de “hibridomas”.

Os anticorpos são moléculas fabricadas pelo sistema imunitário que detectam os agentes agressores que penetram no organismo, permitindo que as defesas imunitárias entrem em ação e eliminem o potencial perigo. As vacinas, por exemplo, tornam-nos imunes a determinadas doenças incitando o nosso organismo a produzir anticorpos contra os micro-organismos causadores dessas doenças.

A produção de “hibridomas” abriu o caminho ao fabrico, de forma virtualmente inesgotável, de anticorpos artificiais extremamente puros, capazes de serem utilizados para detectar, muito especificamente, um sem-fim de agentes biológicos (bactérias, vírus, etc).

Não é de estranhar que a descoberta de Milstein tenha revolucionado não só a biologia, mas também a medicina — permitindo nomeadamente o desenvolvimento de testes de diagnóstico médico simples e rápidos. Do teste de gravidez ao da infecção pelo vírus da sida, o arsenal de ferramentas de despistagem de que hoje dispomos deve a sua existência aos anticorpos monoclonais.

César Milstein morreu em 24 de março de 2002, em Cambridge na Inglaterra aos 74 anos, anunciou o laboratório de biologia molecular da Universidade de Cambridge (centro). 

“César Milstein morreu domingo 24 de março pela manhã devido a uma doença cardíaca contra a qual lutou valentemente durante longos anos”, informou o laboratório através de um comunicado publicado em sua página de internet.

“O professor Milstein dedicou a maior parte de sua carreira de pesquisador ao estudo da estrutura dos anticorpos monoclonais”, acrescentou o comunicado. 

“Cultivando uma certa distância em relação às suas próprias conquistas, o professor Milstein foi fonte de inspiração para numerosos pesquisadores em seu âmbito e dedicou boa parte de seu tempo a colaborar com pesquisadores que trabalhassem em países menos desenvolvidos”, frisou a mesma fonte. 

(Fonte: https://www.publico.pt/ciencia/noticia – CIÊNCIA – NOTÍCIA – PRÊMIO NOBEL DE MEDICINA EM 1984/ Por ANA GERSCHENFELD – 25/03/2002)

(Fonte: http://noticias.uol.com.br/inter/afp/2002/03/25 – NOTICIAS – LONDRES (AFP) – 25/03/2002)

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