Abu Abdallah Boabdil, foi o último califa da história da ocupação da Península Ibérica pelos muçulmanos

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Abu Abdallah Boabdil (Granada, 1460 – Fez, 1533), foi o 22º e último califa da história da ocupação da Península Ibérica pelos muçulmanos – ao sul da Espanha, na cidade de Granada, onde viveu tempos de glória da corte.

Sua opulenta e magnífica fortaleza da casa real de Alhambra- sediou à cinco séculos o governo de Boabdil.

Abu Abdallah Boabdil em pintura de Leonardo Da Vinci

Abu Abdallah Boabdil em pintura de Leonardo Da Vinci

Nascido em Granada em 1460 ou 1459, morreu no exílio em Marrocos, provavelmente em Fez, onde teria sido sepultado, em 1532 ou 1533.

Sucedeu ao seu pai Abu al-Hasan Ali (Mulhacén), cognominado “o Velho”, que depôs, e reinou como Maomé XII de Granada em dois períodos, o primeiro entre 1482 e 1483 (entre 1485 e 1487 o trono nasrida foi ocupado por Maomé XIII) e o segundo entre 1487 e 2 de janeiro de 1492, data em que entrega o seu reino aos Reis Católicos Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela.

Deixou um legado estético dos sete séculos de dominação islâmica na região antes que os reis católicos Fernando e Isabel banissem os árabes do território europeu, no ano de 1492.

Ficou evidenciado o refinamento da época de ouro da cultura muçulmana. Armas, moedas, peças em marfim, cerâmicas, tapetes, páginas ilustradas do Corão, livros de história e instrumentos técnicos, como o astrolábio.

Em matéria de normas, a arte islâmica não tem rival. O primeiro e o mais rígido preceito estético muçulmano, ditado pelo próprio profeta Maomé, veta a reprodução de quelquer figura humana. O que era no começo uma proibição acabou se tornando um desafio estético.

Ao proibir a representação de qualquer figura humana pelos muçulmanos, o profeta deu uma bênção a seus seguidores, provocando involuntariamente o florescimento de uma arte baseada em padrões geométricos e cromáticos jamais alcançados por outra civilização.

Menos rigorosas que os primeiros maometanos, as seitas islâmicas do século XIV já permitiam a adoção da figura humana, desde que não tivesse nenhuma relação com a religião. Tanto quanto os arquitetos, também os desenhistas se beneficiaram do domínio gráfico alcançado por seus antepassados. É o caso da antologia Hadith Bayad wa Riyad, um manuscrito ilustrado que conta a história do mercador Hadith, que encontra uma velha mágica e a transforma em sua conselheira.

Depois de se reconciliar simbolicamente com as vítimas (os judeus, cuja expulsão em 1492 foi reconhecida como um erro), os espanhóis admitiram cinco séculos depois que os antigos algozes (os mouros) deixaram no país uma herança cultural merecedora de todos os salamaleques.

De todos os tesouros, a obra por sua carga histórica, é a espada de Boabdil. Feita em aço, prata dourada, esmalte e marfim, a arma foi empunhada pelo último rei muçulmano na batalha em que os reis católicos extinguiram o domínio islâmico na região.

Despojado de sua arma e deu orgulho, Boabdil abandonou Granada na tarde de 6 de janeiro de 1492. Honrado, o califa deixou abertas as portas da cidade, para a entrada triunfal de Fernando e Isabel. No caminho em direção ao mar, do alto da colina de Alpujarras, o rei vencido desceu do cavalo para chorar.

No silêncio, ouviu-se a voz de sua mãe, Zoraya: “Não soubeste defender tudo como um homem, e agora choras como uma mulher”. Até hoje o lugar se chama “Ladeira do Choro.”

(Fonte: Veja, 3 de junho de 1992 – Edição 1 237 – ANO 25 – N° 23 – ARTE/ Por ALESSANDRO PORRO, de Granada – Pág: 156/157)

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