“A literatura não é um compartimento estanque. O contato com a música e a pintura foi fundamental para a poesia concreta e esta se interessa pelas letras de Caetano Veloso e Gilberto Gil.” Haroldo Eurico Browne de Campos (1929-2003), poeta, tradutor e erudito

0
Powered by Rock Convert

Haroldo Eurico Browne de Campos (1929-2003), poeta, tradutor, erudito e autor de vários livros publicados, citado em universidades americanas como formulador do concretismo – “sangue de português, irlandês e baiano”.

Bacharel em direito, ele concilia em São Paulo, sua especialidade (Direito Administrativo) com uma dedicação múltipla à poesia, à linguística, à tradução. Em 1956 integrou com seu irmão Augusto e o poeta Décio Pignatari o trio lançador da “Teoria da Poesia Concreta”. Na Itália ele é considerado um predecessor do ensaísta Umberto Eco, formulador da teoria da obra de arte como um convite para se completada pelo leitor.

Em Portugal lançou traduções do poeta Ezra Pound (“no Brasil, só o Ministério da Educação teve interesse em publicar uma edição limitada em 1960”). Até na Rússia seu nome foi mencionado como um dos tradutores de grandes poetas russos, como Maiakovski e Blok. E com um estudante de grego da Universidade de São Paulo Haroldo de Campos fez o poeta clássico Píndaro falar em português brasileiro, eloquente e atual.

Slogan pode ser arte – A literatura, para ele, não conhece fronteiras nem geográficas nem de gênero: “Um simples slogan publicitário pode ser poesia da melhor qualidade.” Além disso, há uma interligação crescente das artes: “A literatura não é um compartimento estanque. O contato com a música e a pintura foi fundamental para a poesia concreta e esta se interessa pelas letras de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

(Fonte: Veja, 19 de novembro de 1969 – Edição 63 – LITERATURA – Pág; 82)

Powered by Rock Convert
Share.